Retuíte essa mensagem e concorra a um ingresso para o cinema; curta a nossa página no Facebook e participe do sorteio de um computador ou de um ingresso para a balada.
Não são poucas as empresas que apostam nas promoções para aumentar a sua base de seguidores e fãs nas redes sociais. Basta estar em sites como Facebook e Twitter para constatar isso.
O que poucos sabem é que a maioria dessas ações não poderia estar sendo feita da forma como geralmente acontecem. Para evitar consequências mais graves, como até mesmo o banimento de uma rede social, os especialistas são unânimes em afirmar que é preciso entender as normas de cada site.
Só para início da conversa, sorteios necessariamente precisam ser submetidos à aprovação da Caixa Econômica Federal. Uma alternativa é realizar um “concurso cultural” sem uso da sorte como critério de promoção.
No caso se sorteios registrados, é possível usar aplicativos específicos para as promoções online, caso do Sorteie.me e do Easypromos. Mas nem todas as agências consideram essa uma boa alternativa, já que esses aplicativos de terceiros precisariam ser auditados no final da promoção, o que nem sempre será possível.
Já as regras do Facebook, que podem ser conferidas no endereço
www.facebook.com/promotions_guidelines.php, permitem que as marcas façam promoções exclusivas para fãs. Mas, o “Like” por si só não pode ser considerado como uma inscrição. Além disso, a ação não pode ser feita na Timeline da marca e, sim, em um aplicativo separado. Foi o que fez a W3Haus recentemente.
A agência digital desenvolveu um aplicativo que, depois de autorizado pelos usuários, os levava a concorrer a uma viagem para destino desconhecido com mais três amigos. Feita para a Lacta, a campanha “Rumo Incerto” fez saltar de 67 mil para mais de 500 mil o número de fãs na página da empresa em apenas um mês.
Para não fugir das regras, os profissionais da empresa tiveram que imprimir os 400 mil cupons enviados pelos internautas e fizeram um sorteio manual, na presença de uma auditora da Caixa. “É estranho, mas é o que se pode fazer. Ainda temos quilos de papéis na agência, pois somos obrigados a guardar isso por cinco anos”, diz o sócio e VP de Inovação da W3Haus, Alessandro Cauduro.
Ele relembra que a agência, que trabalha com grandes marcas, já chegou a ir até Brasília para conversar com a Caixa Econômica Federal e entender o que pode e o que não pode ser feito nesse ambiente online.
Regras específicas também devem ser aplicadas nas campanhas realizadas no Twitter. Não é permitido, por exemplo, fazer um sorteio dizendo que “as dez primeiras pessoas que retuitarem determinado texto ganharão um ingresso de cinema”.
Até porque as empresas não teriam como comprovar que a escolha é fiel ao que realmente aconteceu. Uma alternativa é anunciar que todos que retuitarem uma mensagem em determinado período de tempo ganharão o brinde. Porém, é preciso estar preparado para atender todos que o fizerem.
Um exemplo de ação que acabou reverberando negativamente nas redes sociais, possivelmente porque foi mal dimensionada, foi a “chuva de Twix” prometida pela Mars Brasil.
A marca de chocolate criou uma ação na internet em que convidava os usuários a irem até um estacionamento na avenida Paulista onde ocorreria uma chuva de chocolates. Tudo com dia e hora marcada.
Depois da ação, as pessoas reclamaram da dificuldade para chegar até o local, dos papéis picados jogados junto com os chocolates e da quantidade de tabletes oferecidos. “A rede social tem um grande potencial de multiplicação, e erros de avaliação também terão o risco para a marca multiplicado”, diz o sócio-diretor da Divex, Ricardo de Bem.
Engajamento com a marca é a palavra-chave para empresas
Que as pessoas gostam de sorteios e promoções na web não resta dúvida. Prova disso é uma estimativa do portal E-commerce News, que aponta que 50% dos usuários de internet no Brasil participam de algum tipo de promoção pelo menos uma vez no mês.
O que as companhias precisam ter cada vez mais claro é se elas desejam aumentar o número de seguidores ou o engajamento das pessoas com as suas marcas. Se a meta foi esse último caso, o conselho é claro: fuja dos caçadores de promoções.
Para o CEO da Agência Mentes Digitais, André Telles, não é o número de fãs ou seguidores que indica o envolvimento das pessoas com a marca e, sim, os comentários, retuitadas e “curtidas” feitos. “As marcas podem ter milhões de seguidores, mas um percentual de 0,03% de engajamento”, revela.
Telles comenta que o crescimento do número de seguidores, geralmente, é resultado de um trabalho conjunto de gestão das marcas nas mídias sociais com os anúncios pagos nesses próprios sites. Já para estimular o engajamento, a saída é tentar entender o que pode agregar o valor os usuários e desenvolver ações planejadas e focadas em produção de conteúdo. “Temos desde empresas fazendo ações bem criativas e inovadoras até as que fazem promoções no estilo dê um RT e ganhe um pirulito”, brinca Telles. As empresas podem fazer isso através da sua equipe interna ou contratar uma agencia especializada.
O engajamento das pessoas com a marca é muito mais importante que a quantidade de seguidores ou fãs, acredita o sócio e VP de Inovação da W3Haus, Alessandro Cauduro. “Não adianta ter 5 milhões de pessoas se elas não têm nada a ver com a marca, e que estão ali apenas para ganhar prêmio”, comenta.