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Copa 2014

- Publicada em 03 de Outubro de 2011 às 00:00

Contrato para obra no Beira-Rio deve ficar definido hoje


GABRIELA DI BELLA/JC
Jornal do Comércio
O clima de incertezas que marca nas últimas semanas as negociações entre o Internacional e a construtora Andrade Gutierrez para a reforma do Beira-Rio, estádio sede da Copa do Mundo de 2014 em Porto Alegre, deve ter definições a partir desta segunda-feira. Os dirigentes colorados esperam que a Andrade Gutierrez poste hoje em seus e-mails a minuta do contrato a ser assinado entre as duas organizações. O arquivo já deveria ter aportado na sexta-feira, conforme promessa dos advogados da própria empresa. A indefinição de um parceiro financeiro para compor a Sociedade de Propósito Específico (SPE), personalidade jurídica a ser criada para firmar o acordo com o clube e acessar um financiamento no Bndes, explica a demora no desfecho entre as partes. O valor da obra foi divulgado em R$ 290 milhões.
O clima de incertezas que marca nas últimas semanas as negociações entre o Internacional e a construtora Andrade Gutierrez para a reforma do Beira-Rio, estádio sede da Copa do Mundo de 2014 em Porto Alegre, deve ter definições a partir desta segunda-feira. Os dirigentes colorados esperam que a Andrade Gutierrez poste hoje em seus e-mails a minuta do contrato a ser assinado entre as duas organizações. O arquivo já deveria ter aportado na sexta-feira, conforme promessa dos advogados da própria empresa. A indefinição de um parceiro financeiro para compor a Sociedade de Propósito Específico (SPE), personalidade jurídica a ser criada para firmar o acordo com o clube e acessar um financiamento no Bndes, explica a demora no desfecho entre as partes. O valor da obra foi divulgado em R$ 290 milhões.
Caso a palavra dos negociadores da construtora não seja cumprida, a situação pode ganhar um tom mais nervoso. Mas profissionais acostumados a lidar com a formulação de documentos que blindam acordos como o que está em jogo apostam em um final feliz. "Não sair (o contrato) ficaria ruim para as duas partes", pondera um especialista. O problema é segurar a tensão que transpira nas declarações e ânimo de dirigentes, autoridades (do governador Tarso Genro à presidente Dilma Rousseff) e torcedores - de colorados a tricolores. É que enquanto o arquirrival percorre seu inferno astral prolongado - as negociações para assinar o acordo começaram em junho -, gestores da Arena Tricolor, que se ergue ameaçadora no bairro Humaitá, movem-se embriagados pela esperança de ser o palco dos jogos - seja da Copa das Confederações (2013) ou do Mundial de 2014.
O anúncio das cinco sedes dos confrontos das seleções em 2013, previsto para dia 20 deste mês, em Zurique, virou uma espécie de hora da verdade. E pode ser, nesta altura do campeonato, uma moeda em favor do colorado rumo às obras ainda incertas do Beira-Rio. A rede "sócio-política-econômica-futebolística" é uma aliada decisiva para pressionar a empreiteira, incentiva uma fonte envolvida nas tratativas. "Tem de apertar a Andrade", traduz o interlocutor. A empresa já tem pré-aprovado o empréstimo do Bndes com juros subsidiados. O dinheiro de parceiros completaria o caixa e garantiria a divisão da rentabilidade e, claro, do risco da operação. Se esta equação financeira é ou não é um bom negócio, como muitos espectadores ouvidos apontam como mais um obstáculo, só a empresa pode dizer. Do lado da Andrade Gutierrez o silêncio é profissional, como manda um pleito ainda sem assinatura.
A minuta do contrato já teve os ajustes nas filigramas. Lembrando: a empresa terá por 20 anos o direito de explorar o potencial de arena de eventos e explorará a renda de 125 camarotes e sky box, 5 mil cadeiras vips, 3 mil vagas do edifício-garagem e de um minishopping, os dois a serem construídos. Jogos das duas competições da Fifa não estão no pacote de ganhos. Havia seis itens nos quais o Inter exigia redação preservando seus interesses. Todos foram equacionados, segundo um dos negociadores. Os jogos terão sempre prioridade aos shows, por exemplo. O estádio não será fechado para a reforma, com exceção de períodos sem campeonato.
Eventual repasse do Gigantinho à Andrade, identificado por uma autoridade ligada à preparação do Estado como um impasse na negociação, seguiu na minuta o formato da proposta inicial, quando a empreiteira se habilitou à apreciação do Conselho Deliberativo, em março: o parceiro terá apenas preferência de exploração.
"Não se discute o contratado. O grande motivo para a demora é a falta do investidor. Ou a empreiteira busca um ou banca sozinha a SPE." Outras especulações dão conta da possível revisão dos ganhos para baixo pela empreiteira. Adiar a assinatura seria a forma de revisar condições. "O Inter virou refém da Andrade. O clima é ártico no clube", compara um frequentador diário do estádio, ante o semblante fechado do presidente Giovanni Luigi, que economiza nas palavras e pede calma aos dirigentes.

