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Conjuntura Internacional

- Publicada em 14 de Março de 2011 às 00:00

Catástrofe no Japão custará US$ 35 bilhões


MIKE CLARKE/AFP/JC
Jornal do Comércio
O custo de reconstrução do Japão poderá consumir até US$ 35 bilhões da indústria de seguros. O cálculo é feito mesmo antes de futuros efeitos do tsunami que atingiu o país na sexta-feira após o terremoto de 8.9 na escala Richter serem contabilizados, como os prejuízos decorrentes de acidentes nucleares. A afirmação é da AIR Worldwide, empresa de Boston que fornece softwares para modelos de risco. A empresa alerta, no entanto, que ainda levará meses até que o custo real da catástrofe seja calculado.
O custo de reconstrução do Japão poderá consumir até US$ 35 bilhões da indústria de seguros. O cálculo é feito mesmo antes de futuros efeitos do tsunami que atingiu o país na sexta-feira após o terremoto de 8.9 na escala Richter serem contabilizados, como os prejuízos decorrentes de acidentes nucleares. A afirmação é da AIR Worldwide, empresa de Boston que fornece softwares para modelos de risco. A empresa alerta, no entanto, que ainda levará meses até que o custo real da catástrofe seja calculado.
As estimativas da AIR incluem “danos provocados pelo tremor e incêndio a prédios e residências em terra e o que estava em seus interiores e propriedades agrícolas”, mas não inclui o aumento potencial dos custos dos materiais de construção e de outros materiais, que geralmente ocorrem após um desastre. A empresa estimou o prejuízo provocado pelo terremoto, seguido de tsunami, com base numa taxa de conversão de um dólar para 81,85 ienes.
No sábado, a AIR anunciou que havia examinado as províncias mais diretamente afetadas pelo tsunami e concluiu que US$ 24 bilhões em propriedades asseguradas estavam no perímetro de três quilômetros da costa nessas áreas. Dessa quantia, US$ 5 bilhões estavam a um quilômetro da costa. A expectativa é que as empresas globais AIG e Chaucer e as resseguradoras Munich Re e Swiss Re sejam responsáveis pelos maiores desembolsos.
Nenhuma grande seguradora revelou ainda estimativas de suas próprias perdas, mas o tamanho da estimativa da AIR vai abastecer as negociações da indústria - que ainda estão em curso - sobre se o terremoto vai resultar numa elevação abrupta do preço dos seguros e resseguros.
Tal aumento será sentido por proprietários de residências e empresas em áreas propensas a catástrofes em todo o mundo, dentre elas Flórida e Califórnia. Levando em consideração as catástrofes naturais desde os anos 1970, o terremoto do Japão só perde, por enquanto, para o Furacão Katrina, que abateu Nova Orleans, nos Estados Unidos, em 2005. O desembolso com o Katrina foi da ordem de US$ 40 bilhões.
A AIR pretende estimar de forma independente as perdas causadas pelo tsunami, na medida em que mais informações sejam disponibilizadas - dentre elas fotografias de satélite da Nasa sobre a extensão da inundação - e fornecer uma estimativa combinada de perdas que evite a contagem dupla nas áreas afetadas.
Há poucos relatos de grandes danos estruturais nas províncias de Tóquio e Chiba, exceto os ocasionados por incêndios. Porém, a empresa de risco advertiu que a alta concentração de propriedades asseguradas na área e o fato de algum impacto ter sido sentido pelos segurados significam que “mesmo pequenos pedidos individuais somados terão impacto significativo nos números”.
Embora as perdas para o mercado segurador tenham sido altas, o total de prejuízos econômicos é muito maior. Proprietários de residências e empresas no Japão relutam em adquirir seguros que cubram todo o potencial de perdas por causa dos custos, considerados muito altos. A AIR estima que cerca de 10% a 12% das propriedades comerciais estejam asseguradas contra terremotos fora de Tóquio.
Pelos cálculos do Bank of America Merrill Lynch, as áreas mais atingidas pelo terremoto são responsáveis por 7,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do Japão. Os dados ainda são preliminares, mas as regiões afetadas pelo terremoto de Kobe, ao final do balanço, impactaram 12,4% do PIB japonês.

