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Opinião

EDITORIAL

- Publicada em 23 de Janeiro de 2015 às 00:00

Juros contra inflação alta é modelo esgotado


Jornal do Comércio
O Banco Central (BC) tem por tarefa básica monitorar a inflação, o câmbio e as contas do governo central, em busca do superávit primário com o qual o governo paga a astronômica dívida pública de R$ 2 trilhões. A alta de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros da economia (Selic), para 12,25% ao ano, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, deve ter um impacto de R$ 7 bilhões a R$ 10 bilhões na dívida pública federal.
O Banco Central (BC) tem por tarefa básica monitorar a inflação, o câmbio e as contas do governo central, em busca do superávit primário com o qual o governo paga a astronômica dívida pública de R$ 2 trilhões. A alta de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros da economia (Selic), para 12,25% ao ano, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, deve ter um impacto de R$ 7 bilhões a R$ 10 bilhões na dívida pública federal.
O problema é que a elevação dos juros não tem surtido o efeito desejado, o de segurar os preços. Não em 2014, e, pelo menos, no quesito alimentos, quem vai ao supermercado nota, claramente, a alta. Até mesmo frutas subiram bastante e a frase antiga e folclórica de que algo está sendo vendido “a preço de banana” não vale mais. É que a banana também está cara, como a laranja e o mamão. A projeção da inflação, segundo a pesquisa semanal Focus, do Banco Central, apontou que para 2015 baterá no teto da meta, que é de 6,5%. O centro da meta é de 4,5%, com variação de dois pontos para mais ou menos. Infelizmente, está para mais e há alguns meses.
A inflação é o pavor dos que têm mais de 50 anos e vivenciaram a pulverização de salários e poupanças nos anos de 1980/1990. No entanto, como todo medicamento, o aumento dos juros tem efeitos correlatos que podem ser prejudiciais à saúde financeira e econômica do Brasil.
Mesmo que alguns não vejam nada demais no fato de o PIB per capita da Coreia do Sul ser de 32 mil dólares e o da Coreia do Norte, de 1.800 dólares. Afinal, segundo eles, a Coreia comunista é mais igualitária. Desde 2013 que o Comitê de Política Monetária do Banco Central vem aumentando a Selic, que está nos citados 12,25%. O pior é que o comunicado sucinto do Copom deixa espaço aberto para uma nova elevação na próxima reunião, marcada para 4 de março. Ora, juros altos inibem o consumo e, em consequência, seguram os preços. O efeito correlato é que nem todo dinheiro tomado visa ao consumo, mas também ao investimento empresarial e na infraestrutura. A indústria brasileira precisa investir para se modernizar e competir. Com dinheiro caro, há o natural retraimento do setor e quem perde é a economia.
O Copom vinha aumentando os juros para segurar os preços, porém, tudo indica que, no ciclo de alta da Selic, o modelo está esgotado e não surtiu mais efeito. Não dos alimentos, mesmo descontando os efeitos sazonais de secas, chuvas e outras questões. As entidades empresariais sempre condenaram, ao lado dos sindicatos de empregados, a elevação dos juros. Federações das Indústrias, como a Fiergs e Fiesp, lembram que aumento da taxa de juros prejudica a retomada da atividade econômica no Brasil, que está lenta, quase parando, neste 2015, como terminou no ano passado. De acordo com números do Tesouro Nacional, em torno de 25% da dívida mobiliária federal estavam atrelados à Selic.
Com base nesse dado, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) calcula que cada subida de 0,5 ponto percentual na Selic equivale a um acréscimo aproximado de R$ 4 bilhões/ano na dívida pública, transferidos em grande parte para os bancos, que são os maiores credores do Estado.
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