Noções de Direito são transmitidas a crianças

Pitágoras, o filósofo e matemático grego, dizia: “Educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos”. Ao pensar desta mesma forma, a advogada Renata Braga Klevenhusen passou a transmitir elementos do Direito para o público infantil. “Eu tenho uma filha de oito anos que sempre me questiona sobre temas jurídicos, e tenho certa facilidade de transformar a linguagem adulta em uma linguagem compreensível para a criança.” A atividade se iniciou com um projeto de pesquisa sobre Direito dos Animais, no qual era discutida a ampliação da aplicação do princípio da dignidade à vida em geral, não apenas à vida humana. Ao desenvolver esse projeto, a advogada chegou à conclusão de que deveria ser feito, em paralelo, um trabalho de conscientização das crianças com relação aos animais.

O projeto foi levado para as escolas, e, a partir de algumas ações lúdicas, foram passados os valores que estão contemplados na legislação de proteção aos animais. “Falamos sobre os animais de circo, mas com muito cuidado. Primeiro porque a criança se afeiçoa muito aos animais e, segundo, porque você não pode retratar a crueldade que é efetivamente praticada contra eles”, explica Renata. Segundo ela, o objetivo é que seja assimilado o valor daquilo que está sendo transmitido.

Esse contato com a infância levou a advogada a iniciar uma coleção de livros infanto-juvenis. A ideia da publicação surgiu quando ela começou a pesquisar sobre a possibilidade de aplicação do princípio da dignidade humana, princípio fundamental no texto da Constituição brasileira (art. 1º III). O livro Conhecendo os Direitos dos Animais foi lançado no mês passado e pretende alertar as crianças para as noções de seus direitos, deveres e cidadania com os bichos.

Essa criação realiza o desejo da autora de transformar seus leitores em adultos conscientes a partir de mecanismos lúdicos, com linguagem apropriada e ilustrações criadas especialmente para a ciência da mensagem. “A criança é curiosa, reflexiva e dialógica por natureza. Utilizei o conceito de Direito no sentido de respeito e bom senso, a partir de situações que fazem parte do cotidiano das crianças, estimulando a abordagem dos temas nos ambientes escolar e familiar.”

A psicóloga Daniela Moussalle valida estas atividades apoiada no conhecimento de que a criança, por não ter ainda a capacidade psíquica madura para pensar e verbalizar o que sente e entende, aprende a reconhecer, comunicar e absorver os valores que estão sendo transmitidos para ela através da brincadeira e da representação simbólica dessa linguagem lúdica com maior facilidade. Ela ainda enfatiza que a leitura tem um papel fundamental nos primeiros anos de vida, mas que o importante não é só aquilo que está sendo transmitido, e sim a maneira como é passada para os pequenos. “Carinho, amor e coerência também são elementos necessários no recebimento desse aprendizado.” Desta forma, a leitura não só estimula o crescimento e a curiosidade, como também convida e desperta a imaginação e a criatividade.

A autora garante que não esperava e muito menos planejava esta aceitação nas escolas. “Uma vez me perguntaram se eu era a fada da floresta, e naquele momento vi que estava conseguindo passar para elas a mensagem de proteção aos animais. Então cada vez eu me surpreendo mais e o apaixonante disso tudo é essa boa surpresa.”