Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

TRABALHO

- Publicada em 27 de Janeiro de 2015 às 00:00

Feriados geram perda de 1,5% para o varejo


ANTONIO PAZ/JC
Jornal do Comércio
O ano de 2015 será de mais tempo livre para trabalhadores do Estado esticarem as pernas. Serão dez feriados nacionais em dias úteis e seis finais de semana prolongados - com descansos em segundas ou sextas-feiras -, o dobro do que o ano passado. Somente as datas comemorativas da Revolução Farroupilha e da Proclamação da República cairão em finais de semana. Enquanto o tempo ocioso é comemorado por funcionários e por setores da economia como o turismo, a folga da maioria representa perda de produtividade para a indústria e redução das vendas e aumento dos custos para o varejo.
O ano de 2015 será de mais tempo livre para trabalhadores do Estado esticarem as pernas. Serão dez feriados nacionais em dias úteis e seis finais de semana prolongados - com descansos em segundas ou sextas-feiras -, o dobro do que o ano passado. Somente as datas comemorativas da Revolução Farroupilha e da Proclamação da República cairão em finais de semana. Enquanto o tempo ocioso é comemorado por funcionários e por setores da economia como o turismo, a folga da maioria representa perda de produtividade para a indústria e redução das vendas e aumento dos custos para o varejo.
A queda do consumo, motivada pelos feriados prolongados, causará impacto negativo de 1,5% no faturamento do varejo no Estado, o equivalente a R$ 880 milhões em vendas reprimidas, como projeta a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS). No entanto, apesar da retração causada pelos feriados, há uma expectativa para o ano de crescimento no consumo de até 2,8%. Se não houvesse as folgas em dias úteis, o crescimento no período poderia ser superior a 3%.
Preocupados com o possível prejuízo, representantes da FCDL-RS pretendem enviar um ofício ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para pedir que todos os feriados sejam transferidos para segundas-feiras. “O ciclo de trabalho não seria interrompido, e o comércio poderia se planejar melhor”, justifica o presidente da FCDL-RS, Vitor Augusto Koch. Feriados em sextas-feiras e sábados são os que mais prejudicam o comércio, pois são os dias da semana líderes em movimento.  
Já o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, relativiza o prejuízo, ao afirmar que há, na verdade, apenas um deslocamento do consumo no Estados para as praias e a Serra. “Feriados podem, inclusive, incrementar as vendas, já que as pessoas costumam gastar mais em viagem do que na cidade de origem”, considera. Assim, as perdas estão relacionadas às viagens para fora do Estado ou do País, que são a minoria e não representam um grande impacto para as movimentações no varejo. No entanto, no Litoral, Bohn já escutou reclamações de varejistas sobre o término apressado do veraneio em 2015, pois o Carnaval, indicador do fim das férias, está marcado para o dia 17 de fevereiro.
Durante as folgas, é cada vez mais comum encontrar estabelecimentos no Estado que decidem abrir para se diferenciar da concorrência e suprir as necessidades dos clientes. As lojas, no entanto, só podem abrir suas portas se estiverem protegidas por leis municipais e por acordos entre os sindicatos de patrões e empregados. Abrir a loja durante o feriado se torna caro para os comerciantes, já que os pagamentos das jornadas de trabalho dos funcionários devem ser equivalentes ao dobro dos praticados em dias não úteis.
No ano passado, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou uma média nacional de que, em cada dia de feriado, o impacto dos dias não úteis - incluindo o custo das horas extras e a queda das vendas -  gerou 9,2% de perda na lucratividade, em comparação com um dia normal. Já no Rio Grande do Sul, a redução do lucro do varejo por dia de feriado foi maior, de 10,9%. O cálculo é feito com base nas pesquisas mensais e anuais de comércio e nas contas nacionais trimestrais divulgadas pelo IBGE.
Para o economista da CNC Fabio Bentes, os números não costumam mudar muito de um ano para o outro, e não serão os feriados que farão 2015 ser um ano ruim para o comércio. “Há monstros mais assustadores do que os feriados, como os juros, a carga tributária e a inflação”, aponta Bentes. As vendas perdidas são as casuais, de consumidores que, por exemplo, estariam no Centro de Porto Alegre a trabalho e comprariam artigos ao acaso. No entanto, o economista explica que, para o varejo de uma forma geral, essa retração não é impactante. “Ninguém passa fome por causa dos feriados, as pessoas antecipam ou compram depois, mas não deixam de consumir”, pondera.

