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MERCADO IMOBILIÁRIO

- Publicada em 18 de Fevereiro de 2015 às 00:00

Estudantes aumentam a demanda pelos aluguéis


GILMAR LUÍS/JC
Jornal do Comércio
Já foi o tempo em que estudantes tinham fama de maus inquilinos. Especialistas do mercado imobiliário apontam que a inadimplência dos universitários se aproxima de zero, e que cresce o número de acadêmicos que deixam as repúblicas para morar sozinhos em apartamentos alugados. Eles puxam a procura por locações, que cresce até 50% em janeiro e fevereiro, em comparação aos outros meses do ano, e torna o verão o período de maior fechamento de contratos nas imobiliárias.
Já foi o tempo em que estudantes tinham fama de maus inquilinos. Especialistas do mercado imobiliário apontam que a inadimplência dos universitários se aproxima de zero, e que cresce o número de acadêmicos que deixam as repúblicas para morar sozinhos em apartamentos alugados. Eles puxam a procura por locações, que cresce até 50% em janeiro e fevereiro, em comparação aos outros meses do ano, e torna o verão o período de maior fechamento de contratos nas imobiliárias.
De olho em alunos de cursos pré-vestibulares e universitários de outros municípios e estados, algumas imobiliárias apostam em condições especiais de negócio e atendimento diferenciado para este público. O principal diferencial oferecido é a isenção da comprovação de renda do locatário principal, o estudante. Assim, somente os fiadores precisam comprovar seus rendimentos, desde que o cliente apresente o comprovante de matrícula fornecido pela instituição de ensino. Outra vantagem também é oferecida por algumas imobiliárias: os fiadores podem ser pais, tios ou avós, de outros municípios ou estados.
É o caso da Auxiliadora Predial, que organiza o Projeto Vestibular. O pacote oferece um atendimento diferente aos jovens de outras cidades, em que agentes treinados para lidar com este público entrevistam os clientes para saber o que procuram e apresentam os bairros ao redor das universidades. Na visita aos apartamentos, um agente da imobiliária acompanha o estudante. “Os pais ficam inseguros com a mudança dos filhos, por isso procuramos dar o suporte necessário para a escolha do local de moradia”, explica a gerente de aluguéis da agência Centro, Daniela Soster.  
Nem só universitários são beneficiados pelo pacote, mas também alunos que acabaram de se formar em Medicina e vêm a Porto Alegre para cursar a especialização médica. Recém-formada pela Ufrgs, a médica Tassiana Milanez passou na prova da residência no Hospital de Clínicas para Patologia. Natural de Criciúma, ela já havia alugado um apartamento com três amigas, durante os seis anos de faculdade. Agora, retorna a Porto Alegre e acabou de locar outro imóvel, desta vez para morar sozinha. O aluguel do imóvel escolhido, próximo ao Jardim Botânico, é de R$ 1.600,00.
O valor do aluguel nem sempre é o principal fator a determinar o negócio. De acordo com o supervisor comercial de locações da Guarida Imóveis, Mauricio Lohmann, o conforto e a localização do apartamento, muitas vezes, são mais importantes na hora da avaliação, dependendo das condições financeiras do estudante. Normalmente, o valor do aluguel é de R$ 1.000,00 e R$ 1.500 entre o público jovem. Em Porto Alegre, os bairros Bom Fim, Cidade Baixa, Centro e Petrópolis são os mais procurados. A Guarida Imóveis também não exige a comprovação de renda e permite que os fiadores sejam familiares de outros estados.

