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Entrevista

- Publicada em 26 de Janeiro de 2011 às 00:00

Tarso Genro e Dilma Roussef terão encontro na sexta-feira


MARCO QUINTANA/JC
Jornal do Comércio
Uma das pessoas mais próximas ao governador Tarso Genro (PT), o chefe de gabinete Vinicius Wu, também petista, despacha de uma sala colada ao escritório oficial do comandante do Executivo gaúcho, na ala residencial do Palácio Piratini.
Uma das pessoas mais próximas ao governador Tarso Genro (PT), o chefe de gabinete Vinicius Wu, também petista, despacha de uma sala colada ao escritório oficial do comandante do Executivo gaúcho, na ala residencial do Palácio Piratini.
Responsável, dentre outras tarefas, pela composição da agenda de Tarso, ele informa que o governador se encontrará com a presidente Dilma Rousseff (PT) na sexta-feira, quando os dois irão de avião até a inauguração da Usina Termelétrica Candiota 3, prevista para ocorrer às 11h. Será uma oportunidade para Tarso apresentar a pauta de reivindicações do Estado. Ele ainda terá uma nova reunião com a presidente, que será agendada para fevereiro, em Brasília.
Wu diz ainda que não é certa a ida de Tarso a Buenos Aires junto com a presidente, no dia 31. A possibilidade de o governador viajar à Argentina no período e deixar de ir à posse da nova legislatura na Assembleia Legislativa gerou descontentamentos entre os deputados estaduais. Para evitar um desgaste político, há grandes chances de que Tarso permaneça no Estado. "É uma situação muito complicada, uma sinuca de bico. Fecharemos essa questão até amanhã (hoje). A tendência mais provável é a de que ele fique", sinaliza o chefe de gabinete.
Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, Wu conta como conheceu Tarso, comenta o estilo de trabalho do ex-ministro e revela que, antes de ir para o Ministério da Justiça, o petista estava cotado para a pasta da Defesa. Formado em História, o carioca Vinicius Wu, 30 anos, foi diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE) em 2003 e assessor especial do Ministério da Justiça quando a pasta estava sob o comando de Tarso Genro. Ele está em Porto Alegre desde março do ano passado, quando veio para assessorar o político durante a campanha eleitoral.
Jornal do Comércio - Como será o encontro do governador Tarso Genro com a presidente Dilma Rousseff nesta semana?
Vinicius Wu - No dia 27 (amanhã), a presidente participará da celebração do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto às 19h, no Ministério Público. No dia 28 (sexta-feira), às 11h, ela irá para a cerimônia de inauguração da Usina Termelétrica de Candiota 3. O governador irá junto com a Dilma no voo até a solenidade e também no retorno a Porto Alegre. No encontro, tratarão de investimentos federais no Estado, de projetos relacionados à segurança e do empréstimo solicitado ao Bndes (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Também deve ser marcada a reunião que os dois terão em Brasília, em fevereiro.
JC - O governador irá com a presidente a Buenos Aires, deixando de comparecer à posse da nova legislatura na Assembleia Legislativa, no dia 31?
Wu - Não queremos que isso seja interpretado como um desprestígio ao Legislativo. É um pedido da presidente e uma agenda importante para o Rio Grande do Sul. É uma situação muito complicada, uma sinuca de bico. As duas agendas são muito importantes para o Estado. Mas não vamos criar nenhum constrangimento político para a Assembleia Legislativa. Se o entendimento do Legislativo for o de que é indispensável a participação do governador no ato, pode ser que ele fique. Estamos realmente considerando essa possibilidade e fecharemos essa questão até amanhã (hoje). Hoje (ontem), a tendência mais provável é a de que ele fique para ir à posse.
JC - E como será a viagem de Tarso ao Uruguai, prevista para o início de fevereiro?
