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Entrevista especial

- Publicada em 30 de Agosto de 2010 às 00:00

Medina quer extinguir a Secretaria da Segurança Pública


FREDY VIEIRA/JC
Jornal do Comércio
Um dos pontos polêmicos do plano de governo do candidato da Coligação Despertar Farroupilha (PRP/PTC) ao Palácio Piratini, Aroldo Medina, é a extinção da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Para ele, a melhor forma de combater a criminalidade é por meio de ações em um Comitê de Gestão Integrada, ligado ao gabinete do governador.
Um dos pontos polêmicos do plano de governo do candidato da Coligação Despertar Farroupilha (PRP/PTC) ao Palácio Piratini, Aroldo Medina, é a extinção da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Para ele, a melhor forma de combater a criminalidade é por meio de ações em um Comitê de Gestão Integrada, ligado ao gabinete do governador.
Medina não descarta acumular a função de secretário da pasta, juntamente com os chefes de corporações policiais. Para qualificar a prestação de serviços públicos na área, defende investimentos em escolas de formação de policiais civis e militares, além de uma melhor remuneração.
Quanto à educação pública, Medina promete, caso seja eleito, criar um canal direto de comunicação com os professores. "O Cpers vai despachar comigo a hora que quiser", afirmou, assegurando que não irá cortar ponto de grevistas. Para melhorar a qualidade da educação, propõe investimentos em laboratórios de Informática e Química, além de uma inovação nos currículos escolares.
No plano de governo de Medina consta ainda a criação de um gabinete específico de combate à corrupção no Estado. "Existem pesquisas que apontam que 30% do dinheiro público é desviado através de obras superfaturadas e pagamento de propinas no País. É preciso um melhor controle dos gastos públicos." Medina garante que vai revolucionar o sistema, fiscalizando obras públicas, licitações e todos os gastos do governo.
Jornal do Comércio - Quais são as suas principais propostas para o governo do Estado?
Aroldo Medina - A prioridade é levar mais segurança para as pessoas através de melhor seleção da polícia, como era antigamente, por meio das universidades. Entrei na Brigada Militar fazendo o vestibular da Pucrs. As escolas de polícia quando entrei, há 25 anos, eram muito melhores do que hoje - estão sucateadas.
JC - Mas isso não acontece por causa da falta de recursos? Como lidar com esse problema?
Medina - O recurso existe. Uma melhor gestão aumenta a base de contribuição com a redução de impostos. Esse recurso está disponível. Então quero melhor seleção, investimento nas escolas e mais inteligência e tecnologia na ação da polícia. Com melhor salário, porque o nosso é o menor salário da polícia do Brasil. O foco em segurança pública vai atrair mais investimentos.
JC - Por quê?
Medina - Quando grandes indústrias como Ford, GM ou Dell vêm se instalar no Estado, olham como primeiro ponto o cumprimento de contratos. Segundo, a segurança que o Estado oferece para a instalação dessas empresas. Mas segurança não só significa mais defesa da vida das pessoas. Os bandidos estão prosperando. O atual governo recebeu dinheiro do governo federal e não teve competência administrativa para fazer sequer um presídio. É flagrante a deficiência da administração.
JC - E como mudar este quadro?
Medina - Defendo a extinção da Secretaria da Segurança. Não estou prometendo acabar com os bandidos, nem que vou zerar os índices de criminalidade. Mas as pessoas me elegendo governador vão sentir nos próximos quatro anos uma redução gradual dos índices de criminalidade. Porque todo esse contexto que estou apresentando é exequível.
JC - Mas o governador não ficaria sobrecarregado com a extinção da secretaria?
Medina - A minha equipe colocou isso: tu precisas ter um anteparo. Tu não podes ser o governador e assumir a Secretaria da Segurança. O Alceu Collares (PDT, governador de 1991 a 1994) tentou e não conseguiu. Começou dizendo que ia extinguir e foi convencido a não extinguir. Vou extinguir, por uma única razão.
