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Mercosul

- Publicada em 27 de Outubro de 2011 às 00:00

Inércia política impede fim de barreira argentina


FREDY VIEIRA/JC
Jornal do Comércio
A falta de vontade política continua sendo o grande entrave para o funcionamento do comércio entre o Brasil e a Argentina, apontou ontem a coordenadora do Centro do Comércio Global e Investimento da Fundação Getulio Vargas (FGV/SP), Vera Thorstensen, durante o Seminário sobre Desenvolvimento e Mudança Global na Perspectiva das Relações entre Mercosul e União Europeia, na Faculdade de Economia da Ufrgs. Para a consultora externa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Sandra Rios, o governo brasileiro precisa assumir uma postura mais dura nas negociações com a Argentina.
A falta de vontade política continua sendo o grande entrave para o funcionamento do comércio entre o Brasil e a Argentina, apontou ontem a coordenadora do Centro do Comércio Global e Investimento da Fundação Getulio Vargas (FGV/SP), Vera Thorstensen, durante o Seminário sobre Desenvolvimento e Mudança Global na Perspectiva das Relações entre Mercosul e União Europeia, na Faculdade de Economia da Ufrgs. Para a consultora externa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Sandra Rios, o governo brasileiro precisa assumir uma postura mais dura nas negociações com a Argentina.
Segundo ela, o papel do Brasil no Mercosul deveria ser, assim como nas demais relações com os países sul-americanos, o de exportador de regras, de disciplina. "É preciso convencer os países a aderirem aos compromissos que já foram negociados. Mas, para isso, o País precisa se dar conta de que nós também temos que assumir nossos compromissos", indicou.
A consultora da CNI detalhou que, com base em um levantamento feito no ano passado sobre as prioridades da indústria brasileira, o cenário esperado para os próximos anos é de um recrudescimento do protecionismo e da crescente dificuldade para concluir negociações comerciais, o que torna ainda mais relevante o posicionamento do País como liderança regional e a defesa rigorosa dos interesses nacionais. Sandra afirma, ainda, que não espera nenhum avanço significativo das três próximas rodadas de negociação entre o Mercosul e a União Europeia (que devem acontecer em novembro deste ano e em março e julho de 2012). "Nos dois lados há a percepção de que o ambiente político e o econômico não são favoráveis à conclusão do acordo. As reuniões acontecem porque o calendário já estava estabelecido, mas há uma redução no ritmo das negociações", disse.
Já a economista da FGV ponderou que as más relações com a Argentina (que insiste em dificultar o ingresso de produtos brasileiros e afeta cadeias importantes do Rio Grande do Sul, como calçados e móveis) podem interferir negativamente nas negociações com a União Europeia. "A comunidade internacional está atenta ao que acontece aqui e essa situação somada à crise deve travar o interesse do Mercosul e da UE de fazer um acordo centrado em comércio. Uma saída seria não trabalhar só o comércio, mas mexer com a regulação e com tudo o que afeta o comércio, como as barreiras técnicas e fitossanitárias, que hoje têm mais peso que a taxação das importações. O câmbio também não ajuda nessa negociação", avaliou.
Para Vera, apenas a integração das linhas de produção poderá superar os problemas políticos. "O Brasil deveria importar mais e os setores precisam se organizar para integrar as cadeias produtivas. Isso é uma coisa que ainda assusta os empresários brasileiros, que querem insistentemente enviar apenas produtos acabados, mas os países tinham que sentar e integrar as cadeias, produzir uma parte aqui e outra lá. No Mercosul, vivemos 10 anos de grande desenvolvimento e, na última década, o bloco vem minguando. Se continuarmos nessa briga, não vamos resolver nada."
Frederico Behrends, coordenador do grupo de negociações internacionais da Fiergs, afirmou que o momento representa uma oportunidade para que os blocos fixem as normativas do acordo. Ou seja, para que sejam estabelecidas regras consensuais para questões como o acesso a mercados, regras de origem, solução de controvérsias e barreiras técnicas e fitossanitárias.
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