Wu - Levaremos uma equipe de secretários para tratar de temas que são comuns com o Rio Grande do Sul, como assuntos relativos à segurança, à imigração, ao controle de fronteiras e o combate à criminalidade, ao comércio e à agricultura. Há uma identidade cultural muito forte dos países do Cone Sul com o Estado. Buenos Aires e Montevidéu são um eixo alternativo de relações político-culturais. Isso precisa ser potencializado. Além disso, faremos outras viagens. Temos que voltar à Europa para dar sequência aos contatos que foram feitos na primeira ida à Espanha e a Portugal, antes da posse.
JC - Como está sendo o seu trabalho na chefia de gabinete do governador?
Wu - O objetivo é transformar o gabinete do governador em um espaço aberto, plural e de comunicação direta com os secretários. Ele pede que os assessores mais diretos sirvam não como portas entre ele e os secretários, mas como pontes. Uma das minhas tarefas é fazer essa interlocução, facilitar o acesso dos secretários e dos dirigentes do governo ao governador. Além de acompanhar as demandas diárias de rotina, a composição da agenda e toda a montagem do entorno do gabinete, da preparação para os eventos e para as viagens. Tudo isso de forma compartilhada com as demais pastas, mas centralizando no gabinete para fazer com que as determinações do governador sejam cumpridas.
JC - Quais são os critérios para a composição da agenda?
Wu - Queremos preservar o tratamento republicano, democrático e amplo. Não haverá prestigiamento com relação a prefeitos, deputados, bancadas ou partidos. Partimos do pressuposto de que Tarso é o governador de todos os gaúchos; e de que compõe um governo de coalizão. Então os partidos da aliança, os secretários e suas representações parlamentares têm que ter um tratamento igualitário. E, igualmente, com os partidos, prefeitos e deputados de oposição.
JC - O senhor é uma das pessoas mais próximas ao Tarso. Como se iniciou esse contato?
Wu - Eu era diretor da UNE (União Nacional dos Estudantes) em 2003 e tive contato com o então ministro da Educação, Tarso Genro, por conta do debate sobre a reforma universitária e o ProUni. Isso levou a uma aproximação de posições políticas entre nós. Enquanto diretor da UNE, eu discutia a reforma universitária e produzia artigos e pareceres, ajudando a entidade a construir sua posição.
JC - Vocês discutiram juntos a fundação do movimento Mensagem ao Partido.
Wu - Isso. Começamos a organizar um movimento nacional dentro do PT chamado de Mensagem ao Partido. Tarso foi o nosso grande inspirador, e permanece sendo. Durante seu período na presidência do PT nacional, ele colocou o tema da refundação. O partido tinha que repensar profundamente sobre os problemas de conduta ética que haviam ocorrido. Então se originou esse movimento de renovação crítico à condução majoritária do partido.
JC - E a sua ida para o Ministério da Justiça?
Wu - Depois da crise do chamado mensalão, em 2005, eu e Tarso começamos a desenvolver muitos trabalhos em conjunto, além de toda a discussão em torno da renovação do partido e da criação do movimento alternativo à maioria que tinha conduzido o PT no período anterior. Em 2007, Tarso estava cotado para um ministério, mas não sabíamos ainda qual. Ele estava nas Relações Institucionais e era certo que iria compor o segundo mandato do ex-presidente Lula (PT). Em princípio, iria para a Defesa. Estava até levantando documentos e estudando a área. Mas aí veio a determinação de que ele iria para Justiça. O convite para que eu colaborasse foi natural, dada a relação que já havíamos estabelecido.
JC - Sendo carioca, o senhor não está vinculado diretamente às correntes do PT gaúcho. Isso facilita o seu trabalho aqui no Estado?
Wu - Facilita muito pelo fato de eu não ter heranças, digamos assim. Não tenho um passado de tensão direta com nenhum secretário ou com nenhuma corrente. Não carrego tensionamentos herdados de experiências anteriores. Mas estou no PT desde 1997, conheço os enfrentamentos internos e fui membro da DS (Democracia Socialista) durante dez anos. É claro que tenho afinidades no Rio Grande do Sul, especialmente em torno do grupo do prefeito Jairo Jorge (PT, de Canoas). Mas isso não quer dizer que eu vá transportar esse tipo de privilégio na composição de agenda do governador e no resto do meu trabalho.
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