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- Publicada em 22 de Junho de 2015 às 00:00

Estresse traz prejuízos ao mundo corporativo, avisa Evangelia Demerouti


Isma-BR/Divulgação/JC
Jornal do Comércio
Esgotamento físico e mental, depressão, estresse, transtornos do sono e ansiedade. Se você se identificou com algum desses sintomas, pode estar sofrendo da Síndrome de Burnout. Um estudo conduzido pela Isma-BR (International Stress Management Association no Brasil) concluiu que 30% dos brasileiros são vítimas da exaustão física e emocional no trabalho. Mas há como evitar esses prejuízos. “Investir em saúde, bem-estar e motivação dos funcionários gera uma vantagem competitiva para a empresa na forma de melhor desempenho de seus funcionários”, sentencia Evangelia Demerouti, presidente do Human Performance Management Group e editora associada do Journal of Personnel Psychology.

Esgotamento físico e mental, depressão, estresse, transtornos do sono e ansiedade. Se você se identificou com algum desses sintomas, pode estar sofrendo da Síndrome de Burnout. Um estudo conduzido pela Isma-BR (International Stress Management Association no Brasil) concluiu que 30% dos brasileiros são vítimas da exaustão física e emocional no trabalho. Mas há como evitar esses prejuízos. “Investir em saúde, bem-estar e motivação dos funcionários gera uma vantagem competitiva para a empresa na forma de melhor desempenho de seus funcionários”, sentencia Evangelia Demerouti, presidente do Human Performance Management Group e editora associada do Journal of Personnel Psychology.

Evangelia, que também é professora de comportamento organizacional da Eindhoven University of Technology, na Holanda, procura aplicar, em sua rotina, tarefas que ajudem a reduzir o estresse. Nas horas vagas, gosta de correr, atividade que consegue conciliar na agenda atribulada. “Posso praticar sem ter que estar em algum lugar em um horário específico”, diz a professora que, apesar de lecionar na universidade holandesa, não abre mão de passar dois meses por ano na Grécia, sua terra natal.

Nesta semana, Evangelia estará em Porto Alegre para participar do 15º Congresso de Stress da Isma-BR, que acontece nos dias 23, 24 e 25 (de terça a quinta), no Centro de Eventos Plaza São Rafael, com o tema “Trabalho, Stress e Saúde: o engajamento na prevenção do Burnout - da teoria à ação”. Informações podem ser obtidas pelo e-mail [email protected].

JC Empresas & Negócios – O que se pode entender por demandas e recursos no trabalho?

Evangelia Demerouti – As demandas no trabalho são os aspectos que têm que ser cumpridos e que exigem esforço, e estão associados a custos psicológicos como pressão no trabalho, clientes exigentes, trabalho em turnos, demandas cognitivas etc. Os recursos são os aspectos do trabalho que ajudam o indivíduo a lidar com as demandas e os custos associados a elas para atingir os objetivos do trabalho e se desenvolver. Exemplos de recursos no trabalho são apoio de colegas e da chefia, feedback sobre seu desempenho, liberdade para decidir sobre as tarefas, participação na tomada de decisão e um bom clima de equipe.

Empresas & Negócios – De que forma os funcionários influenciam e são influenciados por demandas e recursos?

Evangelia - As demandas e recursos no trabalho influenciam os funcionários no dia a dia, mas também a longo prazo. Quanto mais demandas, maior a probabilidade de que o funcionário tenha fadiga, fique exausto ou tenha problemas de saúde com o passar do tempo. Os recursos, por outro lado, são motivadores e fazem com que as pessoas fiquem mais dispostas a dar o melhor de si, deixando-as mais entusiasmadas. As demandas e os recursos no trabalho também podem interagir entre si.

Empresas & Negócios - Quais são as alternativas disponíveis para fazer uma boa gestão de pessoas? E qual a contrapartida dos trabalhadores neste processo?

Evangelia - Uma boa gestão de pessoas exige que a gerência tenha uma visão positiva das pessoas. O papel da gerência deve ser o de organizar os recursos necessários para que os funcionários realizarem bem seu trabalho e tenham uma excelente performance. A aplicação dessa filosofia pode ajudar a chefia a fazer uma verdadeira gestão de recursos humanos, e não baseada em planilhas. Os trabalhadores devem ser proativos nesse processo, indicando do que precisam para ter um bom desempenho. Uma organização com bom desempenho requer uma ação conjunta, e isso só acontece quando todos reconhecem a contribuição de cada indivíduo. Criar cargos com demandas razoáveis e com muitos recursos para todos é um fator importante e pode ser organizado de cima para baixo (a partir da gerência) e de baixo para cima (a partir dos funcionários).

