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Fórum Social Temático

- Publicada em 30 de Janeiro de 2012 às 00:00

Movimento Ocupa POA quer ‘democratizar a democracia’


MARCO QUINTANA/JC
Jornal do Comércio
A Praça da Matriz, no centro da Capital, emoldurada pelos três Poderes do Estado - Executivo, Legislativo e Judiciário - abrigou movimentos emblemáticos ao longo de sua história. A aglomeração em torno do Palácio Piratini, em 1961, na Legalidade; os professores estaduais, suas sinetas e barracas, nos 90 dias de greve em 1987; a batalha entre policiais militares e integrantes do MST, na desocupação forçada, em 1990; e muitos outros episódios em que o povo tomou a praça.
A Praça da Matriz, no centro da Capital, emoldurada pelos três Poderes do Estado - Executivo, Legislativo e Judiciário - abrigou movimentos emblemáticos ao longo de sua história. A aglomeração em torno do Palácio Piratini, em 1961, na Legalidade; os professores estaduais, suas sinetas e barracas, nos 90 dias de greve em 1987; a batalha entre policiais militares e integrantes do MST, na desocupação forçada, em 1990; e muitos outros episódios em que o povo tomou a praça.
Agora, recebe um movimento que demarca uma nova forma de ação, organizada em rede, especialmente a partir da internet. É o Ocupa POA. Já são 41 dias de protesto. “Queremos mudar a democracia, mas também lutamos contra o novo Código Florestal; as grandes hidrelétricas, como Belo Monte; o fechamento dos espaços públicos para os artistas de rua, como está acontecendo em Porto Alegre. Vamos diversificando nosso foco de acordo com os acontecimentos”, explica a historiadora e arte-educadora Núbia Quintana, 33 anos.
Na onda da chamada Primavera Árabe, e, até certo ponto, derivados das manifestações antiglobalização, pipocaram em várias cidades do mundo, no final do ano passado, movimentos de ocupação dos espaços públicos.
Com o lema “Nós somos 99%”, Occupy Wall Street, em Nova Iorque, foi a primeira iniciativa com ampla repercussão no Ocidente, neste formato, a criticar o capitalismo e a política. Internacionalizado, ativistas em muitas cidades brasileiras passaram a integrar o movimento, agindo localmente.
O Ocupa POA nasceu logo após o movimento 15 (referente a 15 de outubro de 2011), quando se realizaram, de forma articulada, manifestações em prol de uma “democracia real” em 82 países, incluindo o Brasil, onde o ato aconteceu em 42 cidades.
A gênese e o objetivo principal do Ocupa POA são os mesmos do 15.O. Mas o grupo de aproximadamente 30 pessoas acampadas na Praça da Matriz - parte delas instaladas no local desde 20 de dezembro - considera-se um contraponto ao movimento de outubro.
“Eu fui a uma reunião preparatória para o 15.O, (na primeira quinzena de outubro) mas vi que era dominado por partidos e desisti de participar”, diz o educador Eduardo Freire, 43 anos, em meio às árvores da praça, ao lado de um cartaz com a frase “Vamos Democratizar a Democracia”.
“É possível uma democracia sem partidos”, defende o professor. “Se a gente não pensar em utopias, em quebra de paradigmas, não há avanço histórico. A capacidade humana de inventar sistemas e formas de viver não acabou; a história não acabou”, complementa, pedindo, em seguida, para a reportagem do Jornal do Comércio evitar fazer fotos individuais. Freire explica que o movimento é horizontal e não tem lideranças; “é coletivo e autogestionário”.

Diferentes realidades por um mesmo propósito

O acampamento foi estruturado com uma lona central de aproximadamente 3mx5m e oito barracas com capacidade para pelo menos quatro pessoas. O número de acampados é variável, e, em alguns dias, chega a menos de dez. Muitos são estudantes. Alguns trabalham durante o dia e só vêm à noite, outros fazem o contrário, relata o biólogo Luiz Porcher, 22 anos.
Há quem venha de outras cidades, inclusive estrangeiros, que passam alguns dias e seguem viagem. Até ontem, havia pessoas que chegaram para participar do Fórum Social Temático e se instalaram no local.
É o caso do músico e malabarista argentino Miguel Elizalde, 26 anos, há quatro meses viajando pelo Brasil. “Estive em outros ‘ocupas’; sabia que havia o Ocupa POA; tinha decidido ficar em Porto Alegre até o final do Fórum, mas resolvi ficar mais um mês”, relata o argentino, confessando estar com muita saudade da filha de 6 anos.
É o terceiro acampamento do grupo. O primeiro foi de 11 a 13 de novembro no Largo Glênio Peres. O segundo já foi na Praça da Matriz, entre os dias 9 e 12 de dezembro, para marcar os 63 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Pelos menos três vezes por semana, o grupo realiza assembleias para tomar decisões em conjunto, “sempre por consenso”, destaca o biólogo. Desde a organização do acampamento, até a agenda de atividades, como oficinas e debates, é construída coletivamente. “Queremos provar que é possível viver em comunidade”, observa Freire.
Os alimentos são comprados com o dinheiro depositado por todos, conforme a disponibilidade financeira de cada um, em uma “caixinha”. “Enquanto está funcionando vamos ficando”, diz Freire, ao mesmo tempo em que parte do grupo prepara a refeição.
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