Autoridades e dirigentes já calculam possíveis prejuízos para a Capital gaúcha

O secretário Extraordinário para a Copa em Porto Alegre, João Bosco Vaz, é um dos mais apocalípticos sobre o futuro da Copa das Confederações. "Corremos o risco de perder a sede. A Capital era dada como certa, agora não é mais", lamenta Bosco, que recorda a última reunião com o Comitê Local Organizador em 6 de setembro, no Rio de Janeiro, na qual teria pressionado o diretor regional da empreiteira, o engenheiro Leonardo Salvaterra, a explicar os motivos da demora em assinar o contrato. "Ele disse que já tem um grupo de 40 pessoas trabalhando no projeto em São Paulo e que mobilizará 3 mil homens para cumprir o cronograma", reproduz.
A data de inauguração já estaria agendada para 26 de março de 2013, aniversário da Capital. Bosco não está preocupado só com as entranhas do Beira-Rio, mas também com as obras de infraestrutura na cidade, que somam cerca de R$ 280 milhões. O secretário municipal inclui ainda a perda da visibilidade e da receita com visitantes. "O Uruguai viria para cá devido à proximidade e seria o teste do Estado para 2014", estima um nervoso e impaciente gestor. O secretário estadual de Esportes e Lazer, Kalil Sehbe, prefere afugentar a onda pessimista e convocou parlamentares para "a seleção pra frente contrato com a Andrade". "Podemos perder uma vitrine para o mundo. Está na mão deles (empresa). Mas sou do tipo que acredita na palavra das pessoas", anima-se.
Derrotado na última sucessão colorada, o engenheiro Pedro Affatato não se conforma com a interrupção das obras, que supera três meses. Ex-vice-presidente e defensor do autofinanciamento - rejeitado pelo Conselho Deliberativo no começo do ano -, Affatato acredita que, se o cronograma tivesse sido mantido usando o caixa reservado ao projeto (que avalia em R$ 40 milhões, entre a venda do antigo Eucaliptos e de suítes), não existiriam cobranças sobre prazos e compromissos.

Advogado adverte sobre complexidade do contrato entre clube e empreeiteira

O advogado e sócio do escritório da TozziniFreire Eduardo Mariotti pede que se explique a dinâmica de uma negociação como a travada com a empreiteira. O escritório, com larga experiência em assessoria a fusões e aquisições, foi o escolhido para representar os interesses do Internacional. A quem sapateia e reclama de atraso, Mariotti previne que o andamento atual faz parte do jogo de um contrato com duração de 20 anos. "Não é tão simples amarrar um relacionamento com este prazo, ainda mais em uma atividade que mexe com paixões", sustenta o especialista. As tratativas começaram em junho, com idas e vindas
Mesmo que o capítulo da minuta se encerre, não significa que o casamento será marcado e celebrado. Pelo rito do clube porto-alegrense, o documento terá de passar pelo exame dos Conselhos Fiscal e Consultivo e pelo voto do Conselho Deliberativo. Este último, cuja missão é abençoar a união, deve protagonizar a divisão declarada entre apoiadores (maioria) e críticos da via Andrade Gutierrez. "É muita gente dando palpite. Haverá resistência no conselho, mas o contrato tem de sair, senão, será mico geral", conclama um integrante da Comissão de Obras, que lidera a negociação.
A pouco menos de mil dias da Copa de 2014 e a 600 da Copa das Confederações, um ex-presidente considera pouco tempo para tudo ser arrematado até o anúncio de Zurique. "Até dia 20? Duvido." Luís Anápio Gomes de Oliveira reforça que esta semana será decisiva e que a tramitação interna será ágil. A natureza decisória dos clubes de futebol é uma das fontes do impasse, opina um ex-gestor do Internacional. "Querem ouvir todo mundo. Enquanto isso, parte do benefício em ser sede já está sendo perdido", alerta o observador. "Há um custo nesta lentidão, associado também a ter pessoas erradas à frente desse processo", completa.
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