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Conjuntura

- Publicada em 23 de Março de 2015 às 00:00

Nervosismo no câmbio


VANDERLEI ALMEIDA/AFP/JC
Jornal do Comércio
Sem fazer movimento de intervenção no mercado, a equipe econômica do governo avalia como saudável para a economia brasileira o ajuste na taxa de câmbio. Um fenômeno, segundo essa avaliação, que reflete um movimento global de tendência de elevação do dólar por causa das expectativas em taxas de juros pelo banco central dos Estados Unidos, o Fed. O mercado mundial está se antecipando e comprando dólares em uma estratégia de proteção à espera da ação da instituição financeira norte-americana.
Sem fazer movimento de intervenção no mercado, a equipe econômica do governo avalia como saudável para a economia brasileira o ajuste na taxa de câmbio. Um fenômeno, segundo essa avaliação, que reflete um movimento global de tendência de elevação do dólar por causa das expectativas em taxas de juros pelo banco central dos Estados Unidos, o Fed. O mercado mundial está se antecipando e comprando dólares em uma estratégia de proteção à espera da ação da instituição financeira norte-americana.

A disparada do dólar atingiu um patamar mundial, motivada pelas expectativas que rondam as taxas de juros do banco central dos Estados Unidos, o Fed. Como forma de se proteger de possíveis medidas, o mercado global tem se antecipado e apostado na compra da moeda norte-americana. No Brasil, a alta tem sido mais forte, contaminada pelo agravamento da crise política, que ameaça o plano fiscal do ministro do Fazenda, Joaquim Levy, em curso. O quadro se complica a cada notícia ruim envolvendo a Petrobras.

Há uma combinação perversa de fatores ruins a puxar a cotação do dólar, tendência que o governo acredita que era de se diluir à medida que o cenário do ajuste ficar mais claro e a confiança voltar. A estratégia da nova equipe econômica é de menor intervenção no câmbio - menos administrado -, quadro diferente da política adotada no primeiro mandato. Mas, com a valorização do dólar, principalmente nos últimos dias, o governo começou a se mobilizar para afastar a percepção de que a subida estaria refletindo uma fraqueza maior dos fundamentos do País ao longo do ano.

O governo não pretende usar as reservas internacionais para conter um alta que, em parte, tem caráter especulativo, como a verificada há 10 dias, quando o mercado testou o Banco Central em um momento em que informação do Estado sobre a ameaça do ministro Levy de deixar o governo ampliou as incertezas. Uma intervenção mais dura para conter a disparada é vista como pouco efetiva, diante do quadro global de alta do dólar.

O nervosismo no câmbio deve se acentuar até o fim do mês, quando o Banco Central anuncia se vai renovar a chamada "ração" de dólares ao mercado, que o governo faz por meio de operações de venda de US$ 100 milhões de swap cambial todos os dias. O mercado pressiona pela renovação e avalia que o governo não terá muito espaço a não ser manter a oferta.

O Banco Central ainda não tomou a decisão e já sinalizou que deve deixar o anúncio para o último dia do mês à espera de uma avaliação. Antes disso, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, deverá comparecer à audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, quando se espera que dê pistas mais claras sobre a estratégia a ser seguida para a política cambial.

Apesar das dificuldades de negociações no Congresso, o governo entende que a necessidade do ajuste fiscal já está "bem percebida" pelas lideranças políticas, a política monetária está agindo para trazer a inflação para a meta de 4,5% em 2016 e os desequilíbrios econômicos estão sendo corrigidos. E o ajuste no câmbio faz parte dessa correção e vai ajudar na recuperação do crescimento da econômica.

O governo vê como "obsessivo" o processo que ocorre no mercado brasileiro de "só olhar" para a taxa bilateral entre o dólar e o real, sem levar em conta o que está acontecendo na economia real com as exportações e importações. "A relação entre os preços domésticos e os internacionais não é só o dólar", destaca uma fonte do BC. A "medida correta" do ajuste é a de que esse processo não deve ser visto somente com a paridade com dólar, principalmente porque o Brasil não faz comércio apenas com os Estados Unidos.

