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comércio exterior

- Publicada em 28 de Setembro de 2011 às 00:00

Exportadores brasileiros querem retaliar a Argentina


Jornal do Comércio
A não concessão de licenças automáticas para a entrada de produtos brasileiros na Argentina continua a atormentar empresas exportadoras do Brasil. O prazo máximo de 60 dias para a liberação dos artigos, previsto pela Organização Mundial do Comércio (OMC), não está sendo respeitado pelo vizinho, e alonga uma novela que começou no início do ano. A barreira comercial afeta em especial o setor calçadista, que tem na Argentina um de seus principais compradores. De acordo com levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), até o dia 23 de setembro estavam pendentes as liberações de 3,381 milhões de pares destinados ao mercado argentino.
A não concessão de licenças automáticas para a entrada de produtos brasileiros na Argentina continua a atormentar empresas exportadoras do Brasil. O prazo máximo de 60 dias para a liberação dos artigos, previsto pela Organização Mundial do Comércio (OMC), não está sendo respeitado pelo vizinho, e alonga uma novela que começou no início do ano. A barreira comercial afeta em especial o setor calçadista, que tem na Argentina um de seus principais compradores. De acordo com levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), até o dia 23 de setembro estavam pendentes as liberações de 3,381 milhões de pares destinados ao mercado argentino.
Em cifras, o montante representa quase US$ 34 milhões e sinaliza a necessidade de apoio ao setor. O diretor-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, afirma que a situação é crítica e que a maior parte das licenças está sendo concedida após 90 dias, com alguns casos chegando a 200 dias. "Estamos em contato quase diário com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), para que o governo brasileiro adote uma posição mais dura com a Argentina", diz Klein. Ele acrescenta que a entidade já cessou as negociações com o governo argentino, que sequer tem retornado os contatos realizados. Para Klein, a solução é a aplicação do mesmo tipo de restrição aos produtos argentinos pelo Brasil como forma de pressão.
A assessoria de imprensa do Mdic afirma que tem conhecimento das dificuldades enfrentadas pelo setor calçadista diante das barreiras para exportação e que tem feito "gestões diárias com o governo argentino para normalizar o fluxo comercial".
Para agentes do setor, porém, os entraves não são enfrentados de maneira pontual. Presidente da Frente Parlamentar do Couro e do Calçado na Assembleia Legislativa do Estado, o deputado Luis Lauermann (PT) lembra que esta é a segunda crise vivenciada pelos exportadores de calçados em cerca de 180 dias. "A Argentina é um dos importantes compradores do calçado brasileiro e a gente espera que o Mdic consiga reverter esse quadro, mas, se não houver retaliações, continuaremos sofrendo o desrespeito às normas", argumenta o parlamentar. Lauermann relata que há constantes negociações junto ao secretário do Mdic, Alessandro Teixeira, que tem dado assistência às solicitações do setor, mas que é preciso ações mais enérgicas para que a questão seja, de fato, solucionada.
A Piccadilly, de Igrejinha, tem 10% de sua produção, que ultrapassa 8 milhões de pares ao ano, destinada ao país. Atualmente, são 200 mil pares barrados, com uma demora que já dura mais de 105 dias no aguardo da licença de importação. A diretora de exportação da marca, Micheline Grings Twigger, teme que as coleções já fabricadas percam a validade diante do longo período esperado. Ela destaca que as encomendas para o dia das mães, comemorado no dia 17 de outubro na Argentina, já podem estar comprometidas. "Nosso distribuidor não tem esse sapato lá para entregar aos clientes que, por consequência, podem vir a cancelar os pedidos", revela a dirigente.
Além de temer as perdas que podem ser ocasionadas com as barreiras comerciais, as companhias relatam pressão do governo argentino para atrair investimentos. O objetivo seria travar o comércio a fim de levar empresas a operar na Argentina. "A própria imprensa argentina tem divulgado que o país está criando travas para a indústria brasileira na expectativa de que fábricas se transfiram para lá", aponta a diretora de exportação da Piccadilly, Micheline Grings Twigger. Para a executiva, enquanto o governo brasileiro não adotar um posicionamento rígido, estará compactuando com o país vizinho.
Na Ramarim, da cidade de Nova Hartz, as licenças estão sendo liberadas em cerca de 70 dias. "O problema é que não termos um aceno de boa vontade do governo argentino", aponta a gerente de exportação da companhia, Magale Kich.