Recuperação da economia japonesa deve começar apenas no quarto trimestre

O terremoto seguido de tsunami no Japão deve reduzir drasticamente o crescimento econômico do país asiático ou provocar retração da economia durante um ou dois trimestres. Apesar disso, afirmam analistas, a economia do país deve começar a se recuperar nos últimos meses do ano por conta dos trabalhos de reconstrução.
A destruição provocada pelo tremor de terra é tão grande que os economistas em geral e o governo japonês ainda não conseguiram apresentar cálculos mais precisos referentes ao impacto econômico da catástrofe natural.
Um dos fatores de complicação é o risco de derretimento de reatores nucleares, o que levou as autoridades locais a se empenharem em evitar que suas usinas atômicas liberem radiação na atmosfera.
Com base em desastres ocorridos no passado, analistas antecipam que o impacto sobre a infraestrutura de exportação e a produção industrial derrubará o produto interno bruto (PIB) nos segundo e terceiro trimestres deste ano. Já para o quatro trimestre de 2011, eles preveem que as ações de reconstrução contribuirão para a retomada econômica.
O Banco do Japão reduziu de dois dias para um a reunião de política monetária prevista para hoje e prometeu dar liquidez ao mercado, mas não há expectativa de afrouxamento a não ser que o iene se valorize.

País terá de importar mais petróleo, gás natural e combustíveis para atender demanda

O Japão terá de importar mais petróleo, mais combustíveis e mais gás natural para gerar energia elétrica e fazer frente à escassez provocada pelo desligamento de usinas nucleares depois do terremoto seguido de tsunami. Analistas acreditam que a situação pressionará os preços globais desses produtos em um mercado já preocupado com a disponibilidade de suprimentos energéticos em meio a uma onda de revoltas populares que se espalha pelo Oriente Médio e África.
A catástrofe no Japão elevou o custo do gás natural e de outros combustíveis empregados na geração de energia elétrica em meio à disseminação de notícias de desligamento de diversas usinas nucleares no país asiático. O Japão é o maior importador mundial de gás natural liquefeito (GNL), segundo a Agência de Informação de Energia dos EUA.
Quase um quarto da energia elétrica japonesa vem de usinas nucleares. Cerca de dois terços têm origem em fontes convencionais, como gás, petróleo e carvão. Com base em desligamentos de reatores ocorridos no passado por conta de terremotos no Japão, as importações desses itens devem aumentar.
O governo autorizou o racionamento de energia para impedir a sobrecarga e prevenir interrupções maiores no fornecimento. Os blecautes devem ser mantidos até o fim de abril em algumas áreas de Tóquio e cidades como Chiba, Gunma, Ibaraki, Kanagawa e outras.

Montadoras e fábricas param produção no Japão

O terremoto que devastou a costa nordeste do Japão na sexta-feira afetou um amplo espectro de indústrias do país. Montadoras de automóveis, fabricante de eletrônicos, bebidas e siderúrgicas interromperam a produção após o tremor de 8,9 graus na escala Richter, que foi seguido por um tsunami com ondas de até dez metros. Toyota Motor Corp., Honda Motor Co. e Nissan Motor Co. informaram ter suspendido a produção em todas as fábricas do país. As empresas devem reavaliar a situação a partir de hoje.
O setor industrial tem sido afetado pelos constantes cortes de energia após o tremor, o que torna difícil manter as operações diárias. A situação pode se agravar se houver um colapso da usina nuclear Dai-ichi, da Tokyo Electric Power Co. (Tepco), danificada pelo terremoto. A Tepco pediu que seus clientes reduzam o uso de energia e disse que poderá impor cortes “seletivos”.
A Toyota informou ter suspendido as operações de suas 12 fábricas japonesas para permitir que seus empregados e fornecedores preocupem-se com a segurança de suas famílias. A empresa deve decidir apenas hoje quando retomará suas atividades. A Honda suspendeu a produção em quatro de cinco fábricas. A companhia informou que um funcionário de 43 anos, que trabalhava em seu centro de pesquisa e desenvolvimento em Tochigi, morreu durante o terremoto. Outros 30 ficaram feridos em várias outras unidades.
A Nissan suspendeu a produção em todas as seis unidades no Japão e disse estar avaliando os danos às suas instalações e equipamentos, além de estar negociando o recebimento de peças com seus fornecedores.
A fabricante de eletrônicos Sony Corp. interrompeu as operações em seis fábricas de componentes, como baterias, chips e smart cards nas províncias de Fukushima e Miyazaki. Em uma de suas fábricas em Miyagi, que produz fitas magnéticas e discos Blue-ray, todo o primeiro andar foi inundado e os funcionários ficaram abrigados no segundo andar.
A Panasonic Corp. interrompeu todas as operações em várias plantas que produzem máquinas digitais, produtos de áudio e componentes eletrônicos. Toshiba Corp. e Asahi Kasei Corp. também fecharam várias fábricas. A operadora Oriental Land Co. decidiu fechar por dez dias os parques temáticos da Disneylândia, em Tóquio, e a Disney Sea, nos arredores da capital, para avaliar os danos em ambos os locais.
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