Empresas & Negócios – O que é o job crafting e de que maneira ele pode ser aplicado?

Evangelia - Job crafting significa os ajustes que os indivíduos fazem nas tarefas e condições de seu trabalho para que o mesmo tenha mais sentido e tenha mais a ver com suas preferências. De acordo com a visão europeia, pode significar a busca de recursos (por exemplo, pedir que o chefe dê um feedback ou buscar cursos para desenvolver novas competências), buscar demandas e desafios, como assumir uma tarefa depois de ter concluído outra, assumir responsabilidades, organizar eventos. Também é possível reduzir demandas, como a simplificação de tarefas. O job crafting é um comportamento voluntário e individual e, portanto, não pode ser ensinado. No entanto, as organizações e chefias podem criar um clima no local de trabalho que faça com que os indivíduos sintam-se à vontade para usar o job crafting apropriado.

Empresas & Negócios – Muitas vezes, há a premissa que o funcionário deve deixar os problemas pessoais “na porta”. É possível separar a vida pessoal da profissional?

Evangelia - Separar o trabalho da vida pessoal é muito provavelmente um processo ativo. É difícil para um policial ser durão no trabalho e um pai carinhoso em casa, ou para um gerente dar ordens no trabalho e não em casa. Nós somos os mesmos nessas duas esferas da vida. No entanto, encontramos evidências de que as pessoas administram muitos de seus problemas familiares de forma que estes não afetem negativamente seu trabalho fazendo com que percam a credibilidade. O que vemos em nossos estudos é que o trabalho interfere mais frequentemente na vida pessoal, e que a vida pessoal ajuda os indivíduos a ter um desempenho melhor no trabalho. Pense, por exemplo, em um parceiro que dá apoio ou na recuperação que os indivíduos conseguem ter quando estão em casa. O que deveríamos fazer é dimensionar o cargo de nossos funcionários de forma que o mesmo os influencie na empresa e também na sua vida pessoal de forma positiva. Por exemplo, que aprendam coisas novas no trabalho, que se sintam eficientes e valorizados no trabalho. Nos casos em que notamos que um de nossos funcionários está realmente com problemas em casa, seria bom tentar ajudá-lo, mesmo que esta ajuda seja simplesmente mandá-lo para casa para resolver seus problemas. Os funcionários valorizam estas atitudes e com certeza retribuirão ao empregador.

Empresas & Negócios - Como é possível manter os colaboradores incentivados?

Evangelia - A chave aqui é dar-lhes muitos recursos úteis no trabalho e dimensionar as demandas do trabalho de forma que os funcionários consigam realizá-las. Os recursos psicológicos no trabalho são motivadores para todos e relevantes para o trabalho a ser feito. Além disso, permitir que os funcionários organizem os recursos de que necessitam (job crafting) é muito útil e possui um grande valor agregado nesse processo.

Empresas & Negócios – Cabe às empresas a tarefa de promover a saúde dos trabalhadores?

Evangelia - As organizações são responsáveis, em grande parte, por promover a saúde de seus funcionários. As pessoas passam muitas horas no trabalho, que pode ser considerado como a escola dos adultos. Um emprego com possibilidades de aprendizagem promove uma educação contínua dos funcionários, enquanto que um emprego tedioso torna as pessoas apáticas, inclusive em seu tempo livre. Muitas vezes é difícil provar que os sintomas psicossomáticos ou Burnout foram causados por cargos mal dimensionados. Acreditamos que a visão positiva em relação às pessoas ajuda as empresas a assumir suas responsabilidades, criar créditos para seus funcionários e, consequentemente, atingir resultados positivos.

Empresas & Negócios – Investir na gestão de pessoas pode gerar retorno?

Evangelia - Investir na gestão de pessoas dá retorno. Em nossos estudos, verificamos que funcionários motivados e engajados em seu emprego têm melhor desempenho, faltam menos e ficam menos inclinados a procurar outro emprego. Isso gera uma vantagem competitiva para a empresa.

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