O euro está desvalorizando como nunca e caminhando para a paridade com dólar. E a percepção é de que esse movimento também tem de ser levado em conta quando se observa a economia real. Essa é uma das razões pelas quais os preços de atacado estão mais comportados, sem refletir a disparada do dólar. "Não estão vendo que as outras moedas com as quais o Brasil faz comércio estão se depreciando", pondera a fonte. Para essa mesma fonte, o mercado está olhando para a paridade e achando que as coisas estão se deteriorando no Brasil.

Desvalorização do real ainda não traz benefícios para os exportadores

A mudança de patamar do dólar não trouxe os benefícios esperados para a balança comercial. A disparada da moeda norte-americana tem sido mitigada pela queda no valor dos itens exportados pelas empresas brasileiras. Um levantamento da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) revela que os preços dos produtos vendidos pelo Brasil estão no nível mais baixo desde novembro de 2009. Até fevereiro, a balança comercial brasileira acumula um déficit de US$ 6,016 bilhões.

A queda de preço ocorre sobretudo nas commodities. O preço dos produtos básicos está sendo afetado pela desaceleração da economia chinesa, grande importadora de produtos básicos. Neste mês, o governo chinês estabeleceu 7% como meta de crescimento, um ritmo bem abaixo da média de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) do país dos últimos anos.

Uma outra demonstração de que os preços estão jogando contra a balança brasileira está na rentabilidade. Em janeiro - último dado disponível -, os dados da Funcex mostram que ela recuou 10% ante janeiro do ano passado. O cálculo da rentabilidade leva em conta preços, custo e câmbio. "A desvalorização do câmbio ainda não está compensando a queda de preço e o aumento de custo", afirma Daiane Santos, economista da Funcex.

O alento para os exportadores é que a escalada do câmbio em março pode começar a reverter o quadro ruim, e a rentabilidade passar a ser positiva. "Num cenário em que o câmbio fique em R$ 3,00, o que parece o mais provável, a rentabilidade pode chegar a 5,2% no primeiro semestre", afirma Daiane.

A desvalorização do real tente a beneficiar sobretudo a exportação dos produtos manufaturados. Nos dados da balança comercial da primeira semana de março, já foi possível notar um quadro mais favorável para o comércio exterior dos manufaturados - as exportações saltaram 17% ante fevereiro. "É uma sinalização boa, mas não é segura, por ser inicial", diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). "Mas, com o dólar nesse patamar, o problema deixou de ser câmbio e preço e passou a ser mercado." O País tem a América Latina, que está desacelerando, como um dos principais destinos dos manufaturados.

Essa melhora de humor ficou evidente na indústria têxtil. Em janeiro, na pesquisa de conjuntura da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), 57,5% pretendiam exportar; em fevereiro, essa fatia subiu para 78,6%. "A expectativa melhorou," afirma Rafael Cervone, presidente da Abit.

Viagem aos EUA dá lugar a outros destinos

A disparada do dólar provocou mudanças nos planos de consumo de muitos brasileiros. A tão sonhada viagem aos Estados Unidos ou Europa foi temporariamente adiada. A viagem de férias para a Europa do engenheiro com a mulher e os filhos, programada para a metade do ano, deve virar uma ida a Buenos Aires e Bariloche. "A viagem para Europa fica para a próxima."

O casal Edney e Pricilla Mezzotero também viu seus planos serem desfeitos desde que o dólar disparou. "Tínhamos planos de ir neste ano para a Europa ou os Estados Unidos e cancelamos a viagem", disse Edney, de 34 anos, que é empresário. Ele conta que, junto com a sua mulher, que é professora e tem 25 anos, viajou muito ao exterior nos últimos tempos, quando aproveitavam para fazer as compras de produtos importados. "Agora não vamos fazer nada, talvez uma viagem curta, de fim de semana, para Ilhabela."

