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Água

- Publicada em 23 de Março de 2010 às 00:00

Amyra afirma que Brasil é rico pelos recursos hídricos que tem


Fredy Vieira/JC
Jornal do Comércio
O Brasil é um país que não tem problemas em relação à água. Possui mananciais em abundância. Com exceção das regiões do agreste nordestino, que sofrem com a seca, toda a população tem acesso à água.

O Brasil é um país que não tem problemas em relação à água. Possui mananciais em abundância. Com exceção das regiões do agreste nordestino, que sofrem com a seca, toda a população tem acesso à água.

Essa é a ideia mais presente nas cabeças dos brasileiros quando se fala no assunto. Na prática, porém, a situação não é tão tranquila assim. Foi sobre o futuro da água e sobre as garantias para que ela seja utilizada por todos e não somente por poucos que a economista e fundadora do Projeto Bolsa Brasileira de Commodities Ambientais e da Aliança Redes de Cooperação Comunitária Sem Fronteiras (RECOs), Amyra El Khalili, falou ontem na conferência Água para a Guerra - Água para Paz, que abriu o Fórum Internacional de Gestão Ambiental - Água, o Grande Desafio, realizado no Centro de eventos do Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre.

"Nós temos no Brasil as nossas guerras, os nossos conflitos pela água. A água sempre foi objeto de disputa política, no Nordeste se troca água por votos. Já temos uma lista de mártires da causa no Brasil e na América Latina. Pessoas morreram defendendo as bacias hidrográficas. Temos de preservar essa nossa riqueza. O Brasil não é rico porque tem pré-sal, é rico porque tem água", afirmou.

Segundo ela, questões econômicas são o ponto nevrálgico dos temas que envolvem a preservação da água. "Convivemos com uma guerra intestina, mas silenciosa, em pequenos focos espalhados pelo continente que, se não estivermos preparados para novos enfrentamentos econômicos e políticos, podem eclodir a qualquer momento em um emaranhado de ações e convulsões sociais."

Para Amyra, sustentabilidade, palavra tão em moda, representa novos desafios, dentre eles o de fazer valer a ética nas macrorrelações econômicas, fator determinante entre a guerra e a paz. "A OEA já fez uma previsão de que daqui a 30 anos um barril de água custará mais carpo do que um de petróleo. Petróleo não é renovável, mas é substituível. A água não é substituível. Hoje o grande temor dos ambientalistas é a comoditização da água, de ela passar a ser cotada nas bolsas de valores. Isso seria uma tragédia. A água é um bem difuso, de todos. Hoje, entretanto, ela já foi comoditizada. Uma comodity é uma mercadoria padronizada para compra e venda. O que é aquilo que vemos engarrafado nas prateleiras dos supermercados, água mineral? A água não está sendo vendida na bolsa ainda, mas já há um mercado", enfatizou.

Para a pesquisadora, os destinos econômicos de uma nação estão intimamente ligados ao modo como a água é tratada por esse país. "No Uruguai foi feito um plebiscito para desprivatizar a água. Nenhum povo é soberano quando outro povo ou alguma organização controla a água que ele vai beber", disse. A economista defende que, para se ter um real desenvolvimento sustentável, é preciso que haja uma mudança no sistema econômico.

"Transformações de posturas e comportamentos por parte da sociedade envolvem um profundo debate sobre consumo pró-ativo, consciência ecológica e ambiental, que aliados à discussão em políticas públicas exigem reformas tributárias e fiscais consideráveis, bem como uma rigorosa regulamentação do sistema financeiro, para que ele se adapte a todas estas condições", ressalta.

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