Porto Alegre retoma a tradição dos Caminhos Rurais

Os turistas aproveitam as atrações das 9h às 18h. Mauri Webber, da agência de turismo Sítio do Mato - que promove a atividade em parceria com a Associação Porto Alegre Rural e a Secretaria Municipal do Turismo -, explica que o modelo atual é mais dinâmico, com uma agenda maior de atividades. "A ideia é dar um panorama geral da zona rural e suas atrações", explica Webber, que também exerce o papel de um animado e bem-informado guia ao longo da jornada. Com isso, quem quiser pode voltar em outro dia e explorar melhor a atração que gostou mais.

Na Cabanha Costa do Cerro, por exemplo, há atrações como passeio a cavalo e uma trilha ecológica até o Morro São Pedro, passando por áreas remanescentes de Mata Atlântica dentro de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), criada em 2000 por iniciativa do proprietário Nairo Guerisoli.

Na visita no dia 29 de março, foi possível ao grupo caminhar pela propriedade, observar os animais, assistir a uma demonstração de como se deve encilhar um cavalo e até a possibilidade de uma voltinha para os poucos que se aventuraram a subir no cavalo crioulo. Mas a propriedade é aberta a visitas para quem quiser fazer a caminhada até o morro ou passeios a cavalo. Na Granja Lia, onde foi a parada para o almoço, também há trilhas ecológicas.

Mas ali, o que o grupo fez foi degustar um chimarrão e uma caipirinha sob uma imensa figueira, onde os donos Luiz Carlos Boehl Filho e Isabel Pacheco contaram as histórias da propriedade rural - que é da família desde 1906 e onde o sustento foi garantido pelo gado leiteiro por 60 anos -, além de degustar um almoço caseiro, com frutas e verduras orgânicas e pratos quentes preparados em fogão campeiro, servidos em um agradável galpão. Quem quiser voltar pode agendar visita para apreciar a gastronomia do local e as trilhas ecológicas - o principal público, atualmente, é formado por escolas. Aliás, a Granja Lia também fornece frutas cítricas para merenda escolar e ainda funciona como pensionato de cavalos.

Belém Velho é o local onde acontece a primeira e a última parada do roteiro Caminhos Rurais - uma das inovações do novo formato. No início, a região é introduzida pela praça e antiga capela, além de servir como uma transição do mundo urbano para o meio rural.

No encerramento do passeio de um dia, o ponto escolhido é o Morro da Pedra Redonda, a 260 metros de altitude. Lá, onde está localizado o Santuário Nossa Senhora Mãe de Deus, que recebe missas em diversos horários, é possível ter uma vista de 360 graus para observar diversas regiões de Porto Alegre e cidades vizinhas.

Caminhando nas bordas do morro, o visitante pode contemplar o Morro São Pedro - por onde já passou em algumas propriedades -, a Restinga, a Lomba do Pinheiro, Viamão, Itapuã e seu farol, bem no encontro do Guaíba com a Lagoa dos Patos, Barra do Ribeiro, Guaíba, a Zona Sul de Porto Alegre, o Centro Histórico e até mesmo Morungava (Gravataí) e o Polo Petroquímico de Triunfo.

É um lugar de fácil acesso para quem está de carro, mas que também era desconhecido da maioria dos passageiros que fizeram o roteiro. O guia Mauri Webber, além de localizar geograficamente a paisagem vislumbrada no alto do morro, faz comentários sobre os bairros percorridos no trajeto.

No fim da tarde, com a sensação de quem tinha viajado, Webber anuncia ao público, já dentro do ônibus: "Muito bem, galera. É chegada a hora. Mas, como não saímos de Porto Alegre, vamos voltar ao Centro", provoca, para gargalhada geral dos passageiros. O ponto de partida e de chegada é o Largo Zumbi dos Palmares.

A visita a Belém Velho é surpreendente e agrada a todos, mas o que atrai a maioria das pessoas a fazer o roteiro Caminhos Rurais é o contato com a natureza. "Sou do Interior, adoro mato, contato com essa paisagem. Não imaginei que fosse encontrar tudo isso em Porto Alegre", conta Sandra Schirmer, moradora do bairro Higienópolis que desconhecia vários bairros do Extremo Sul.

Ela foi acompanhada das filhas Simone e Susane, que haviam tido algum contato com essa região, mas apenas de passagem, não para aproveitar como lazer. "O turismo rural é bem divulgado no Centro Histórico, onde vivo, então tinha curiosidade em conhecer", explica Simone.

Morena Severo, também do Centro Histórico, já sabia do passeio e foi com as amigas curtir um dia na zona rural. Eliane Pinto, que a acompanhava, nunca havia ido para aqueles lugarejos, onde ela inclusive andou a cavalo. "Não conhecia nada disso, achei excelente, valeu a pena", comemorava ao final da experiência.

Ingressos: no site sitiodomato.com/caminhosrurais ou na Feira Ecológica do Bom Fim, aos sábados.