Exatamente às 13h34min do dia 6 de janeiro, o ônibus da Unesul que trafegava em Glorinha, na ERS-030, tendo como destino a praia de Tramandaí, tombou na via, matando oito pessoas e deixando pelo menos 30 feridos. O motivo do acidente, segundo o laudo do Instituto-Geral de Perícias (IGP) divulgado ontem, foi o excesso de velocidade.
A primeira linha de investigação trabalhava com a possibilidade de falha mecânica. Contudo, a perícia não encontrou nenhum problema. Conforme o delegado de polícia Anderson Spier, titular da 1ª DP de Glorinha, existem duas possibilidades de indiciamento para o motorista: homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e homicídio com dolo eventual (quando se assume o risco de que o crime ocorra). “O condutor estava a 102km/h, quando a velocidade máxima da via é de 60km/h. Atualmente, existe o entendimento de homicídio com dolo eventual para esse tipo de acidente de trânsito. Entretanto, é preciso ouvir todas as testemunhas antes. O inquérito deve estar pronto no final de fevereiro”, afirmou.
De acordo com ele, o motorista relatou, no primeiro depoimento, que escutou um barulho na suspensão do veículo. O problema foi descartado pelos peritos. “O IGP também forneceu o horário exato do tombamento, o que nos leva a concluir que o ônibus não estava atrasado no momento do acidente. As vítimas que já foram ouvidas afirmaram que, na penúltima curva, o veículo já balançava muito, gerando desconforto”, ressalta.
O ônibus deixou a rodoviária da Capital com 27 passageiros. Como realizou outras paradas durante o trajeto, o delegado ainda não consegue precisar o número total de pessoas que estavam no veículo na hora do acidente. Spier recebeu informações de que algumas vítimas pegaram carona com veículos que passavam pela rodovia e foram para outros hospitais do Estado. A confirmação do número exato só deve sair no final do inquérito.
Para o IGP, o não uso do cinto pelos passageiros agravou a situação
Para o perito responsável pelo laudo, Wilson Toresan Júnior, uma das agravantes do acidente foi que a maioria das pessoas não estava utilizando cinto de segurança. Segundo ele, nas proximidades do local em que o ônibus estava tombado, já foi possível identificar sinais do excesso de velocidade. “Pela experiência, conseguimos notar marcas de pneus na via, indicando que o motorista não conseguiu vencer o traçado curvo da estrada. Posteriormente, vimos sinais de que o chassi foi arrastado pela pista, indicando o local do início do tombamento”, explica.
A velocidade exata do ônibus foi constatada com a análise do tacógrafo, um dispositivo que monitora o tempo de uso, a distância percorrida e a velocidade que desenvolveu o veículo. “Existe ainda uma marcação de 118km/h, mas após a marca dos 102km/h, o que significa que esse pico ocorreu quando os pneus já não tocavam mais o chão”, relatou.
O diretor-geral do IGP, Cleber Müller, aproveitou a divulgação do laudo para ressaltar a importância da qualificação e valorização dos peritos. Toresan, por exemplo, é Engenheiro Mecânico e, por isso, teve competência para avaliar a parte mecânica do ônibus. Além disso, frisou que a nova gestão realizará uma força-tarefa dentro do IGP para agilizar a conclusão de cerca de 20 mil laudos atrasados.