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- Publicada em 29 de Novembro de 2010 às 00:00

Raul Randon, um incansável empreendedor


GILMAR GOMES/DIVULGAÇÃO/JC
Jornal do Comércio
Aos 81 anos, Raul Anselmo Randon poderia estar descansando e aproveitando as benesses do patrimônio construído a partir das empresas do grupo Randon ao longo de mais de seis décadas. Mas seu espírito empreendedor não o deixa ser assim. Se os negócios no setor metalmecânico já estão consolidados e sob a tutela dos filhos, um novo ramo tem mobilizado os projetos do empresário da Serra gaúcha. Dessa vez, toda a energia deste catarinense que fez sua vida no Rio Grande do Sul está concentrada no agronegócio. Como ele mesmo diz, são atividades que foram surgindo aos poucos e nas quais viu a oportunidade de unir os prazeres de empreender e de produzir alimentos de qualidade.
Aos 81 anos, Raul Anselmo Randon poderia estar descansando e aproveitando as benesses do patrimônio construído a partir das empresas do grupo Randon ao longo de mais de seis décadas. Mas seu espírito empreendedor não o deixa ser assim. Se os negócios no setor metalmecânico já estão consolidados e sob a tutela dos filhos, um novo ramo tem mobilizado os projetos do empresário da Serra gaúcha. Dessa vez, toda a energia deste catarinense que fez sua vida no Rio Grande do Sul está concentrada no agronegócio. Como ele mesmo diz, são atividades que foram surgindo aos poucos e nas quais viu a oportunidade de unir os prazeres de empreender e de produzir alimentos de qualidade.
A responsável por isso é a Rasip - Randon Agrosilvipastoril, empresa da holding da família com ações negociadas na bolsa desde 1998 e que mantém em Vacaria sua produção de maçãs, uvas, mudas e produtos lácteos. É de lá que sai um dos maiores orgulhos de Randon, o queijo grana Gran Formaggio, que ocupa lugar de destaque em uma boa mesa italiana ao lado do vinho RAR, produzido em parceria com a vinícola Miolo e cujas uvas saem dos parreirais do empresário. “Tenho um prazer grande em fazer isso aqui. Não tirei dinheiro dessa atividade, só investi”, diz com satisfação.
O envolvimento de Randon com o campo já vem de longe, quando na infância ajudava os avós a cultivar a terra. Em 1976, aproveitando incentivos fiscais do governo federal, começou o plantio das primeiras mudas de macieiras. Três anos depois, foi fundada a Rasip, hoje uma das principais produtoras de maçã do País. “Achei que esse era um bom negócio, já que quase toda a fruta consumida no Brasil era importada”, relembra. A produção iniciada em pouco mais de 200 hectares alcançou uma área de 1,1 mil hectares em produção nessas três décadas.
“Comecei brincando, mas quando se faz negócios agrícolas não pode ser pequeno, é preciso alcançar escala industrial”, resume. E assim foi. No ano passado, a Rasip processou 41 mil toneladas de maçãs das variedades Gala e Fuji, que chegaram não só aos consumidores brasileiros, mas também a irlandeses, holandeses, ingleses, alemães e asiáticos, entre outros. De 10% a 15% da produção são exportados e ajudam a impulsionar a receita líquida de R$ 44 milhões em 2009 e que deve crescer R$ 6 milhões neste ano. A Rasip mantém ainda viveiros de mudas de maçãs e uvas.
O dia a dia da Rasip é dirigido por um dos genros de Randon, Sérgio Martins Barbosa, responsável por tocar os negócios. Mas a figura do patriarca da família está sempre presente, seja no organograma, onde Raul Randon figura como presidente, ou nas visitas quase que semanais.
É em Vacaria, nos Campos de Cima da Serra, que o empresário passa alguns dias da semana e também muitos finais de semana. Assim, tem a oportunidade de acompanhar de perto a rotina da produção, principalmente na época da colheita da maçã, que enche com 1,7 mil trabalhadores temporários os pomares espalhados por suas terras.
As incursões particulares de Randon no agronegócio vão ainda mais além. Milho, trigo e soja são produzidos em sua propriedade, que abriga a maior parte dos pomares de maçã, as pastagens para o rebanho bovino e as instalações da indústria láctea.
Um dos subprodutos da fabricação de queijo, o soro, deu origem a mais um negócio: a criação de suínos, realizada em parceria com a Brasil Foods. “Assim, me livrei do soro e o animal vai comendo e engordando”, conta. Para os dejetos dos suínos há outra solução. Um biodigestor permite que os resíduos líquidos sejam usados na fertirrigação e os sólidos para adubação. Como se vê, Randon não perde oportunidade de fomentar novos negócios e gerar riquezas. “Tudo tem que ser feito com capricho. Ou faz bem, ou não faz nada”, define.

