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CONJUNTURA

- Publicada em 20 de Abril de 2011 às 00:00

Mercado espera nova alta de juros de 0,5 ponto percentual


Arte/Gabriela Lorenzoni/JC Fonte/Banco Central
Jornal do Comércio
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central está reunido em Brasília com o desafio de moderar o crescimento econômico e trazer a inflação para a meta. Mais brasileiros empregados formalmente significa também mais dinheiro circulando na economia e pressionando os preços. Além disso, há o impacto da desvalorização global do dólar, que somada a juros elevados torna o País ainda mais atrativo para investidores estrangeiros. A partir desse complexo cenário macroeconômico, os diretores do BC anunciam na noite desta quarta-feira a nova taxa básica de juros. As apostas mais frequentes do mercado são de que a Selic suba 0,5 ponto percentual, para 12,25% ao ano.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central está reunido em Brasília com o desafio de moderar o crescimento econômico e trazer a inflação para a meta. Mais brasileiros empregados formalmente significa também mais dinheiro circulando na economia e pressionando os preços. Além disso, há o impacto da desvalorização global do dólar, que somada a juros elevados torna o País ainda mais atrativo para investidores estrangeiros. A partir desse complexo cenário macroeconômico, os diretores do BC anunciam na noite desta quarta-feira a nova taxa básica de juros. As apostas mais frequentes do mercado são de que a Selic suba 0,5 ponto percentual, para 12,25% ao ano.
Dados do IBGE situam a taxa de desocupação média do primeiro trimestre de 2011 no patamar recorde de 6,3%, resultado que, segundo a pesquisa, veio acompanhado de um aumento de 4,3% no rendimento médio real dos trabalhadores frente aos primeiros três meses de 2010. Marcelo Kfoury, economista-chefe do Citibank, explica que o mercado de trabalho muito aquecido cria o risco de indexação da economia, quando a disputa por trabalhadores eleva a média salarial, o que provoca um aumento da demanda e, por consequência, eleva a inflação. Quando são negociados os dissídios, os reajustes refletem a inflação passada, o que alimenta o que ele chamou de inércia inflacionária.
"É importante quebrar esse ciclo e afastar o risco de volta da indexação. Por isso, vemos a necessidade da aplicação de um conjunto de medidas que resfrie a economia como um todo", afirmou, ao projetar que o colegiado do Banco Central elevará a taxa básica de juros em 0,5 ponto
percentual.
Essa decisão, acompanhada de um novo aumento de 0,5 ponto percentual na próxima reunião (marcada para os dias 7 e 8 de junho), seria suficiente para que a Selic fosse mantida em 12,75% durante todo o ano de 2011 e a inflação convergisse para o centro da meta (4,5%), segundo a avaliação do Citibank. Ainda assim, a instituição projeta que o Brasil fechará o ano com uma inflação de 6,1%, bem acima da projeção do próprio Banco Central, que é de 5,6%.
Segundo a avaliação do diretor financeiro e de relação com investidores do Banrisul, João Gazzana, a demanda por serviços é um dos principais fatores de composição da pressão inflacionária que deve ser combatido pela decisão do Copom. O executivo revela que as projeções do Banrisul também indicam um aumento de 0,5 ponto percentual, contudo, acredita que o ritmo de alta dos juros deve ser menor na reunião de junho, com um aumento de 0,25 ponto. "Temos presente que Banco Central tem no seu radar medidas macroprudenciais já tomadas que ainda não tiveram efeito total. Por isso os técnicos reunidos em Brasília devem ter cautela e não raciocinar apenas sobre pressões", ponderou Gazzana.
Um dos reflexos mais imediatos desse possível aumento na Selic é, segundo Giuliano Scherer, diretor da Fence Investimentos (filiada à XP Investimentos), a queda da demanda por financiamentos, o que pode refletir em setores-chave como o automobilístico. Ele entende, porém, que a expectativa de aumento dos juros já está presente na economia desde meados do ano passado e que, portanto, os preços das ações e a movimentação dos investidores na BM&FBovespa não refletirão a mudança.
Por outro lado, juros maiores tornam o Brasil ainda mais atrativo aos investidores estrangeiros e diminui o preço dos importados. Na avaliação do executivo do Citibank, esses fatores são positivos na contenção das pressões inflacionárias. "Entre 2003 e 2006, uma das principais razões para a inflação foi alta cambial. Também por isso, acredito que o dólar não deve ter, necessariamente, reflexos na decisão desta reunião do Copom. Projetamos que o dólar pode chegar a R$ 1,55, mas que fechará o ano em R$ 1,60 e manterá o patamar de R$ 1,65 no ano que vem", analisa Kfoury.

Santander não espera alteração na taxa básica

Os cenários projetados pelo Relatório de Inflação do Banco Central levam os analistas do banco Santander a contrariar as expectativas do mercado e não esperar alta na taxa básica de juros. Para o economista Cristiano Souza, não é necessário mexer no juro, já que cenários traçados pelo BC contemplam a possibilidade de um aumento na inflação a curto prazo e, ainda assim, apontam que a Selic situada em 11,75% é suficiente para que a inflação fique dentro da meta.
Na primeira projeção feita pelo Banco Central a taxa de juros mantida a 11,75% ao ano e o câmbio situado em R$ 1,75 provocava o controle da inflação e a convergência do aumento dos preços para o centro da meta no próximo ano. Já a estimativa seguinte considerou juros de 12,5% ao ano e câmbio de R$ 1,70 para obter o mesmo resultado. "Assim, só com a apreciação cambial, é possível a conversão da inflação para a meta. Isso pode ser suficiente para que o Banco Central mantenha a taxa de juros e concentre esforços na política cambial como forma de conter a inflação."
Souza avalia que, se mantida em alta a demanda por serviços nos próximos meses, aí sim a inflação pode forçar o BC a elevar a Selic para 13% ao ano até dezembro. "Acontece que no cenário que temos hoje, de baixo desemprego e aumento de salários, sobe o poder de compra da população e isso se reflete em setores que não demandam crédito, e, então, o efeito da alta dos juros não é direto sobre a inflação."

Queda na produção industrial pode ser agravada

A possibilidade de alta na taxa básica de juros é observada com receio pelo setor industrial. Isso porque, como explica o diretor de estratégia e gestão da DHB Componentes Automotivos, Gian Carlo Mandelli, a medida onera a produção e dilui o custo em toda a economia. "Todo mundo acaba pagando. A busca do antídoto da inflação no aumento dos juros está saindo muito caro", afirma.
O empresário observa que filiais de indústrias multinacionais instaladas no Brasil são incentivadas por suas matrizes a importar. "O País é caro por seu sistema tributário e sua infraestrutura ineficiente. A alta dos juros leva a uma valorização do câmbio, o que faz com que percamos ainda mais a competitividade em todos os lugares. A situação é crítica e a tendência é a desindustrialização."
A avaliação está em consonância com os dados apontados pelo Informe Conjuntural da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O estudo reviu para baixo as previsões para o crescimento do PIB, que segundo a entidade deve ficar em 3,5%, e para a produção industrial, 2,8%.
O economista-chefe do banco cooperativo Sicredi, Alexandre Barbosa, pondera que, mesmo que haja um aumento de 0,5 ponto percentual, a alteração não terá impactos diretos no cliente do sistema financeiro. "Isso porque, de uma maneira geral, os produtos bancários não estão atrelados diretamente à taxa básica. O reflexo só virá com o passar do tempo", disse.
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