Movimento representa alívio para o mercado no Estado

O reflexo de estudantes no mercado imobiliário também acontece em julho, porém com menor intensidade, como destaca o presidente do Sindicato da Habitação do Rio Grande do Sul (Secovi-RS), Moacyr Schukster. Em janeiro, fevereiro e julho, o movimento é acompanhado pela desocupação de imóveis e aumento da oferta para locações, já que muitos estudantes voltam para suas cidades de origem quando a faculdade acaba. Assim, a dinâmica dos universitários é cíclica.
Neste ano, o movimento dos estudantes tende a ser mais significativo e deve representar um alívio ao mercado imobiliário gaúcho, segundo o presidente do Secovi-RS, em função da redução do aluguel de imóveis e do aumento da oferta no ano passado.
Quanto à má fama dos universitários inquilinos, Schukster avalia que o mito não existe mais, pois a união de muitos estudantes em um único apartamento, em repúblicas, é cada vez mais rara. Ele também considera que as regras dos condomínios estão cada vez mais rígidas, com um controle maior do que antigamente sobre as festas e o comportamento dos locatários. “Criou-se a figura do condomínio antissocial, em que é permitido até mesmo pedir o afastamento de moradores”, relata.
Mesmo em cidades universitárias, como Pelotas e Rio Grande, a tendência é de cada vez mais estudantes morarem sozinhos, em vez de em repúblicas, como destaca o vice-presidente do Sindicato da Habitação da Zona Sul, Gabriel Souto. “Houve época em que muitas pessoas locavam apartamentos maiores para dividir. Hoje, procuram apartamentos de um ou dois dormitórios”, compara. O aluguel médio é de R$ 900,00, e a procura por imóveis aumenta até 50% na região durante janeiro e fevereiro. Em Pelotas, Souto destaca que há imobiliárias que buscam promoções para estudantes diretamente com os proprietários.

Pensionatos e quartos são opções mais baratas para os inquilinos

Moradias de estudantes também são alternativas. O gerente do Pensionato Universitário Porto Alegre (PUP), Carlos Henrique Pophal, conta que percebe a concorrência aumentar, inclusive na sua rua, no bairro Partenon. O pensionato dispõe de 20 acomodações, entre R$ 490,00 e R$ 620,00, e está com fila de espera. Nesta época do ano, também organiza promoções como diferencial competitivo. Quem locou na segunda quinzena de janeiro, conseguiu 15% de desconto na primeira mensalidade. Renovações no aluguel do quarto também dão direito a desconto, assim como indicar amigos.
No mesmo complexo do pensionato, há um conjunto de quatro chalés – com dois quartos, cozinha e sala - alugados a R$ 950,00. Rayana Alves, estudante de Engenharia Civil, optou por esta alternativa em função da segurança. “Estudo na Unisinos, em São Leopoldo, e há dias em que chego em casa à meia-noite. É bom ter movimento de pessoas acordadas”, conta Rayana. Natural de Santa Vitória do Palmar, a estudante está satisfeita com a escolha do pensionato, onde mora há um ano e meio. A burocracia das imobiliárias a assustou na hora de escolher a moradia. “As imobiliárias exigem uma documentação que eu não tinha condições de buscar. Aqui foi mais fácil”, relata. 
Além dos pensionatos, outras alternativas podem ajudar estudantes sem condições financeiras de alugar um apartamento. No site Easy Quarto, uma espécie de mural virtual, universitários podem encontrar acomodações de diversas categorias. É possível localizar parceiros desconhecidos para dividir apartamento, casa e kitnet, e há uma categoria específica para estudantes alugarem quartos em casas de pessoas.
Em anúncios no site, pessoas disponibilizam quartos para, por exemplo, “alguém legal, que não se incomode em receber pessoas ‘estranhas’ e ajude na organização do apartamento”, e descrevem seus imóveis com características como “bem localizado, com ônibus que passam em frente ao prédio e academias próximas”. Em Porto Alegre, é possível encontrar quartos entre R$ 580,00 e R$ 750,00.  
Dividir a moradia ainda vale a pena, especialmente para estudantes que já se conhecem. Na família Bianchini, formada por três irmãos, a chegada de cada um a Porto Alegre motivou a procura por apartamentos maiores. O primeiro a vir do município de Marau foi Luiz, estudante de Ciências da Computação. O segundo foi José, aluno de Administração. Este ano, a vinda do terceiro irmão, Jorge, para fazer curso pré-vestibular na Capital, levou o trio a procurar um apartamento de três quartos para alugar. “Também precisávamos de garagem, que o antigo não tinha”, conta José Bianchini.  
O trio fechou negócio na imobiliária Crédito Real, que também oferece condições especiais a estudantes. Além de não exigir comprovação de renda e facilitar a burocracia de fiadores, a imobiliária organizou uma promoção em janeiro e fevereiro, que isenta o pagamento do primeiro aluguel. A assinatura da documentação dos fiadores também pode ser enviada por e-mail, segundo a gerente de locações, Keli Queiroz.
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