Michele Rolim
O sonho da casa própria da Terreira da Tribo, grupo que completa 38 anos em 2016, parece ainda distante. No próximo mês, faz oito anos que a Tribo conquistou junto ao poder público municipal o terreno na esquina das ruas João Alfredo e Aureliano de Figueiredo Pinto, na Cidade Baixa, cedido por comodato para construção de sua sede definitiva. No entanto, até agora, a área segue vazia, ocupada apenas por mato e servindo de moradia para desabrigados.
A prefeitura garante ter encaminhado uma solução. Segundo o secretário adjunto da Secretaria Municipal de Obras (Smov), João Pancinha, o edital de licitação para construção da sede própria será publicado em março com o valor total da obra - dado que será conhecido apenas na divulgação do edital. Pancinha relata que o novo projeto executivo e o Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU) do Centro Cultural Terreira da Tribo já foram aprovados junto à Secretaria Municipal do Urbanismo (Smurb).
A novela do centro cultural se arrasta e tem vários capítulos. As dificuldades para iniciar a obra começaram em janeiro de 2014 quando a 5S Arquitetura e Design, empresa que ganhou a primeira licitação, constatou incompatibilidades entre o projeto arquitetônico e o plano de fundações, o que inviabilizava o início da construção. O projeto original tinha cerca de 10 anos e fora doado à Terreira da Tribo pelo escritório RGS Arquitetura.
A partir daí, partiu-se para a elaboração de um novo projeto, a cargo da Divisão de Projetos Prediais (DPP) da Smov e assinado pelos arquitetos Flávia Ferreira Haase, Jorge Freitas Borges, Débora Postingher e Daniela Taglieber Sperb. O futuro centro cultural terá três pavimentos e um mezanino, com 25 vagas de estacionamento. A área do terreno é de 1.297,59 metros quatros, com uma área total a ser construída de 1.703,42 metros quadrados. O espaço será administrado pela Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz.
Em maio de 2014, a Secretaria Municipal da Cultura (SMC) informou que os entraves estavam resolvidos e que o projeto contava com verba de R$ 1,4 milhão aportada pelo Ministério da Cultura (MinC). Mas ainda havia dificuldades: faltava R$ 1 milhão para garantir a conclusão da obra e o terreno estava ocupado por moradores de rua, posteriormente retirados em uma ação da prefeitura considerada irregular pelo Ministério Público Estadual.
A atuadora Tânia Farias, que integra o Ói Nóis desde 1993, espera que a obra realmente comece neste ano. "Com a nova licitação, a Terreira não será um elefante branco, não vai construir uma parte e depois não consegue dinheiro de lugar nenhum para terminar. Uma vez licitado, a prefeitura terá que prover o que falta para finalizar a obra", afirma ela. Atualmente, o grupo utiliza um prédio alugado na rua Santos Dumont, 1.186, no bairro São Geraldo - mas já teve outros dois endereços, nas ruas José do Patrocínio e Ramiro Barcelos.
Em nota, a Secretaria de Cultura informa que "a verba (R$ 1,4 milhão) oriunda do MinC está garantida até o primeiro semestre deste ano. De parte da prefeitura está sendo desenvolvido todo o trabalho possível para garantir o término dos projetos e a verba". É ver para crer.