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Construção Civil

- Publicada em 04 de Novembro de 2011 às 00:00

Moradores do Cristal rejeitam assentamentos


ANA PAULA APRATO/JC
Jornal do Comércio
Moradores do bairro Cristal, zona Sul de Porto Alegre, reclamam que os assentamentos de famílias das áreas de invasão do Complexo da Tronco rebaixarão o valor de seus imóveis. O comitê criado pelos residentes da região reclama que não foi ouvido pela prefeitura sobre o destino dos grupos e que existem alternativas de áreas para erguer as moradias populares. Alguns terrenos desapropriados já teriam empreendimentos residenciais projetados. Dezoito dos 40 terrenos desapropriados para as edificações estão no Cristal.
Moradores do bairro Cristal, zona Sul de Porto Alegre, reclamam que os assentamentos de famílias das áreas de invasão do Complexo da Tronco rebaixarão o valor de seus imóveis. O comitê criado pelos residentes da região reclama que não foi ouvido pela prefeitura sobre o destino dos grupos e que existem alternativas de áreas para erguer as moradias populares. Alguns terrenos desapropriados já teriam empreendimentos residenciais projetados. Dezoito dos 40 terrenos desapropriados para as edificações estão no Cristal.
Outdoors chegaram a ser custeados pelo grupo para combater o que foi chamado de "desapropriações no coração do Cristal". Os materiais ficaram expostos por 15 dias, em pontos de grande visibilidade na região. "Não ao autoritarismo da prefeitura" foi uma das frases estampadas. Desde que o BarraShoppingSul foi erguido no bairro, os imóveis passaram a ser mais valorizados. "Tudo que ganhamos em preço vamos perder se os imóveis forem feitos aqui", argumentou o aposentado Lauro Rossler, do Comitê Permanente dos Moradores do bairro Cristal. A atriz e professora de teatro da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Sandra Dany esclarece que o movimento não é contra as famílias que já ocupam vilas, vizinhas ao bairro.
Uma declaração do prefeito José Fortunati indicando que a "classe média" estaria pensando pequeno ao não aceitar os assentamentos causou mal-estar. "Quem pensa pequeno é a prefeitura, que fez um processo defeituoso e sem planejamento, alijando parte da população que paga impostos e ajudou a qualificar o bairro", devolveu a atriz. O economista Erasmo Souza, também do grupo, lamenta que a escolha das áreas tenha sido feita sem avaliação do impacto e da condição de cada uma. "Muitos terrenos já tinham projetos. Também não estão vendo o impacto para o ambiente e a mobilidade", reclama Souza. Desde julho, ao saber das áreas, o comitê, que diz representar 30 mil habitantes, mantém encontros com secretarias para reverter o plano de construções que serão feitas dentro do Minha Casa, Minha Vida.
O engenheiro civil e sócio da P&M Nelson Prauchner alega que tinha projeto imobiliário para um dos dois terrenos seus desapropriados e que ficam na rua Comandaí. "Tenho empreendimento previsto há quatro anos, aprovado na prefeitura. Só não saiu porque dependia da doação de parte da área para alargamento da rua", conta, que ainda acalenta a meta de erguer os 24 apartamentos avaliados entre R$ 450 mil e R$ 750 mil. "O terreno vale R$ 1,3 milhão e a prefeitura avaliou em R$ 350 mil. Mas não é o valor que importa, mas o impacto das moradias de baixa renda nas áreas nobres que ainda restam no bairro", contrapõe o engenheiro, que tenta na Justiça protelar a venda.
A forte reação começou a dar resultado. O secretário municipal de Gestão e Acompanhamento Estratégico, Urbano Schmitt, garantiu que já estão em análise terrenos alternativos. Um deles fica na rua Jacuí, que já teria um parecer favorável do Departamento Municipal de Habitação. "Ficamos focados na solução para a retirada das famílias. Não esperávamos a discordância. Eles já são vizinhos", defende-se Schmitt, lembrando que 431 das 1.474 famílias que deixarão áreas para a obra estão no Cristal. O local com maior número de habitações é a vila da Divisa. "Muitas famílias estão ali há 40 anos. Mudança sempre gera alguma oposição", diz o secretário.

Grupo RS diz que residências impressionarão classe média

O diretor da Died Participações, do Grupo RS, oriundo da Espanha, o arquiteto gaúcho Silvio Ribeiro Junior, acredita que combinar imóveis para faixas de renda mais baixa e média nos empreendimentos para o Complexo da Tronco mudará o pensamento da classe média. Ribeiro já travou conversas com moradores do bairro Santa Tereza, que chegaram a oferecer outras áreas para evitar a construção em terrenos já definidos e nos quais a empresa pretende erguer torres de oito pavimentos, somando até 800 unidades.
O modelo prevê churrasqueira, elevadores e lojas no térreo. Os imóveis para a renda até três salários-mínimos têm dimensões acima das previstas no programa federal. O grupo venceu a disputa pública do Demhab para três áreas situadas entre a Grande Cruzeiro e o Morro Santa Tereza, localizadas nas ruas Banco da Província, Mutualidade e Santa Cruz. "Vamos acabar com guetos e fazer a melhor moradia de zero a três salários-mínimos do País", promete Ribeiro. Mas a empresa depende ainda do aval da Comissão de Análise e Aprovação da Demanda Habitacional Prioritária (CAADHAP). A coordenadora da comissão, Rosane Zottis, informou que o projeto não chegou a ser examinado nesta quinta-feira, apesar da expectativa dos construtores.
O Grupo RS pertence ao empresário espanhol Ramón Salvador. Desde o começo do ano, ele avalia negócios no Estado. A empresa usará um sistema construtivo com moldes metálicos, bastante pulverizado na Europa, e que acelera a execução. O tempo pode cair de 18 para seis meses.
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