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Túnel da Conceição

- Publicada em 26 de Março de 2010 às 00:00

Smov vai começar obras no Túnel da Conceição em abril


Mauro Schaefer/JC
Jornal do Comércio
Após uma longa espera e diversos adiamentos, a prefeitura finalmente deve começar o serviço de recuperação de uma das principais obras de acesso ao Centro de Porto Alegre. A previsão atual da Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov) é de que a reforma do Túnel da Conceição tenha início na primeira quinzena de abril.

Após uma longa espera e diversos adiamentos, a prefeitura finalmente deve começar o serviço de recuperação de uma das principais obras de acesso ao Centro de Porto Alegre. A previsão atual da Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov) é de que a reforma do Túnel da Conceição tenha início na primeira quinzena de abril.

Nesta sexta-feira, técnicos da Smov, da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e da EPT Engenharia e Pesquisa Tecnológica S.A. - responsável pelo serviço - realizam uma inspeção na área e também no entorno. A visita ao local busca finalizar as tratativas e acertar o cronograma definitivo para dar largada aos trabalhos, que têm como objetivo combater infiltrações na estrutura de concreto armado. "Acredito que na semana que vem poderemos ter novidades para divulgar", antecipa o supervisor do Escritório de Projetos e Obras da Smov, Adriano Gularte.

As intervenções serão feitas no sentido de recuperar o pavimento das vias, reforçar as lajes superiores dos túneis, implantar sistemas de drenagem e desobstruir e ampliar as redes pluviais (que coletam água da chuva), além de efetuar o tratamento das superfícies que apresentam deterioração do concreto. O investimento previsto é de cerca de R$ 2,6 milhões.

Será a primeira grande obra no túnel, construído há quase quatro décadas, que liga no sentido bairro-Centro a avenida Osvaldo Aranha à Estação Rodoviária. "É um ponto delicado e, por isso, deve causar impacto na vida das pessoas que utilizam o local", comenta Gularte. Segundo ele, os técnicos da Smov e da EPTC vêm se reunindo há duas semanas para estabelecer as rotas alternativas que vão redirecionar parte do fluxo de veículos que utiliza as duas ramificações do túnel. Estima-se que 74 mil automóveis passem diariamente pelo local. "O susto que tivemos com aquela suposta bomba foi um alerta. Tivemos que aprofundar a discussão sobre o trânsito para minimizar os transtornos", relata.

Questionada pela reportagem do Jornal do Comércio, a EPTC garante que já dispõe de estratégias para desviar o fluxo viário no período de obras nos túneis, que deve durar cerca de dez meses - metade em cada ramificação. No entanto, o caso da bomba, em 2 de março, demonstrou que as rotas alternativas não se mostraram eficientes nem mesmo com o forte esquema montado para desviar o trânsito, que contou com 150 agentes. Uma centena de ônibus chegou a ser desviada pelos azuizinhos na ocasião.

O motivo do caos no trânsito foi a suspeita de que um artefato explosivo tivesse sido deixado em um dos túneis, o que fez com que a Brigada Militar determinasse o bloqueio de todas as vias durante duas horas. A medida gerou congestionamentos em vários pontos da Capital.

"Para evitar que isso se repita, vamos sinalizar bem as rotas alternativas para não trancar a cidade inteira", afirma Gularte. O supervisor diz que a intenção da Smov é evitar o trancamento completo de alguma ramificação do túnel durante as obras. "Cada braço tem quatro faixas. Pensamos que uma ou duas terão de ser bloqueadas e, sendo assim, precisamos definir os novos caminhos usados para desviar o fluxo."

Burocracia retardou começo dos trabalhos

No dia 4 de setembro de 2008, o Jornal do Comércio publicou uma extensa reportagem - no caderno JC Logística - sobre o projeto de recuperação do túnel. Na época, a previsão da Smov era de que a obra começasse ainda no segundo semestre daquele ano. Entretanto, problemas no processo licitatório adiaram o serviço.

Mais de um ano se passou e, em 18 de dezembro de 2009, a Procuradoria-Geral do Município assinou o contrato com a EPT Engenharia e Pesquisa Tecnológica S.A., vencedora da licitação. Três dias depois, uma notícia foi publicada no site da prefeitura confirmando que a obra começaria em janeiro deste ano. A nota foi veiculada mais 12 vezes até o início de 2010, quando finalmente desapareceu do site.

Desde então, o repórter vinha tentando descobrir - sem sucesso - o que tem retardado o processo. Na quarta-feira, em reunião-almoço na Federasul, questionado por Danilo Ucha, colunista do JC, sobre o atraso na recuperação dos túneis, o prefeito José Fogaça respondeu: "O jurídico da prefeitura encontrou problemas no edital de licitação, que foi recolhido. Um novo será elaborado e apresentado em 30 dias". Fogaça parece ter se confundido com o imbróglio que ocorreu ainda em 2008.

Nesta quinta-feira, o supervisor Adriano Gularte, da Smov, garantiu que "a parte executiva da obra já está em andamento". Segundo ele, "falta acertar alguns detalhes finais envolvendo questões de trânsito."

Gularte explica que a demora em 2010 ocorreu por questões orçamentárias. "Com a virada do ano, sempre é preciso retomar algumas medidas burocráticas para liberar as verbas", argumenta.

Atraso pode encarecer custo, afirma especialista

No início da década de 1990, um estudo do Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais (Leme), da Escola de Engenharia da Ufrgs, apontou a existência de problemas nos dois ramos do Túnel da Conceição. O professor do Leme Luiz Carlos Pinto da Silva Filho disse à reportagem que as intervenções não foram feitas porque a prefeitura, à época, decidiu priorizar obras em pontos mais críticos.

Em 2000, um novo levantamento confirmou o anterior, mas nada foi feito mesmo assim. Silva Filho afirma que o atraso na recuperação deve aumentar o custo da obra. "A demora amplia os problemas e os gastos. A passagem de água, ao longo dos anos, vai degradando mais o aço que está dentro do concreto. Quanto mais tempo, maior a possibilidade de deterioração e, eventualmente, isso pode levar ao comprometimento total da estrutura." O especialista garante, porém, que ainda não há risco de desabamento. "Pode haver queda de alguns pedaços de concreto, até porque o fluxo de caminhões e veículos pesados é intenso", comenta.

No entanto, na avaliação do professor, a principal intervenção deve se dar na parte de drenagem externa. "Acredito que a obra vai afetar também a avenida Independência, por onde escoa a água da chuva que acaba se infiltrando nos túneis."

Pelo lado da prefeitura, Adriano Gularte diz que o custo da obra não deve ser alterado. "A princípio, o valor do investimento é o mesmo: em torno de R$ 2,6 milhões", garante o supervisor da Smov.

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