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conjuntura

- Publicada em 07 de Novembro de 2011 às 00:00

Hora de retomar o desenvolvimento


ANA PAULA APRATO/JC
Jornal do Comércio
O Rio Grande do Sul é hoje o 6º colocado no ranking do Índice Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) de Desenvolvimento Municipal (IFDM), que analisa a evolução socioeconômica dos municípios brasileiros com base em informações oficiais de 2009. O diagnóstico aponta recuo do Rio Grande do Sul de 0,7% entre 2008 e 2009 - e crescimento de 20,8% entre 2000, primeiro ano do estudo, e 2009. Os dados servem de alerta: segundo a pesquisa, o Estado gaúcho está entre as seis unidades da Federação de menor crescimento na década.
O Rio Grande do Sul é hoje o 6º colocado no ranking do Índice Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) de Desenvolvimento Municipal (IFDM), que analisa a evolução socioeconômica dos municípios brasileiros com base em informações oficiais de 2009. O diagnóstico aponta recuo do Rio Grande do Sul de 0,7% entre 2008 e 2009 - e crescimento de 20,8% entre 2000, primeiro ano do estudo, e 2009. Os dados servem de alerta: segundo a pesquisa, o Estado gaúcho está entre as seis unidades da Federação de menor crescimento na década.
O índice, que leva em conta os fatores de educação, saúde e emprego e renda, apontou que o vetor desse resultado na realidade gaúcha é a retração de 5,34% em emprego e renda no biênio 2008-2009, o que o posiciona em 5º lugar neste quesito. Nesse período, o Estado registrou queda de 7,2% da produção industrial e redução no ritmo de contratações de 90 mil para 64,2 mil empregos.
A saúde gaúcha, apesar do leve aumento de 0,6% (3º lugar no ranking nacional), carrega o histórico de alto grau de desenvolvimento, mantendo 96,3% dos municípios no nível moderado a alto (veja quadro ao lado) e aumentando as notas de 90,1% deles entre 2000 e 2009. Com a retomada da industrialização nos últimos anos, falta à vertente mais frágil do Estado, a educação - que teve crescimento de 3% no período, ficando em 5º no País -, melhorar sua participação no cálculo final e, por consequência, a classificação do Rio Grande do Sul, considerado de desenvolvimento moderado com 0,7852 pontos.
Alguns dos responsáveis por manter o Estado no topo do ranking (em 6º, após São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Minas Gerais, nessa ordem) são as cidades de Bento Gonçalves, Farroupilha e Lajeado, as únicas três gaúchas entre as cem mais desenvolvidas do Brasil. Em comum, elas têm a queda na empregabilidade, mas crescimento em educação e saúde. As últimas colocadas, Barra do Quaraí, Pedras Altas e
São Valério do Sul, apesar de saúde moderada, têm grau ainda mais baixo de emprego e renda.
Porto Alegre ficou em 11º entre as capitais, recuando os mesmos 0,7% em relação ao ano anterior, mas com acréscimo de 16,9% na variação da década, e manteve altas as variáveis de saúde e emprego e renda.
Levando em consideração o dinamismo das variáveis analisadas pelo estudo, o decréscimo do Rio Grande do Sul indica uma economia menos dinâmica do Estado na década, avalia o professor do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), especialista em Economia Urbana e Regional, Pedro Bandeira. Além disso, afirma, emprego e renda estão mais propícios a mudanças conjunturais, enquanto educação e saúde são mais estruturais e, por isso, exigem maior tempo para sofrer alterações. "Não esperaria mudanças muito dramáticas (na educação) de um ano para outro. Não são fatores que se alteram tão rapidamente", salienta.
O que é o estudo
O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) acompanha o desenvolvimento socioeconômico brasileiro por meio de dados oficiais de todos os 5.564 municípios. O índice varia de 0 a 1, sendo 1 o maior grau de desenvolvimento, o que possibilita determinar se a melhora relativa da localidade decorre da adoção de políticas específicas ou se o resultado é apenas reflexo da queda das demais cidades. Para a medição, são consideradas as seguintes variáveis a partir de dados do governo federal:
• Emprego e Renda: geração, estoque e salários médios de emprego formal
• Educação: taxas de matrícula na educação infantil, de abandono e de distorção idade-série, percentual de docentes com ensino superior, média de horas-aula diárias e resultado do IDEB
• Saúde: número de consultas pré-natal, óbitos por causas mal definidas e óbitos infantis por causas evitáveis
Pontuação
• Baixo - menor que 0,4
• Regular - entre 0,4 e 0,6
• Moderado - entre 0,6 e 0,8
• Alto - maior que 0,8