Luiz Eduardo Falco, presidente da CVC, a maior operadora de turismo do País, admitiu que o mercado, neste ano, está mais difícil e que está tendo mais trabalho para vender. "Mas ninguém vai deixar de viajar, e o consumidor incorporou esse hábito." Para encaixar as viagens no orçamento mais apertado dos brasileiros, ele contou que a CVC está adaptando os roteiros: trocou destinos dos Estados Unidos para países da Europa - para onde as viagens acabaram ficando mais em conta - e América do Sul.

Apesar dos ajustes diante da alta volatilidade do câmbio, a operadora também mudou a estratégia de vendas. Antes, adotava um câmbio fixo, inferior à cotação do mercado, por um período longo. Agora, o câmbio da operadora é alterado todos os dias. Outro lado. Mas a alta do dólar não é integralmente ruim para Robson Brandão. Ele, que trabalha em uma grande companhia do setor metalúrgico, disse que a sua empresa será beneficiada pela subida do dólar por causa da menor concorrência de produtos importados. "Por incrível que pareça, minha empresa deve crescer 5% este ano, enquanto o País está em recessão ou deve ter crescimento zero."

Indústria de eletrônicos opta por adiar negociações

Diante da grande volatilidade do câmbio, a indústria de aparelhos eletrônicos, como TVs e telefones celulares, por exemplo, suspendeu as negociações de venda de grandes volumes com redes varejistas para entrega no segundo semestre. "Como esse segmento da indústria é muito dependente de componentes importados, os empresários estão segurando o fechamento de novos contratos de venda para ver onde o dólar vai se estabilizar", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato. Mas ele ressalta que os contratos em vigor estão sendo honrados. No caso das TVs, 80% dos componentes são importados. Nos tablets, essa fatia chega a 75%.

O executivo de uma grande fabricante de eletrônicos, que prefere o anonimato, conta que há duas semanas suspendeu as negociações de venda de grande volumes, porque não há um horizonte de previsibilidade para o dólar. Toda a estrutura de custos da companhia está atrelada ao dólar, incluindo as matérias-primas produzidas localmente, caso dos plásticos. Com isso, a empresa tem dificuldade para fixar os novos preços. Mas é consenso entre os fabricantes de eletrônicos que o câmbio não retornará ao patamar inferior a R$ 3,00 e que o repasse da alta para o preço é inevitável.

Enquanto os fabricantes de eletrônicos estão às voltas com pressões de custos, a indústriade equipamento elétrico, como transformadores e motores, comemora a desvalorização. Barbato diz que a desvalorização do câmbio é favorável a esse segmento da indústria elétrica, porque aumenta a competitividade dos produtos exportados. "Essas indústrias têm perspectivas melhores para o 2º semestre, já que os contratos são por prazos mais longos."

A indústria química, dona do maior déficit da balança comercial, de US$ 32 bilhões por dois anos seguidos, deve continuar pressionada. "O déficit só não cresceu, porque o País não cresceu", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fernando Figueiredo. Ele explica que 35% dos insumos usados no setor são importados e não há como substituí-los por matéria-prima nacional. Para Figueiredo, a indústria vai repassar a alta de custos para preços e não deve buscar compensação com redução na produção. "Há três anos rodamos com 80% da capacidade. Estamos no limite do limite."

Economistas não podem prever quanto o dólar ainda pode subir

Os brasileiros que precisam comprar dólar para viajar ou para outros compromissos têm acompanhado com apreensão a valorização da moeda americana, principalmente nas últimas semanas. Apesar de ter subido também em relação a outras moedas, por conta de uma expectativa de aumento dos juros da economia americana, o que pode levar à redução do fluxo de capital para países emergentes, é na comparação com o real que o dólar apresenta uma de suas maiores altas.

Desde o início do ano, a moeda subiu cerca de 5% frente ao peso mexicano e ao peso chileno, 8% em relação ao rand, da África do Sul, e 13% sobre a lira, da Turquia. Na comparação com o real, a alta chegou a 22,2% em 2015, sendo 13,76% somente na primeira quinzena de março.