JC - Qual?
Medina - O que faz de concreto a Secretaria de Segurança para melhorar a segurança do cidadão? Quero esse dinheiro - são milhões de reais - que vão para essa burocracia burra, que só atrasa a vida das pessoas, direto na Brigada, na Polícia Civil. O cidadão quer uma resposta mais ágil da Brigada e da Polícia Civil, da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e do Instituto Geral de Perícia (IGP). Quero que o comandante da Brigada e o chefe de polícia sentem comigo e os secretários. E vai ter reunião de secretários todos os dias às 7h no Palácio Piratini. De um dia para o outro vou fazer a cobrança, e no dia seguinte já vou cobrar providência do comandante da brigada.
JC - E o senhor responderá pela segurança, então?
Medina - Assumirei toda a responsabilidade. Tudo que há de certo divido com o povo. Tudo que há de errado é responsabilidade minha. Então, quero demonstrar minha vontade e determinação em enfrentar esse problema com coragem, inteligência, iniciativa. Vou criar no gabinete do governador um comitê de gestão integrada com o comandante da Brigada, o chefe da Polícia Civil, o diretor do IGP e o diretor da Susepe.
JC - O senhor cogita unificar as polícias no Estado?
Medina - É inviável. O modelo no Brasil contempla esse sistema de polícia ostensiva administrativa e polícia judiciária discreta. Nenhum governador no Brasil, nenhum presidente vai unificar as polícias num golpe de caneta. Porque culturalmente elas não são unificáveis. Porém, elas são integráveis. O que farei é integrar o trabalho da Polícia Civil, Brigada Militar e Instituto Geral de Perícias, que está relegado a um terceiro plano.
JC - Como vai funcionar essa integração?
Medina - O comandante da Brigada vai falar comigo, sem interlocutor, o chefe de Polícia também. Os empresários vão me ouvir. "Medina tem esperança de que ainda possa receber ajuda". Tenho esperança que posso. Porque se isso não acontecer, a criminalidade vai continuar aumentando. Somos a maioria da sociedade, do bem. Estamos perdendo para uma minoria de corruptos políticos.
JC - Quais são as propostas para a Educação?
Medina - Quero mais escolas de turno integral. Pitágoras dizia 500 anos antes de Cristo: educai as crianças e não será preciso punir os homens. Penso que investindo mais orçamento na educação, vamos ter muito melhor resposta para todos os problemas que a sociedade enfrenta. Quero investir o maior orçamento na educação, com a escola de turno integral, ampliação da rede de escolas Tiradentes da Brigada Militar. Quero levar esse modelo para a escola pública, para os professores.
JC - E como o senhor irá lidar com o embate com os professores, que têm um sindicato muito combativo e descontente com o atual salário?
Medina - Jamais vou entrar em conflito com o Cpers. Sempre vão ter um corpo para recebê-los com toda a diplomacia. Assumo esse compromisso de ir às assembleias do Cpers, até para ser vaiado. Os professores do Estado jamais vão ter que entrar na Justiça pelo pagamento de piso nacional estabelecido pela categoria, como fez o atual governo.
JC - O senhor pretende adotar o piso nacional?
Medina - Sim. Vou valorizar o professor, consertar as salas de aula das escolas públicas. Jamais vou colocar um estudante e um professor num contêiner. O professor tem que ter melhor salário.
JC - Qual será sua política de impostos, tendo em vista que é necessário arrecadar para prestar serviços?
Medina - Vou voltar ao antigo modelo do Simples gaúcho, combater a sonegação fiscal, o contrabando, a pirataria, a corrupção. Os organismos de transparência internacional atestam que no Brasil a corrupção desvia 30% do dinheiro público. Vou colocar em prática a gestão baseada no caráter, na integridade, no servir à população. Também vou fazer cair a tributação da carne, frango, arroz e feijão. Produtos básicos para a população.
JC - O senhor vai entrar na guerra fiscal?
Medina - Temos que igualar. Quero botar em prática a redução da carga tributária, dando fôlego para o empresariado prosperar. Trazer segurança jurídica para o investidor. Quero trazer de volta a Grendene e a Dell para o Rio Grande do Sul.
