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Sustentabilidade

- Publicada em 26 de Maio de 2010 às 00:00

Valor agregado pela convergência


Fipecafi/Divulgação/JC
Jornal do Comércio
Aspectos contábeis e questões socioambientais podem estar mais afinados do que se imagina. O tão falado novo padrão contábil, ou International Financial Reporting Standards (IFRS), está sendo considerado convergente à Global Reporting Initiative (GRI), uma associação não governamental, cuja missão é desenvolver e disseminar globalmente as diretrizes para elaboração de relatórios de sustentabilidade. Com o propósito de aprimorar a forma de reportar os resultados de uma empresa junto a seus diversos públicos, realizou-se recentemente em São Paulo o seminário Diálogo IFRS & GRI. O evento teve a coordenação do professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) José Roberto Kassai, especialista no tema.
Aspectos contábeis e questões socioambientais podem estar mais afinados do que se imagina. O tão falado novo padrão contábil, ou International Financial Reporting Standards (IFRS), está sendo considerado convergente à Global Reporting Initiative (GRI), uma associação não governamental, cuja missão é desenvolver e disseminar globalmente as diretrizes para elaboração de relatórios de sustentabilidade. Com o propósito de aprimorar a forma de reportar os resultados de uma empresa junto a seus diversos públicos, realizou-se recentemente em São Paulo o seminário Diálogo IFRS & GRI. O evento teve a coordenação do professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) José Roberto Kassai, especialista no tema.
JC Contabilidade - Qual a relação entre as novas regras  e a sustentabilidade?
José Roberto Kassai - Hoje não há nenhuma relação direta entre as novas regras da contabilidade com os relatórios de sustentabilidade. E, por este motivo, o evento ocorrido na FEA/USP tratou de promover este primeiro diálogo entre essas duas ações mundiais, as International Financial Reporting Standard (IFRS), que estão reformulando a contabilidade brasileira, e as diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI), para elaboração de relatórios de sustentabilidade das empresas. Em pesquisa prévia realizada com os inscritos no evento, 78% acreditam que essas duas ações podem ser complementares, 13% afirmaram que no futuro deveria ter apenas uma delas e 9% opinaram que devem continuar distintas e independentes.
Contabilidade - Quais os aspectos fiscais e contábeis inclusos no GRI?
Kassai - As diretrizes do GRI são referências internacionais para as empresas elaborarem seus relatórios de sustentabilidade e abrangem os seguintes conteúdos: desempenho econômico, desempenho ambiental, desempenho social, práticas trabalhistas e trabalho decente, direitos humanos, sociedade e responsabilidade pelo produto. Apesar de incluírem informações de natureza econômica extraídas de balanços contábeis, não há nenhuma implicação de natureza fiscal ou societária, pois esses relatórios atualmente são voluntários e não há obrigatoriedade de auditoria. Do total de participantes do evento, 77%  acreditam que as diretrizes da GRI podem ser beneficiadas com uma maior interação com a Contabilidade, pois esta dispõe de um processo uniformizado de coleta de dados.  Já 64% afirmaram que os indicadores de sustentabilidade no modelo GRI deveriam ser obrigatórios como as demonstrações contábeis. E 84% acham que esses indicadores deveriam ser auditados como as demonstrações contábeis. Em relação a uma possível intersecção entre os dois, 71% dos presentes opinaram que os indicadores do GRI deveriam fazer parte do conjunto das demonstrações contábeis, mesmo que em notas explicativas.
Contabilidade - De que forma as ações de sustentabilidade nas empresas ajudam a sanear as finanças?
Kassai - Os estudos que buscam comprovar que as empresas que adotam e reportam práticas de natureza social e ambiental possuem melhor desempenho econômico, ou maior valorização no preço de suas ações, ainda são insipientes e, por enquanto, não há nenhuma evidência forte entre sustentabilidade e saúde financeira. No entanto, 91% dos presentes no evento afirmaram que sustentabilidade é uma questão estratégica e deve ser considerada na missão da empresa e em todas as suas ações, sendo uma minoria que acredita que se trata de um modismo ou que os acionistas estão mais preocupados em maximizar seus fluxos de caixa. E um dos postulados da contabilidade, o princípio da continuidade, pressupõe-se que as empresas devam ser duradouras e, para que isso ocorra, está implícito que o planeta deva também ser duradouro e, consequentemente, não há como vislumbrar um futuro duradouro e próspero sem que as empresas adotem práticas que promovam um desenvolvimento sustentável, respeitando os limites e em harmonia com a natureza.
 Contabilidade - Quais os principais erros que os contadores costumam cometer em relação às práticas de sustentabilidade?
Kassai - Certa vez, Max Weber (1864-1920), economista e sociólogo alemão, afirmou que a Contabilidade foi a mola propulsora do crescimento do capitalismo, quando os comerciantes passaram a segregar e controlar separadamente seus negócios e suas famílias. Hoje, o mundo reconhece o meio ambiente como uma nova entidade distinta das pessoas físicas, das pessoas jurídicas e dos governos. O maior erro que o contador poderá cometer será manter-se alienado em relação à escassez dos recursos naturais, a pobreza extrema, aos fenômenos de mudanças climáticas e não procurar adequar a contabilidade para registrar e reportar não apenas os resultados econômicos aos acionistas, mas também as implicações de natureza social e ambiental perante seus diversos stakeholders. Questões como depreciação ambiental, custos ambientais, externalidades negativas e internalização das externalidades deverão ser objeto de estudo nessas próximas décadas para que a Contabilidade possa registrar adequadamente todas as interações sociais, ambientais e econômicas.  
Contabilidade - De que forma o contador pode ser um agente transformador?
Kassai - A Contabilidade talvez seja uma das ciências com mais características de transversalidade entre os diversos ramos do conhecimento humano. Caracteriza-se como uma ciência social aplicada e procura reportar em linguagem monetária e econômica os processos físicos, químicos, biológicos, sociais etc de todas as atividades empresariais.
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