Um queijo para deixar italiano orgulhoso

Produção láctea, especialmente a fabricação do queijo grana, é um dos orgulhos de Randon
FOTO GILMAR GOMES/DIVULGAÇÃO/JC
Na década de 1990, um amigo italiano trouxe a Randon uma nova provocação: produzir queijo. A resposta do empresário foi de que até poderia investir no negócio, mas, como bom descendente de italianos, fez uma ressalva: o queijo teria que ser bom, ou mais do que isso, especial. Para isso, foi à Itália conhecer o processo de fabricação do queijo grana.
Dali nasceu um novo empreendimento, pioneiro na América Latina ao produzir esse tipo de produto da mesma forma que fazem os italianos, e a fábrica instalada na propriedade de 2 mil hectares de Randon faz o Gran Formaggio. Com orgulho, o empresário apresenta seu rebanho de aproximadamente mil animais, a maioria da raça holandesa, sendo que a metade são vacas em lactação e que garantem o leite de alta qualidade, matéria-prima essencial para o queijo que saem das formas, após passar um processo quase artesanal de preparo, mas que conta com alta tecnologias, como robôs que fazem a limpeza e o manejo das formas.
São pelo menos 12 meses somente na etapa de maturação - que pode chegar a um ano e meio para alcançar um sabor mais marcante, não muito adaptado ao paladar brasileiro. Assim é possível atingir o ponto ideal de granulação e o sabor peculiar, marcante na variedade que permanece um ano e meio maturando. O leite semidesnatado faz com o que Gran Formaggio tenha baixo teor de gordura e alto índice de cálcio e fósforo.
Os planos de Randon para a fábrica de lácteos são ousados. A ideia é simplesmente dobrar a produção, que hoje já apresenta números surpreendentes: 28 mil litros de leite processados diariamente, 650 toneladas de queijo por ano e uma receita líquida de R$ 14 milhões em 2009. A meta é chegar a mil vacas em lactação. Para isso, será construído um novo pavilhão para abrigar os animais e uma nova fábrica. “Hoje não sou mais fabricante de carretas. Quem me encontra já pergunta logo sobre o queijo”, diz, orgulhoso.

Vinho RAR pode ser o início de uma cantina

Diversificação dos negócios faz parte dos planos e, além dos queijos e vinhos, inclui as oliveiras

FOTO GILMAR GOMES/DIVULGAÇÃO/JC
Bastante ligado à família, alguns anos antes de comemorar 50 anos de casado com dona Nilva, Raul Randon teve a ideia de produzir um vinho especial para servir aos seus convidados na futura celebração em 2006. Para isso, procurou seus amigos da vinícola Miolo, que ficaram responsáveis pela elaboração do vinho. As uvas viriam das terras de Randon em Vacaria. Primeiro foram cultivadas variedades Cabernet Sauvignon, mas hoje também há Merlot, Pinot Noir e Chardonnay, entre outras, distribuídas em 65 hectares.
No início, não havia nem informações técnicas para o cultivo de uvas no município, que tem a característica de inverno e verão frios. Assim surgiu o premiado vinho RAR, iniciais de Raul Anselmo Randon. “Eu não queria fazer vinho, mas fui fazendo”, resume com sua tradicional modéstia.
A parceria com a Miolo segue sólida e se expandiu para uma associação em partes iguais também com a Lovara para a aquisição da vinícola Almadén, em Santana do Livramento. Mesmo assim, a cantina própria de Randon pode surgir dentro de alguns anos. O empresário já adquiriu uma área em Vacaria para edificar a cantina. Pelos cálculos, para viabilizar a produção própria seria preciso alcançar 200 hectares de uvas para alcançar 1,5 milhão de litros de vinho. Hoje a área total cultivada com viníferas é de 65 hectares. “Como a Miolo está com sobra de capacidade para fazer, segue lá. Enquanto isso, vamos fazendo a marca”, explica.
Os planos de Randon são ousados e não param. A cada olhar para os seus diversificados negócios, o empresário vê novas possibilidades. Uma delas é a produção de oliveiras, que deve ser implantada em breve em áreas de Caxias do Sul e Vacaria. Mas, para um bom italiano, o prazer de encontrar uma boa mesa dá um sabor especial à dedicação à produção de queijos, vinhos e frutas. Se aposentar parece não estar nos planos de Raul Randon. “Dormir é tempo perdido, a gente sai do espaço”, diz com sabedoria antes de exibir seu sorriso largo.
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