Fotos de satélite mostram que ao menos 290 sítios históricos do país foram danificados pela guerra civil -24 deles estão totalmente destruídos, 189 foram moderadamente danificados e os 77 restantes também estariam em más condições. A informação foi divulgada nesta terça (23) pela Unitar, instituto da ONU para informação e pesquisa.
Com uma história que remonta à de grandes impérios do Oriente Médio, o território da Síria encerra importantes sítios culturais e prédios históricos atingidos pelo conflito que já dura três anos. Esse é o caso da mesquita Omíada, na cidade de Aleppo, habitada há 7.000 anos.
"Esse é um testemunho alarmante do dano à que está submetida a vasta herança cultural da Síria", diz o relatório da Unitar. "Esforços nacionais e internacionais para a proteção dessas áreas precisam ser efetivados para salvar da destruição locais que são patrimônio da humanidade", conclui o documento.
Conflitos entre as forças fiéis ao presidente Bashar al-Assad e rebeldes deixam um rastro de destruição por todo o país, e mesmo túmulos na cidade de Palmira, em meio ao deserto, e templos da época romana foram danificados. O relatório documenta inclusive danos a locais tombados pela Unesco na porção norte da cidade de Aleppo.
Combatentes dos dois lados têm usado velhas fortalezas como bases militares, e o Exército também posicionou atiradores de elite na cidadela de Aleppo, um dos maiores e mais antigos castelos do mundo.
Forças insurgentes usaram um castelo da época das cruzadas, o Crac des Chevaliers, de 900 anos, em suas operações até que o Exército de Assad o retomou em março, depois de meses de bombardeios. Damasco, a capital do país e uma das maios antigas cidades continuamente habitadas em todo o mundo, sofreu muitos danos.
Imagens de satélite do Programa Operacional de Aplicações por Satélite (Unosast), do Unitar, analisaram 18 zonas, seis delas consideradas patrimônios da humanidade pela Unesco.
A antiga cidade de Bosra e sítios arqueológicos que remontam ao período bizantino no norte da Síria também foram danificados, de acordo com a Unitar. E há sítios arqueológicos que, considerados hereges pelos radicais muçulmanos sunitas, foram por eles destruídos.
Maamoun Abdulkarim, autoridade síria para antiguidades e museus, disse à agência Reuters que no ano passado centenas de artefatos de até 10 mil anos de existência foram removidos para locais seguros para serem protegidos.
A ONU diz que mais de 200 mil pessoas foram mortas nos conflitos na Síria desde março de 2011.