A assinatura de um termo de cooperação nesta quinta-feira em Porto
Alegre deu a largada para o início de uma série de investimentos
calculados em R$ 270 milhões para a modernização da hidrovia
Uruguai-Brasil. O documento firmado pelo secretário de Infraestrutura e
Logística do Estado (Seinfra), Beto Albuquerque, e o diretor de
Infraestrutura Aquaviária do Departamento Nacional de Infraestrutura e
Transporte (Dnit), Adão Proença, inicia a gestão conjunta entre as
esferas estadual e federal por meio da Administração de Hidrovias do Sul
– AHSUL e a Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH).
A
parceria começa com a liberação de R$ 12 milhões, de um total de R$ 34
milhões previstos para a recuperação do parque de máquinas da SPH, a
dragagem, a sinalização e o balizamento dos rios Jacuí, Taquari,
Gravataí, Sinos, Caí, lago Guaíba, Lagoa dos Patos, Lagoa Mirim e Rio
Jaguarão.
A medida, conforme destaca Beto Albuquerque, permitirá
a navegação noturna ao longo de todo o trajeto hidroviário até 2013.
Atualmente, por questões de segurança, determinados tipos de cargas só
podem percorrer a rota durante o dia. Com isso, a capacidade passará dos
atuais 6 milhões de toneladas para 17,5 milhões ao ano em 2017. “As
dragas não serão mais da SPH, mas sim das hidrovias gaúchas, seja na
parte que até ontem era administrada pelo governo federal, ou no que era
de responsabilidade do Estado”, esclarece.
O diretor de
Infraestrutura Aquaviária do Dnit explica que o termo de cooperação
promove a gestão conjunta dos recursos federais através do
aproveitamento dos conhecimentos técnicos do Estado. Segundo ele, até
2014, serão aportados R$ 48 milhões no Rio Grande do Sul, além dos R$
735 milhões projetados pelo Plano Nacional de Desenvolvimento
Hidroviário (PNDH) até 2025. “O investimento será em toda a extensão da
hidrovia que passa a ter uma gestão compartilhada única. A recuperação
da matriz hidroviária contempla uma série de itens e o novo modelo de
gestão facilita a viabilidade dos recursos”, destaca Proença.
A
reestruturação ainda prevê a construção de terminais de contêineres em
Estrela, Porto Alegre e Rio Grande, dedicados à navegação interior. O
secretário de Infraestrutura afirma que novos terminais devem surgir ao
longo da hidrovia. “Diante de empreendedores concretos, vamos discutir
as alternativas. Não podemos cometer os erros do passado, quando foram
feitos terminais sem a prospecção de empreendedores nas regiões”,
defende. Segundo Beto Albuquerque, a ideia é estar atento às exigências
de mercado. Ele garante que toda a proposta da iniciativa privada será
tratada com prioridade pela Seinfra.
Secretaria de
Infraestrutura acredita que trajeto pode atrair o transporte de
passageiros
O secretário de Infraestrutura e Logística de
Infraestrutura e Logística (Seinfra) do Estado, Beto Albuquerque,
acredita que os investimentos em melhorias na hidrovia gaúcha abram os
caminhos para o transporte de passageiros no trajeto. Segundo ele, além
de aumentar a competitividade logística nos setores produtivos, a
reestruturação da malha inaugura um potencial turístico para a Copa de
2014. A expectativa é atrair rotas de navios-hotéis que possam
desembarcar em Porto Alegre.
“Temos um projeto para isso,
encaixado dentro da utilização dos recursos disponíveis. A Lagoa dos
Patos é desconhecida de todos os gaúchos, e o potencial turístico da
região é inegável. Poucos são os que navegam pela lagoa, com exceção de
navios comerciais de cargas. No bojo da atividade econômica, há o espaço
para o agregado turístico”, revela.
Mesmo sem destacar as
embarcações tripuladas, o secretário ressalta que o foco prioritário
está na navegação comercial. O objetivo, ressalta, é dar condições de
competitividade e facilitar a redução de custos de transportes aos mais
variados segmentos. Ele não descarta a possibilidade de empreendimentos
nos modelos das Parcerias Público-Privadas (PPP) ao longo do percurso.
“Realizamos
estudos que repetem o óbvio. Temos o que muitos países gostariam de ter
e utilizamos muito pouco deste potencial. A dinamização da gestão da
administração da hidrovia serve como um atrativo para a abertura de
novas operações portuárias”, assegura.
Entre os retornos de
curto prazo, o secretário destaca que 100% do Parque de Dragagem da SPH
estará reformado e operando em toda a malha hidroviária do Rio Grande do
Sul até o final do ano. De acordo com Beto Albuquerque, o principal
benefício será aproveitado pelos empresários gaúchos, que terão
vantagens competitivas com a utilização da hidrovia, a partir da
estruturação de um plano logístico.