Ricardo Gruner
“Eu e Jon ainda conversamos, não estamos bravos um com o outro. Você nunca sabe o que pode acontecer no futuro, mas certamente não penso em voltar à banda agora.” A afirmação é de Richie Sambora, a respeito do relacionamento com o ex-companheiro Jon Bon Jovi, com quem tocou por três décadas até deixar o grupo oficialmente, em 2014. O guitarrista sobe ao palco do Pepsi On Stage (Severo Dullius, 1.995) hoje à noite para celebrar o passado e apontar o futuro de sua carreira. E vem acompanhado: no espetáculo Samsung Best of Blues, ele se apresenta ao lado da namorada, Orianthi, também guitarrista. “Quando a conheci, ela me deu a chance de tentar algo novo e esse momento está sendo especial para mim”, comemora.
A dupla prepara para o fim do ano o lançamento do primeiro disco em conjunto. Se não houver alteração, o título será Rise, e os artistas usarão suas iniciais – RSO – para assiná-lo. A fim de reforçar o time, foram convidados nomes como Darryl Jones (baixista dos Rolling Stones) e Willian Calhoun (baterista do Living Colour). Já o repertório passeia por estilos diferentes - conforme Sambora, há elementos que remetem ao pop, rock e música country. “Recém terminamos o álbum com Bob Rock, um antigo amigo meu do Bon Jovi. Amamos todos esses gêneros e nós dois contaremos boas histórias”, antecipa.
Sem confirmar se o público que for ao show desta noite vai poder escutar uma prévia do novo material, o ícone ressalta que o setlist deve agradar aos fãs de longa data. Canções marcantes de sua antiga banda e versões para clássicos do rock estão no espetáculo preparado pelo duo, que passou por São Paulo antes de vir à capital gaúcha. Wanted, dead or alive; I’ll be there for you e Livin’ on a prayer foram alguns dos hits emplacados na companhia de Jon que Richie Sambora relembrou ao vivo no fim de semana passado.
Já na lista de versões, é possível que apareçam trabalhos como Sunshine of your love, do Cream, e até When doves cry, de Prince, ou Black or white, de Michael Jackson. Tudo, claro, com espaço para os músicos exibirem toda sua técnica em riffs e solos de guitarra.
Com 57 anos completados ontem, o guitarrista era considerado por muitos a engrenagem fundamental do Bon Jovi. Foi nos intervalos de sua atividade principal que ele construiu pouco a pouco uma carreira solo. Até agora, esse percurso contempla os discos Stranger in this town (1991), Undiscovered soul (1998) e Aftermath of the lowdown (2012), dos quais saíram canções como Seven years gone e Every road leads home to you, integrantes do repertório da dupla que forma com Orianthi.
O americano e a australiana se conheceram em 2013 e vêm trabalhando juntos desde então. Aos 31 anos, ela tem uma carreira de dar inveja a muitos veteranos: participou de duas turnês mundiais como guitarrista de Alice Cooper, integrou a banda de Michael Jackson e já tocou com Santana. Além destas contribuições, por enquanto Orianthi colocou no mercado três compactos: Violet journey (2007), Believe (2009) e Heaven in this hell (2013).
Embora a guitarrista tenha em idade mais ou menos o mesmo tempo que seu companheiro tem de estrada, ele não poupa elogios à moça. E só titubeia ao ser perguntado sobre as diferenças nos estilos com que cada parte do casal compõe, arranja e sola. “Eu nunca pensei nisso, só no que temos em comum. Quando nos conhecemos e tocamos juntos pela primeira vez, em um concerto beneficente no Havaí, foi muito especial”, derrete-se Sambora.
Para a ilustrar o quanto está satisfeito com essa recente parceria, o músico recorre mais uma vez a lembranças. “O último disco que gravei com o Bon Jovi foi feito sem muito entusiasmo”, lembra ele, referindo-se a What about now (2013), o qual deu origem à turnê na qual ele foi afastado – supostamente devido a conflitos internos e excessos. “Agora eu e Ori estamos nos divertindo muito tocando e fazendo música juntos. Estou animado, e é assim que eu precisava me sentir de novo”, finaliza.