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Colunas#A voz do Pastor

Coluna

- Publicada em 24 de Fevereiro de 2011 às 00:00

Crentes ateus


Jornal do Comércio
À primeira vista, o título acima é contraditório. No plano das ideias puras, realmente o é. Na prática, porém, o ser humano não é lógico. Alberga muitas contradições. É, ao mesmo tempo, crente e ateu. Crente, porque todo ser inteligente finito põe, no horizonte de sua vida, um Absoluto. Ateu, porque não o vê. Seus sentidos e sua experiência científica, limitados às causas imediatas e ao horizonte visual, não o atingem. O problema é, por assim dizer, a substantivização, ou seja, o acento existencial ou acidental: ser mais crente ou mais ateu, o que, traduzido, se exprime por crente ateu ou ateu crente.
À primeira vista, o título acima é contraditório. No plano das ideias puras, realmente o é. Na prática, porém, o ser humano não é lógico. Alberga muitas contradições. É, ao mesmo tempo, crente e ateu. Crente, porque todo ser inteligente finito põe, no horizonte de sua vida, um Absoluto. Ateu, porque não o vê. Seus sentidos e sua experiência científica, limitados às causas imediatas e ao horizonte visual, não o atingem. O problema é, por assim dizer, a substantivização, ou seja, o acento existencial ou acidental: ser mais crente ou mais ateu, o que, traduzido, se exprime por crente ateu ou ateu crente.
O crente ateu é fundamentalmente religioso. Tenta convencer-se de sua fé. Deixa perpassar toda a sua existência por esta dimensão. Numa palavra, investe tudo o que pode na fé que professa. Procura argumentos cada vez mais consistentes para crer. Mesmo, porém, procurando convencer os outros com sua fé, ou seja, mesmo tentando contagiá-los com sua atitude religiosa, na verdade está a firmar sua própria posição diante de si mesmo. Sente dúvidas. E quando se vê questionado na fé, sofre e chega a se abalar. O ateu o questiona, decepciona e intranquiliza. Fazendo exame de consciência, percebe que, em muitos momentos, se esquece de Deus. E não raro age como se Deus não existisse. Afinal, ninguém consegue pervadir toda a sua vida com a fé. Deus é apenas um horizonte para o qual vai caminhando como que às apalpadelas.
De outro lado está o ateu crente. Defende, com toda a garra, seu ateísmo. Tenta refutar as ideias de Deus, ou  melhor dito, garante que Deus só existe na cabeça dos crentes. Não constitui uma realidade à parte. E dissecando todas as crenças e as convicções religiosas, chega à conclusão de que tudo não passa de ilusão. Contudo, sente necessidade de argumentar, porque, na vida concreta, sempre pairam dúvidas: e se Deus existisse de fato? Qual seria o sentido da vida sem Ele? Como explicar  a beleza e a verdade?
É certo que o ateu tem muito maiores dificuldades em explicar a natureza e o sentido da vida sem Deus, que o crente. Já que todo ser racional se orienta por um Absoluto na vida e na visão do universo, não há necessidade de provar-lhe que Deus existe. Basta mostrar o que colocou em lugar de Deus: uma ideologia, um partido, uma ambição ou a si mesmo. Há quem fale, com convicção, de justiça, mormente após ter sofrido alguma injustiça. Mas se o mundo se reger pelo acaso ou pelo determinismo, de onde virá essa justiça?
Por isso, tanto os crentes, que defendem sua fé contra as invectivas dos ateus e, mais ainda, que procuram testemunhá-la pela vida de paz, alegria e esperança inabalável, como os ateus, que tentam justificar sua descrença e se empenham em combater e desmoralizar a fé dos crentes, contribuem para a purificação da ideia e do desenvolvimento da tendência religiosa. Alguém, com certo espírito de humor, dizia preferir a alegria contagiante e ingênua dos crentes ao azedume irado e mal-humorado dos ateus. Crer é graça. Proporciona paz, alegria, serenidade e fraternidade.
Psicologicamente falando, quem crê em Deus, tem maiores recursos para enfrentar as dificuldades e os problemas da vida que aquele que não crê em nada. A partir da Revelação, percebemos que a fé não está no plano das ideias, mas da vivência. Por isso tem afinidade com o amor e a esperança. S. João garante que quem ama conhece Deus. Tem experiência dele. Sabe que é amado. Sua própria existência não depende nem do acaso nem do determinismo cego. É fruto do amor. E o amor que sente por si tem a exata dimensão de sua existência, aberta ao Infinito.
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