O parcelamento de salários dos servidores públicos estaduais têm movimentado as ruas da Capital, e o cenário de ontem foi semelhante ao de terça-feira. Os representantes de 43 associações e entidades organizaram atos públicos em diversos pontos de Porto Alegre, a fim de mobilizar a população e mostrar a indignação com as medidas adotadas pelo governador José Ivo Sartori.
Para hoje, está marcado um ato, às 14h, que reunirá os servidores públicos em frente à Assembleia Legislativa. O evento no Facebook já conta com mais de 2 mil pessoas confirmadas.
O Jornal do Comércio percorreu as principais vias da Capital na tarde de ontem para verificar a presença de brigadianos nas ruas. Em mais de uma hora de trajeto, a reportagem passou pelos bairros São João, São Geraldo e Centro Histórico, nas avenidas João Pessoa, Farrapos, Goethe, Benjamin Constant, 24 de Outubro, Osvaldo Aranha, Loureiro da Silva, Protásio Alves e Alberto Bins; e nas ruas Dr. Flores, Siqueira Campos, 7 de Setembro, Quintino Bocaiúva e Dona Laura.
Foram avistadas três viaturas da Brigada Militar e uma do Corpo de Bombeiros, além de três brigadianos em bicicletas e três a pé. Os policiais nas ruas estavam na Esquina Democrática e na Praça Otávio Rocha, ambos no Centro Histórico da Capital.
Mesmo sem policiamento visível, a rotina da população parece inalterada. No Parque Moinhos de Vento, o Parcão, muita gente aproveitou o dia de sol para realizar exercícios e caminhar. O movimento era costumeiro para uma quarta-feira à tarde.
Cpers decide prolongar greve até o dia 11
O Cpers/Sindicato, que representa os professores estaduais, decidiu na noite de ontem prolongar a greve dos servidores até o dia 11 de setembro. Hoje seria o último dia de mobilização. As outras categorias estaduais irão decidir nesta quinta-feira se irão se unir aos professores.
Durante a manhã de ontem, atos públicos organizados em diversos pontos da Capital causaram transtornos no trânsito. Um deles foi realizado em frente ao Palácio da Polícia, na avenida Ipiranga. Outro ocorreu próximo a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) - os servidores públicos caminharam até a Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde (Fepps), também na Ipiranga. Alguns manifestantes se concentraram em frente ao Centro Administrativo Fernando Ferrari (Caff) e caminharam pela avenida Borges de Medeiros.
Além disso, uma mala encontrada no viaduto da rua Silva Só fez com que o tráfego no local fosse bloqueado. Suspeitando que fosse uma bomba, o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) só liberou a área perto do meio-dia após constyatar que não se tartava de um explosivo. À tarde, uma nova manifestação ocorreu em frente ao Palácio da Polícia.
Decisão judicial não impede abertura de bancos
Na manhã de ontem, o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4) fixou multa de R$ 100 mil às agências bancárias que permanecessem abertas. O motivo é o descumprimento da liminar conquistada pelo Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários) e pela Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul (Fetrafi-RS) na terça-feira à noite, que determinou que as agências do Estado fechassem se não houvesse policiamento.
Entretanto, poucas fecharam as portas. Durante o trajeto percorrido pela reportagem, somente duas agências do Itaú estavam fechadas, exibindo cartazes dizendo que não havia condições de trabalho. Algumas funcionavam parcialmente, mas a maioria não apresentava restrições no atendimento.
O presidente do SindBancários, Everton Gimenis, lamentou a decisão dos bancos. De acordo com ele, "os empresários só pensam no lucro e não na vida dos bancários". Gimesis disse que recebe mensagens de trabalhadores amedrontados pela ausência de policiais nas ruas. "Todos estão com medo dentro dos bancos", relata. O sindicato registrou 34 ataques no mês de agosto ? recorde dos últimos 10 anos.