JC - E a dívida do Estado com a União?
Medina - O governador tem toda a credencial para liderar um movimento, com os deputados, para pedir a renegociação dessa dívida. Eu jamais vou dar calote. Proponho tirar o juro. Aumenta a capacidade de investimento do Estado. Se fizemos um pacto com a União, temos que honrá-lo.
JC - A saúde também é sua prioridade?
Medina - Quero ir para a fila do posto de saúde, ver a cara do enfermeiro e do médico. Vou ser atendido, usar esse sistema. E informatizar o posto de saúde, o hospital, como fazem os hospitais militares. Implantar um sistema integrado de informações sobre o histórico do paciente. E investir mais no Programa Saúde da Família (PSF).
JC - E o déficit de profissionais?
Medina - Enfrentaremos. A gente pode qualificar melhor a mão de obra já existente, motivando o pessoal do setor de saúde. Tenho convicção de que, com o mesmo efetivo atual, dando tecnologia, estrutura, vai dar agilidade e diminuir o tempo da fila de espera e o atendimento do paciente. Além de motivar o funcionário, pagando melhor, treinando, colocando uma gestão de qualidade.
JC - E na infraestrutura?
Medina - Precisamos que os aeroportos e os portos do Estado tenham modernização permanente, incorporando tecnologia. Temos que dar continuidade ao desenvolvimento do porto do Rio Grande. A estrada para lá está cheia de buracos.
JC - A gestão das estatais será feita de que maneira?
Medina - Recebi uma queixa dos prefeitos da Região Metropolitana sobre a Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan). Quero técnicos dirigindo a Metroplan. Reforçar a equipe da Fepam (Fundação Ambiental de Proteção Ambiental) para agilizar os processos de estudos ambientais para as empresas se instalarem no Estado.
JC - O Estado ainda tem uma dependência muito grande do agronegócio. Quais as suas propostas? A reforma agrária está entre elas?
Medina - Temos apenas cinco estações que funcionam via satélite do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Quero ampliar isso para 500 no Estado, para dar um boletim agrometeorológico, para que o agricultor não dependa de achismo para plantar. Maior apoio tecnológico para o produtor rural, em parceria com a Emater. Vou recontratar 500 técnicos demitidos pela (governadora) Yeda (Crusius, PSDB). Quero a Fepagro forte na assistência técnica, e tirar o juro da dívida do produtor rural com o Banrisul, com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (Brdes).
JC - Eleito, como será o seu relacionamento com a Assembleia Legislativa?
Medina - De harmonia, mesmo com a oposição atuante. Sou um homem de negociação.
JC - E se o senhor tiver que fazer composição de alianças, que partidos escolheria?
Medina - O PRP está aberto para conversar com todos os partidos. Mas ressalto a importância de o povo gaúcho votar no PRP não só para governador, mas também para deputado federal e estadual, para garantir uma base maior. Queremos que os gaúchos nos coloquem lá.

Perfil

Aroldo Medina, 46 anos, é natural de Santana do Livramento. Sua iniciação na política se deu bem cedo, ainda em casa, influenciado pela família - o avô o levava a comícios. Aos 15 anos, foi eleito presidente do Grêmio Estudantil do Colégio Maria Auxiliadora, de Canoas. Iniciou sua carreira profissional na Brigada Militar e hoje exerce o cargo de major na corporação. Atua como professor de História na Polícia há 25 anos, cargo do qual se licenciou para concorrer ao governo do Estado. Fez parte da primeira turma de Jornalismo da Ulbra em 1991. Ainda atuando como tenente da BM, chegou à presidência do diretório do curso de Comunicação Social da Ulbra, formando-se em jornalismo posteriormente. Em 2002, concorreu ao governo do Estado pelo PL. Fez 94.948 votos e terminou a disputa em 5º lugar. Foi chefe da Defesa Civil durante todo o governo de Germano Rigotto (PMDB, 2003-2006). Em 2010, aceitou o convite para ser candidato pelo PRP ao Piratini.
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