Indústria de máquinas agrícolas sofre pressão da Argentina e de outros estados

Marcelo Beledeli
O anúncio da John Deere de que irá ampliar sua fábrica na província argentina de Santa Fé para iniciar a produção de tratores e colheitadeiras no país vizinho foi recebido com preocupação no Estado. Representantes das indústrias de máquinas e implementos agrícolas e dos trabalhadores do setor temem que as barreiras comerciais impostas pela Argentina à entrada dos veículos brasileiros possam levar a uma migração de empresas.
Segundo o presidente do Simers, Cláudio Bier, o setor já vem alertando há tempos para a possibilidade de migração de fábricas. “Somos um dos segmentos econômicos mais fortes do Estado, mas está ocorrendo conosco o que aconteceu com o setor de calçados anos atrás. Estamos sofrendo um assédio muito forte para sair do Rio Grande do Sul”, explica.
O dirigente lembra que, assim como no caso das empresas calçadistas, os benefícios fiscais concedidos por outros estados também exercem pressão nas indústrias do setor instaladas no Rio Grande do Sul.
No entanto, é a competição com a Argentina que mais preocupa Bier. Para continuar ingressando no mercado argentino, as indústrias estão buscando formas de nacionalizar sua produção no país vizinho. A Stara, por exemplo, selou uma parceria com a argentina Pauny. Pelo acordo, a empresa gaúcha investirá US$ 7 milhões para iniciar no primeiro semestre de 2012 a fabricação de pulverizadores e fertilizadores na fábrica da Pauny, em Córdoba, que será destinada ao mercado local e exportada para outros países. Por sua vez, a fabricante argentina investirá US$ 5 milhões para aumentar em 25% a produção de tratores e transmissores e os exportará ao Brasil.
Outro grupo que pode transferir parte de sua produção para a Argentina é a AGCO, fabricante das marcas Massey Ferguson e Valta. Durante a Expointer, o vice-presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos no Rio Grande do Sul (Abimaq-RS), Hernane Cauduro, afirmou que a empresa estaria estudando a possibilidade de montar tratores no país vizinho.
A possibilidade de redução de empregos no Brasil já preocupa os trabalhadores. No caso da John Deere, por exemplo, enquanto a ampliação na Argentina irá gerar cerca de 300 novos empregos diretos, a unidade de colheitadeiras da empresa em Horizontina já demitiu 230 funcionários no primeiro semestre deste ano. Recentemente, a Justiça obstruiu a dispensa de outros 104 empregados.
O secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Horizontina, Jorge Ramos, não descarta que as demissões possam ter relação com a transferência de linhas para a Argentina. “Eles anunciaram que vão elevar a produção aqui, mas como farão isso com 400 trabalhadores a menos?”, questiona.
Por e-mail, a assessoria de imprensa da John Deere informou que o investimento na Argentina não afetará as operações no Brasil. “A demanda interna no mercado brasileiro está aquecida e as exportações tendem acrescer. Além disso, a Argentina permanecerá sendo um grande consumidor dos produtos manufaturados nas fábricas no Brasil”, diz o comunicado. A empresa nega, também, que as demissões em Horizontina tenham relação com a expansão do outro lado da fronteira.
A John Deere admite que tem máquinas estacionadas na fronteira pendentes de liberação para ingressar em território argentino, mas não revela quantas. Nega, no entanto, que a expansão tenha relação com a política de barreiras do governo Cristina Kirchner.
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