Eduardo Pazinato
Nunca antes na história recente do País, a cidadania, as lideranças empresariais e públicas foram tão desafiadas a incorporar a pesquisa aplicada como insumo estratégico para enfrentar o atual cenário de grande indefinição e insegurança (social e institucional) quanto agora. Compreender a pesquisa aplicada como pressuposto para a criação de uma cultura de inovação demanda a assunção do potencial disruptivo e transformador do design thinking.
Para Tim Brown, CEO da IDEO, uma das mais respeitadas consultorias de design do mundo, autor do livro "Uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias", a dessacralização do design na vida contemporânea é um imperativo (e uma necessidade premente). Apropriando-me de alguns dos seus conceitos: inovar é pesquisar! Nesse contexto, a grande inovação dos nossos tempos consiste na interação e na convergência de diversas tecnologias e múltiplas técnicas de pesquisa voltadas a dar visibilidade ao que aparentemente está invisível (ou invisibilizado), a vocalizar o inaudito (ou silenciado), com rigor metodológico, em prol da agregação de inteligência, estratégia e valor da criação de produtos à prestação de melhores serviços.
Da inovação empresarial à social, fazer mais (e melhor) com menos, perscrutando frestas para fomentar novos negócios, potencializar antigos mercados, ou ainda atingir pessoas alijadas de um mínimo ético existencial, exige de nós o enfrentamento, altivo, de obstáculos tão díspares e semelhantes quanto aqueles que impactam, por exemplo, o chão de fábrica e as políticas públicas de segurança. Em um ou noutro universo, a pesquisa pode, e deve, incidir para proporcionar novas perguntas e respostas a velhos problemas, lumiados pela senda da inovação (e do design thinking). Indignar-se ante constrangimentos e déficits financeiros e humanos é necessário, mas não basta. Inovar é preciso! Símbolos, coisas e gente são a base da pesquisa aplicada, vocacionada a extrair, como inspira Brown, a praticabilidade do que é funcionalmente possível em um futuro próximo, a viabilidade do que provavelmente se tornará sustentável e, ainda, a desejabilidade naquilo que faz sentido para pessoas e instituições. Esse é o caminho, o resto é cenário.
Advogado e professor universitário
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