O professor de economia de MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), Mauro Rochlin, credita a "alta desmedida" do dólar ao receio de que o ajuste fiscal proposto pelo governo, de R$ 66 bilhões, não se concretize, o que poderia levar o País a perder seu grau de investimento e impactar a inflação. "Basicamente, eu resumiria essa disparada (do valor do dólar) como resultado do que a gente chama de aversão ao risco. A alta do dólar acaba refletindo essa maior aversão ao risco, esse medo de que as coisas fujam ao controle, e, então, o dólar parece ser um porto seguro diante disso".

Segundo o economista da FGV, a alta mais acentuada da moeda norte-americana nas últimas semanas está relacionada ao cenário político do País: manifestações nas ruas, divulgação da lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com nomes de parlamentares envolvidos em esquema de corrupção na Petrobras e crise entre poderes Executivo e Legislativo. "Tudo isso ajudou a formar um cenário muito mais turbulento, que gera a aversão ao risco. Depende muito de como os fatos vão se desenrolar em termos políticos para saber que impacto isso pode ter sobre o câmbio. A questão política está em aberto".

O economista Carlos Eduardo de Freitas, conselheiro-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-DF) e ex-diretor do Banco Central, explica que a alta do dólar tem uma vertente estrutural de realinhamento dos preços, reduzindo os custos de produção e aumentando a competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional. Mas ele também acredita que a desconfiança sobre a implementação do ajuste fiscal anunciado, depois do Congresso devolver a medida provisória que tratava do assunto, gerou uma pressão maior nos últimos dias.

"Faltam um discurso e um comportamento do governo que tragam de volta essa credibilidade que foi arranhada. Essa desconfiança está evoluindo para uma incerteza, que é quando não se consegue medir os riscos, e aí há uma saída de capital", disse Freitas.

Segundo ele, é natural que, num primeiro momento, o mercado exagere na especulação, retornando em seguida, mas o componente conjuntural de preocupação dificulta previsões sobre a trajetória da moeda. "Não dá para saber até que ponto subirá o dólar e onde ele encontraria o equilíbrio econômico. Acho que a alta está um pouco acentuada nos últimos dias, muito por força da insegurança com a posição do governo. Em economia, e na vida, a expectativa, às vezes, é mais importante até do que a ocorrência das coisas".

Apesar de considerar a cotação atual, de R$ 3,24, "bastante elevada", Rochlin, da FGV, também afirma que é difícil dizer qual é o novo patamar da moeda norte-americana. "Não estou dizendo que hoje a gente viva um momento exatamente como esse, mas num momento de extrema incerteza, a alta acaba estimulando novas altas e pode gerar mais procura. A pessoa fica vendo que o dólar só sobe e pode, daqui a pouco, achar que o dólar a R$ 3,28 está barato".

Para Rochlin, na medida em que o ambiente político melhorar, o governo conseguir provar coesão com a base aliada no Congresso, aprovar medidas de ajuste fiscal, se os números de inflação não forem tão ruins e o cenário se mostrar menos turbulento, a alta do dólar pode ser revertida.

"Eu não digo reversão para R$ 2,80, mas talvez se estabilizando num patamar um pouco mais baixo, ao redor de R$ 3 ou R$ 3,10, que seja. Eu acho que isso é possível. Depende do desenrolar dos fatos", disse Rochlin. Para quem terá compromissos em dólar em breve, então, o economista da FGV ressalta que o recomendável sempre é comprar aos poucos, ao longo de semanas e meses.

Dilma precisa fazer o ajuste acontecer, defende Alexandre Schwartsman

Fazendo um paralelo entre o Brasil do início dos anos 2000, quando ingressou na diretoria do Banco Central, e o País hoje, o economista Alexandre Schwartsman está mais tranquilo em relação ao câmbio. Não acredita que a o dólar possa bater em R$ 4,00 como ocorreu às vésperas da vitória do PT em 2002.

Ele se mostra mais preocupado com a inflação, que agora vai exigir medidas mais duras e adiar a retomada do crescimento. Apesar de, lá atrás, a inflação ser quase o dobro da atual, a solução do problema era mais simples. "Foi resolvida a partir do momento em que se mostrava que o governo sabia comer de garfo e faca: não era um bando de bárbaros que estavam tomando o governo", lembra.

Conhecido pelo tom ácido e objetivo de suas análises, ele não poupa críticas aos que, na sua avaliação, levaram à piora do cenário econômico. "A questão é se a presidente vai sair da posição em que está e fazer alguma coisa para esse negócio (o ajuste) acontecer. Ela não tem feito rigorosamente nada."

Sobre o ajuste fiscal, conforme ele, está ficando claro que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não vai conseguir tudo que queria, atingir o superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado para 2015. "Tem alguma coisa como R$ 24 bilhões que dependem do Congresso. Com o clima que temos hoje, não fará tudo. Mas há um forte grau de certeza de que vamos ter alguma melhora nas contas primárias", afirmou.

De acordo com o economista, o governo pode obter um primário entre 0,7% ou 0,8% do PIB. Mas se ele conseguir fazer dois terços do que quer, disse, é um sucesso. "Primeiro, ele saiu mais atrás do que imaginava. Ficou algo como 30 metros atrás da linha de partida que inicialmente esperava. O déficit do ano passado foi muito maior do que o previsto. Agora, a arrecadação está vindo mais fraca do que se imaginava", avaliou.

Questionado se o governo perceber que não vai cumprir a meta, seria o caso de revê-la ou, mesmo que cumpra menos do que prometeu, será o suficiente para dar mais credibilidade às contas públicas, Schwartsman disse que "jogar a toalha" agora seria pior.

Custo menor amplia a busca por minicontratos de câmbio

Os sucessivos recordes de negociação dos minicontratos de dólar mostram que eles já caíram no gosto do investidor do varejo, que está ganhando cada vez mais familiaridade com o instrumento. A volatilidade cambial vista desde a campanha eleitoral do ano passado, juntamente com os custos mais baixos para se operar no mercado futuro de dólar, tem funcionado como um imã na atração de novos investidores interessados em ganhar com as variações cambiais.

"A alta liquidez, a possibilidade de alavancagem, o custo mais baixo e agora a volatilidade têm feito dos futuros uma ótima ferramenta. Os contratos míni deram às pessoas físicas a oportunidade de operar", destaca o analista Fernando Góes, da Clear. Do ponto de vista tributário, operar com derivativos é menos oneroso do que no mercado à vista, acrescenta.

Em três semanas, foram batidos seis vezes o recorde de negócios e de contratos negociados de míni de dólar na BM&FBovespa, sendo o último ontem, quando foram registrados 77.953 negócios e 136.889 contratos negociados. Góes observa que, neste ano, o dólar está mais "solto" do que no ano passado, quando o andamento da taxa de câmbio foi muito ditado pelos leilões diários do Banco Central de swap cambial. Neste ano, o ganho de volatilidade, juntamente com o aumento da experiência da pessoa física com os míni contratos, permitiu o crescimento da busca por esses ativos, explica o analista da Clear, que realiza hoje entre 15% e 20% do volume dos minicontratos de dólar.

As pessoas físicas já despontaram na liderança na ponta de compra e de venda de míni de dólar, com 45,55% e 34,03% de participação, respectivamente, tendo em vista as posições em aberto, de acordo com dados do pregão de ontem, na BM&FBovespa. Em seguida, olhando o lado da compra, o investidor institucional fica com a fatia de 28,91%, e os, estrangeiros com 13,72%.

Na venda, os institucionais respondem por 25,38%, e os estrangeiros, por 18,03%. Essa participação de compra do investidor do varejo superior a 45% sugere que ele tem aproveitado a volatilidade da moeda para ganhar em operações com perfil mais especulativo. Os minicontratos foram criados exatamente para permitir ao pequeno investidor acesso ao mercado futuro.

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