Movimento tende a registrar crescimento somente em restaurantes, hotéis e pontos turísticos

Especialmente na Região Metropolitana, há transferência das compras nos centros das cidades, que costumam esvaziar nos dias de folga, para os shoppings, que são também centros de lazer. Da mesma forma, o consumo é deslocado do comércio para bares e restaurantes.
No Boteco Natalício, em Porto Alegre, o movimento se mantém durante os finais de semana prolongados nas filiais na Zona Sul e no bairro Moinhos de Vento. “Há uma mudança de público. Como as pessoas não trabalham, menos clientes vêm ao bar no horário do happy hour, e mais famílias vêm para jantar a partir das 21h”, conta o proprietário, Eduardo Natalício. Na bar do Centro, no entanto, o movimento cai 50%, já que o estabelecimento é mais frequentado por trabalhadores que vêm direto do expediente. Mesmo assim, Natalício opta por abrir os bares, e costuma organizar promoções e cardápios temáticos conforme o feriado. Menu gauchesco no 20 de Setembro e peixe na Sexta-feira Santa já estão garantidos.
Assim como no Boteco Natalício, o movimento em bares e restaurantes varia conforme a localização e o perfil do estabelecimento, como explica a presidente da secção gaúcha da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-RS), Maria Fernanda Tartoni. Proprietários de bufês executivos, por exemplo, perdem com mais feriados em dias úteis, mas restaurantes em shoppings ou em locais de passeio, como a rua Padre Chagas, ganham com o movimento de quem está de folga. “Somos mais beneficiados com os feriados entre terças e quintas-feiras, em que o público não viaja e o movimento aumenta 20%”, ressalta Maria Fernanda.
Hotéis de cidades turísticas, especialmente na Serra Gaúcha, compartilham das expectativas positivas de bares e restaurantes. De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio Grande do Sul (ABIH-RS), Abdon Barretto Filho, a ocupação dos hotéis nessas cidades aumenta, em média, 20%. “Com o aumento dos feriadões este ano, é a hora de planejar condições especiais de pagamento e qualificação dos espaços e do atendimento”, recomenda. Em compensação, em Porto Alegre, os estabelecimentos recebem menos hóspedes, pois acomodam, em sua maioria, clientes a trabalho.
Além dos hotéis, outros estabelecimentos na Serra Gaúcha também têm o movimento incrementado.

Indústrias consideram negociar horas extras para operar em feriados

Representantes da indústria se consideram os maiores prejudicados por um 2015 lotado de folgas em dias úteis. Se a situação econômica do País for estabilizada, o prejuízo causado pelos feriados não deve ser tão representativo. Mas se os prognósticos seguirem pessimistas, a alternativa para encarar os 10 feriados nacionais em dias úteis poderá ser negociar com funcionários e pagar horas extras para suprir as demandas, o que representa custos para as empresas.
“Se houver pedidos, vamos trabalhar nos feriados. Em tempos difíceis para a economia, não podemos desperdiçar oportunidades”, avisa o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), Getúlio Fonseca. Ele afirma que as indústrias estão motivadas a superar um ano de 2014 ruim e que, para isso, será preciso honrar os compromissos com os clientes.
Para suprir a falta do trabalho nos dias de feriado, a recomendação do representante da Associação Brasileira  da Indústria de Máquinas e Equipamentos do Rio Grande do Sul (Abimaq-RS) Judenor Marchioro é que as empresas proporcionem folga para seus funcionários, mas se organizem para compensar a produção antecipadamente. Horas extras serão negociadas com os sindicatos dos trabalhadores, se houver demanda. Caso o mercado não corresponda às expectativas positivas, o faturamento das indústrias será reduzido, mas os feriados não impactarão em aumento de despesa com os custos dos funcionários.
Para o dirigente da secção gaúcha da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee-RS), Régis Haubert, mesmo que as empresas se planejem para moldar a produção, é normal registrar alguma perda de produtividade em função dos feriados.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO