Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

investimentos

- Publicada em 15 de Dezembro de 2014 às 00:00

Tarso deixa 22 projetos para novo governo


GILMAR LUÍS/JC
Jornal do Comércio
O comandante da Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (SDPI), Mauro Knijnik, não vê a hora de saber quem será o sucessor. Não que Knijnik tenha pressa em passar o leme e tirar férias. O descanso prolongado até está nos planos, mas o secretário, que ficou no cargo nos quatro anos do Governo Tarso Genro (PT), quer mesmo é transmitir a herança a José Ivo Sartori (PMDB). “Vou entregar a pasta com negociações já perto dos finalmentes.” Entre elas, uma fábrica de caminhões chinesa (a segunda no governo), e outra de fertilizantes, antecipa, garantindo que a carteira soma 22 projetos, todos com chance de serem confirmados.

O comandante da Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (SDPI), Mauro Knijnik, não vê a hora de saber quem será o sucessor. Não que Knijnik tenha pressa em passar o leme e tirar férias. O descanso prolongado até está nos planos, mas o secretário, que ficou no cargo nos quatro anos do Governo Tarso Genro (PT), quer mesmo é transmitir a herança a José Ivo Sartori (PMDB). “Vou entregar a pasta com negociações já perto dos finalmentes.” Entre elas, uma fábrica de caminhões chinesa (a segunda no governo), e outra de fertilizantes, antecipa, garantindo que a carteira soma 22 projetos, todos com chance de serem confirmados.

Jornal do Comércio – Qual é o balanço dos quatro anos?

Mauro Knijnik – Saio feliz, com a cabeça erguida e dever cumprido. O saldo é mais positivo que negativo. Ao entrarmos, sentimos os empresários gaúchos com astral baixo, de que nada daria certo, uma característica do gaúcho. Buscamos medidas para reverter a posição do Estado, que não vinha bem no País. Fizemos uma política industrial, que levou oito meses para ser formulada, ouvindo 600 pessoas entre empresários, setores de trabalhadores e universidades. Isso virou documento ao futuro governo.

JC – O que é mostrado?

Knijnik – Entraram áreas que, no primeiro trabalho, não apareciam com prioridade clara, como a do carvão mineral. Como há novas tecnologias e temos a maior reserva do País, buscamos aplicações, da energia à carboquímica. Assinamos protocolo com a sul-coreana Posco para estudos e com investimento de US$ 1,8 bilhão em uma planta de regaseificação de carvão. Isso está andando e vai estourar. No setor eólico, conseguimos parcerias para ampliar a capacidade, fazendo do Estado um player importante na área no País. Os aportes somam R$ 16,5 bilhões. O empreendimento mais recente, da Honda, gera energia à montadora da marca em Sumaré (SP), ao integrar ao sistema nacional.   

JC – Qual é o futuro do polo naval de Charqueadas?

Knijnik – Dificilmente, no Brasil, tenhamos um site tão apropriado como o de Charqueadas. O projeto da Iesa, escolhido pela Petrobras, teve nosso apoio, desde crédito em bancos à emissão de licenças ambientais. Há informações de que a empresa desviou recursos de Charqueadas para a holding Inepar, que estava em dificuldades. Se o pessoal tirou dinheiro “em saco” daqui para lá, o projeto não pôde ir adiante. A meu ver, a Petrobras poderia ter sido mais ágil quando apareceram compradores. Houve um impasse no preço. Antes de fechar com a Andrade Gutierrez (agosto), estava quase certo com a UTC.  

JC – Faltou ação do Estado?

Knijnik - Acho que não, porque não temos poder em temas de petróleo e gás. Só conheci o pessoal da Iesa na hora em que começou a dar confusão. O projeto em Charqueadas é essencialmente privado e havia contratos sólidos com a Petrobras. Não há Fundopem no empreendimento, mas financiamentos do Badesul e Banrisul para as obras civis. Mas vejo perspectivas muito boas para o polo. Há empresas de primeiro nível nos procurando. Se, por exemplo, entrar uma empresa norueguesa comprando ativos da Iesa, a Petrobras aceitará. Precisamos esperar o desfecho da recuperação judicial que levará três a quatro meses. Só falamos de casos muito ruins, mas há os muito bons, que vão estourar entre janeiro e março, como uma nova fábrica de caminhões. Não posso dizer porque não está acertado. Vou entregar a pasta com negociações já perto dos finalmentes. Também tem uma fábrica de fertilizantes, a partir do carvão, em tratativa avançada. Nos caminhões, falta a decisão do grupo no exterior, que está aguardando o novo governo. Nossa transição será de alto nível e vamos passar 22 projetos em andamento e acredito que todos podem se concretizar.  

JC – O que não deslanchou?

Knijnik – Foi o polo aeroespacial, com potencial para gerar alto valor agregado. Detectamos que as ações neste setor só ocorriam em São José dos Campos, sede da Agência Espacial Brasileira (AEB). O problema é que pensam que só existe inteligência lá, o que bloqueia qualquer iniciativa de fora. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao governo federal, agiu errado ao distribuir migalhas de recursos para cada região para desenvolver microssatélites, sistema mais moderno para transmissão de dados, que o Brasil importa. Precisávamos de R$ 30 milhões e virão pouco mais de R$ 1 milhão. A saída é criar uma empresa gaúcha com parte de capital do Estado. Tínhamos até uma minuta da sociedade, mas nada prospera sem o aval de autoridades federais, que estão nas mãos de São José dos Campos, que não quer concorrência. Será um desafio grande do Sartori fazer essa descentralização. 

JC – Qual é o empreendimento símbolo do governo?

Knijnik – O maior foi a Celulose Riograndense (R$ 5 bilhões), mas tem a chinesa Foton, que terá fornecedores instalados em Guaíba. É um grupo muito respeitado no seu país. Aliás, fizemos esforço para transformar o Estado na casa da China. Muitas companhias de lá indagam sobre as razões que fizeram a Foton vir para cá, e temos contatos adiantados com algumas delas. O principal legado que deixaremos está nas relações internacionais. Recolocamos o Rio Grande do Sul no roteiro de visitas de empresas internacionais. 

JC – O senhor acha que isso terá continuidade?

Knijnik – Há falta de recursos, mas estas agendas não envolvem muito dinheiro. O importante é manter os contatos e atendê-los bem aqui. No detalhamento das ações para o próximo secretário, colocamos nomes e contatos de todos. Já telefonei a pelo menos dez empresas estrangeiras para dizer que houve uma eleição, que a transmissão do governo será de alto nível e que ganhou um partido (PMDB) que apoia o governo da presidente Dilma. A reação é positiva. Como gaúcho, torço que dê tudo certo com o próximo governo. Espero que o Sartori coloque logo alguém aqui, pois estou louco para repassar tudo e com calma. E uma coisa importante: com a estrutura que montamos, qualquer pessoa toca a pasta. 

JC - O Fundopem atende ao que as empresas precisam?

Knijnik - Nada é definitivo, mas o grande avanço foi a inclusão das cooperativas. A agilidade é adequada e foi puxada pela Sala do Investidor. Outra coisa: o Desenvolvimento precisa estar ligado à Fazenda, pois, se não, fica difícil. Formar um grupo uníssono foi um dos segredos do atual governo. Aprovamos R$ 4,3 bilhões no fundo, e há R$ 1,8 bilhão em análise. No governo Germano Rigotto (2003-2006), foram R$ 1,98 bilhão, e, no de Yeda Crusius (2007-2010), R$ 1,51 bilhão. 

JC – Tem investimento que o senhor perdeu por detalhe?

Knijnik – Foi a Volkswagen, que estava fechada para instalar uma fábrica aqui, mas desistiu de ampliar no Brasil. Estava certo, com quase comemoração. Já estava aprendendo a falar até alemão (risos). Mas vamos fechar o governo com carteira de R$ 55,15 bilhões em investimentos e projeção de 65 mil empregos diretos, sendo que R$ 8,7 bilhões estão em operação, e R$ 14,5 bilhões em obras.

Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO