Dentro de um ano e meio, os porto-alegrenses poderão começar a sentir o resultado de um programa lançado na sexta-feira, no Paço Municipal. Trata-se do maior plano de drenagem urbana da história da Capital, o Programa de Drenagem Urbana de Porto Alegre (DrenaPOA). A partir de investimentos federais, através do PAC Prevenção, Porto Alegre terá R$ 237 milhões em recursos destinados a cinco projetos nesse segmento, sem necessidade de contrapartida do município. O início das obras está estimado para o segundo semestre de 2015.
A prefeitura passou dois anos elaborando anteprojetos para obter essa verba, e conseguiu a liberação da União neste mês. Em março de 2015, serão publicados os editais para a contratação das empresas que farão as obras da primeira etapa do projeto, em um valor de R$ 195 milhões. A iniciativa deve solucionar em cinco anos o problema de alagamento em dias de chuva em diversas regiões da cidade, garantindo o cumprimento do Plano Diretor Municipal de Drenagem Urbana.
Entre as cinco obras, há três grandes projetos que estão incluídos na primeira etapa do programa. Um deles é o sistema de proteção contra as cheias, com investimento de R$ 86,99 milhões. Será realizada a reforma e a ampliação de cinco casas de bombas, equipando cada uma delas com um gerador próprio. O aparelho impedirá que os locais parem de funcionar quando há queda de energia elétrica. A capacidade de bombardeamento das águas passará de 45 mil para 67 mil litros por segundo. Essas obras têm prazo de 36 meses.
Outra grande obra é na bacia hidrográfica do arroio Areia. Seu sistema de macrodrenagem será ampliado. É o projeto com mais recursos destinados, de R$ 106 milhões, e atenderá a uma região com graves transtornos em dias de chuva. Nos últimos 20 anos, quatro pessoas morreram em virtude da quantidade e velocidade de água de alagamento. Serão 13 bairros beneficiados na zona Norte de Porto Alegre. A previsão de entrega é de 48 meses a partir do início dos trabalhos.
O terceiro investimento será também na ampliação de um sistema de macrodrenagem, da bacia hidrográfica do arroio Moinho. A obras custará R$ 38 milhões. A intervenção abrangerá parte dos bairros São José e Vila João Pessoa. O prazo estimado é de 36 meses.
Outros dois projetos executivos a serem realizados são as bacias hidrográficas dos arroios Guabiroba e Manecão. Ambas estão localizadas na zona Sul da Capital. Na primeira, será feito um canal de macrodrenagem para evitar cheias no bairro Ponta Grossa, com orçamento de R$ 457,75 mil. A segunda inclui a implantação de oito reservatórios de detenção em diversos locais, bem como uma casa de bombas e diques de proteção, na região do Lami. O valor do projeto é de R$ 1,49 milhão.
Segundo o prefeito José Fortunati, o DrenaPOA solucionará um problema histórico da Capital. “A enchente de 1941 foi emblemática, pois parte do Centro ficou submersa. Em 1967, houve outra enchente, de menor grau, e alguns anos depois foi criado o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), para que pensasse um sistema de prevenção contra cheias”, relata. Desde então, obras como a construção do Muro da Mauá foram realizadas. Nos últimos dez anos, houve investimento de R$ 160 milhões em obras de proteção contra cheias.
Conforme o diretor-geral do DEP, Tarso Boelter, os investimentos prevenirão desastres naturais. As licenças ambientais prévias já foram fornecidas. “Cerca de 500 mil moradores serão beneficiados diretamente por essas obras. Além disso, melhorará a mobilidade urbana”, enfatiza.
Para a realização da ampliação da casa de bomba localizada no bairro Sarandi, será necessário desapropriar dez residências. “Essas casas invadiram uma área que já é da casa de bomba e teremos que remover as famílias. Por isso, essa obra não está incluída na primeira etapa, pois a Caixa Econômica Federal, que está fazendo o financiamento desse programa, só disponibilizará o recurso quando já houver um plano de remoção”, explica Boelter.