Bento Gonçalves avança e aposta em projetos em diversas áreas

Depender das variações conjunturais não faz parte de um desenvolvimento sustentável, na visão do prefeito de Bento Gonçalves, Roberto Lunelli, que assumiu a administração em 2009. Primeiro colocado no ranking gaúcho e 27ª no nacional, o polo moveleiro e metalmecânico apostou em bons projetos para subir uma posição no ranking estadual. "Mantemos a saúde financeira bem equilibrada, o que é importante para a captação de recursos aos projetos", explica. No ano passado, a cidade captou mais em projetos (R$ 250 milhões) do que o próprio orçamento (R$ 240 milhões). Somente para o saneamento, um dos principais problemas, foram captados R$ 180 milhões para dois grandes projetos.
Município que mais investiu em educação no ano passado, o prefeito afirma que esse é o ponto essencial para um efeito "bola de neve", que, com capacitações e cursos, garantiu também o aumento de emprego e renda. Para os resultados de longo prazo, a cidade investiu em educação básica. A menina dos olhos da prefeitura é o repasse mensal de recursos para as escolas, de forma que façam a sua gestão financeira, além do sistema de aperfeiçoamento, em que periodicamente os docentes são convidados a participar de cursos. Conforme Lunelli, os efeitos da crise de 2008 foram amenizados graças à diversificação de setores do município, dentre os quais ele destaca o turismo e a agricultura, além do incentivo ao microempreendedor individual - atualmente, 1% da população economicamente ativa tem CNPJ.
Barão do Triunfo, há 19 anos emancipado de São Jerônimo, atribui o desenvolvimento equilibrado entre 2000 e 2009, que lhe garantiu primeiro lugar na variação do índice no Estado (56,6%), ao investimento em infraestrutura. Em saúde, área em que a cidade passou de 0,5684 (baixo) para 0,9270 (alto), a prefeitura investe 27% da verba anual. No ano passado, foi implantado o Programa Saúde da Família, que desde a emancipação vem facilitando o acesso dos moradores do interior, a 40 quilômetros do centro.
O transporte municipal também impulsionou a educação. Veículos do poder público garantiram o ensino universitário a todos os professores nos últimos dez anos, em faculdades de Camaquã, Canoas e São Jerônimo, além de garantir, conforme o prefeito, Odone Kloppemburg, uma evasão escolar irrisória e um aumento de 49,3% na variável. "Não deixamos uma criança fora da sala de aula, porque o transporte está em todos os cantos da cidade", afirma. Para o prefeito, o caráter agrícola do município e a boa safra do fumo nos últimos anos, principal cultura de Barão do Triunfo, foram os responsáveis pelo aumento de 54,5% no índice de emprego e renda. "Todas as famílias estão envolvidas com fumo, e por isso têm emprego garantido", sentencia.

Município com a maior queda quer voltar a crescer

A cidade gaúcha de maior variação negativa na década (2000-2009) afirma ter retomado o crescimento já em 2009 com a reconstituição da sua indústria. Isso porque o município calçadista de Sapiranga, na Região Metropolitana, responsabiliza a queda de 61,1% em emprego e renda à crise que afetou os calçados brasileiros na época, puxando o decréscimo no índice geral de 17,7% e no da saúde, de 15,6%, os maiores do Estado.
A prefeitura argumenta que, embora o crescimento em 2009 tenha sido de -1,76%, o salto em 2010 foi para 16,79%. Neste ano, a previsão é de aumento na receita de 2%. "O que está puxando para baixo são os anos de 2004 a 2006", defende o prefeito Nelson Spolaor. Conforme o economista da FEE, Bruno Caldas, 2004 pode ter representado o início de um declínio para o setor, pois foi o ano de aumento da participação da China no produto e da valorização do real frente ao dólar, diminuindo a competitividade do Brasil. Em 2009, a queda foi de 4,51% somente nos empregos da indústria da cidade. Em 2010, no entanto, a recuperação desenhou um cenário de crescimento de 11,56% de empregos totais e 4,18% em industriais. "Estamos num período de pleno emprego, em que temos veículos na rua chamando as pessoas para trabalhar", conta o prefeito. Conforme ele, a crise foi contornada com o redirecionamento da produção para o mercado interno. Atualmente, afirma, há carência de mão de obra no município.
Captador das variações conjunturais, a empregabilidade e a renda dos cidadãos refletiu nas demais variáveis. No quesito saúde, o prefeito argumenta que, já em 2009, os investimentos tiveram melhora significativa, cuja amostragem está na mortalidade infantil. Do total de 14,8 óbitos por mil nascidos em 2006 - quando a média era de 11 por mil no Estado - o município tem hoje esse índice em 7,33 por mil. Nos últimos dois anos, a prefeitura constituiu o núcleo do acompanhamento à gestante e ao recém-nascido e implementou o Programa Saúde da Família e o Primeira Infância Melhor, além de programas de saúde preventiva.
Na educação, conforme a prefeitura, Sapiranga diminuiu a evasão escolar de 25% em 2005 para 5% em 2010 e aumentou o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Nos últimos anos, de acordo com o prefeito, a cidade foi reconhecida pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) como o município que mais investe em educação básica no Estado. "Também fomos premiados em 2008 pelo Ministério da Educação pelo projeto Esporte, Lazer e Cidadania, em que 7,5 mil crianças têm atividades em contraturno escolar", acrescenta.
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