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Histórias do Comércio e dos Serviços

- Publicada em 15 de Dezembro de 2014 às 00:00

Simplicidade nos filés é a receita do Bar e Restaurante Walter


GILMAR LUÍS/JC
Jornal do Comércio
Dizem que Walter Berner foi um homem carismático, que gostava de dar risada, apreciava o chope em um gole só e tratava os fregueses como amigos. Ele já é falecido, mas seu nome e sua simpatia ainda são a marca do Bar e Restaurante Walter, há 49 anos na Capital. O estabelecimento é especializado em filés, mas alguns pratos do cardápio são tradicionais da culinária alemã. Em uma casa alaranjada, atrás de um arvoredo na rua Dr. Vale, no bairro Floresta, o Bar e Restaurante Walter quase se esconde, mas recebe diariamente clientes fiéis.  
Dizem que Walter Berner foi um homem carismático, que gostava de dar risada, apreciava o chope em um gole só e tratava os fregueses como amigos. Ele já é falecido, mas seu nome e sua simpatia ainda são a marca do Bar e Restaurante Walter, há 49 anos na Capital. O estabelecimento é especializado em filés, mas alguns pratos do cardápio são tradicionais da culinária alemã. Em uma casa alaranjada, atrás de um arvoredo na rua Dr. Vale, no bairro Floresta, o Bar e Restaurante Walter quase se esconde, mas recebe diariamente clientes fiéis.  
Os pratos preferidos são os filés à parmegiana, acebolado e recheado com queijo e presunto. Todos, na teoria, servem uma pessoa, mas, na prática, são recomendados para duas, a preços em torno de R$ 40,00. Em quase 50 anos de existência, o estabelecimento mudou muito pouco o cardápio. Tampouco fez propaganda ou planejou estratégias de negócio. Enquanto outros restaurantes constantemente pensam em inovações, analisam a concorrência e projetam novas formas de agradar o cliente, o Bar e Restaurante Walter seguiu sempre a mesma receita: manter tudo como sempre foi, da proposta aos ingredientes, dos garçons aos preços. Conservar a clientela e ter na memória as exigências de cada um são o foco do restaurante. 
A história do boteco em Porto Alegre começou em 1965, quando Berner comprou o chamado bar Renânia de um senhor, imigrante alemão. O estabelecimento mudou de proprietário, mas seguiu com o cardápio originário da herança alemã do antigo dono. Lombo de porco à milanesa, salsicha bock e chucrute eram um sucesso tão grande que Berner preferiu manter a perder a clientela. Mas nem só de culinária alemã vivia o restaurante. Sanduíche aberto e croquete também eram famosos. “Naquela época, só homens frequentavam bares, por isso eu não passava muito tempo com meu pai. Ele abria o bar de manhã e ia embora de madrugada”, conta a filha Sonia Berner, hoje sócia do Bar e Restaurante Walter ao lado da irmã, Marli Berner.
Aos poucos, o bar ficou cada vez mais parecido com um restaurante, e as mulheres da família entraram no cotidiano do estabelecimento. “A cozinha era pequena e comprida. Era uma fumaceira sem fim”, recorda Sonia. Alguns anos depois, o bar Renânia trocou de endereço, ganhou o nome de Walter e passou a servir também filés, para agradar os que não comiam carne de porco. Nos anos 1970, o restaurante esteve localizado em uma casa que a vizinhança dizia ser suspeita e abandonada, na rua Ramiro Barcelos. Nos anos 1980, ocupou um casarão velho na rua Cristóvão Colombo. Somente em 2004, chegou à rua Dr. Vale.
Mesmo depois de tantas mudanças, o que fez o Bar e Restaurante Walter se manter foram as pessoas que o acompanharam. Sonia e a irmã Marli abraçaram o projeto do pai desde cedo, como lavadoras de prato, faxineiras, garçonetes e gerentes. Além delas, os três garçons do restaurante também ajudaram a levar o negócio adiante.

Garçons atendem às exigências de cada cliente

Durante mais da metade de sua vida, Mario Borges Selau, de 65 anos, foi garçom do Bar e Restaurante Walter. Há 35 anos, ele atende aos clientes do estabelecimento com bom humor e gentileza. O mais antigo garçom do boteco conta que se sente parte da família. “Berner me tratava como filho e me ensinou a ser honesto”, relata.  Parceiro de Selau como garçom, há 28 anos no restaurante, Calisto de Jesus ressalta que o antigo chefe deixou de legado o respeito aos clientes em primeiro lugar. “Sempre damos aquele famoso jeitinho brasileiro de agradar a todos, cada um com suas manias”, conta.
Muitos clientes adotaram seu garçom preferido e são atendidos sempre pelo mesmo. Entre eles, estão os amigos Felipe Tremarin, Gustavo Mello e Alexandre Azevedo, que há cinco anos comparecem ao Bar e Restaurante Walter toda segunda-feira. Quando o grupo chega, Jesus já sabe que é hora de trazer a cerveja e um balde de gelo. “O atendimento é o principal motivo que nos faz vir aqui”, conta Mello. 
A proposta de simplicidade e atendimento gentil no restaurante fez a relação do casal Tadeu Cardoso e Regina Cagliare com o garçom Jesus se transformar em amizade. Há seis anos, o atendente acompanha a trajetória de Sofia, filha autista do casal que, muitas vezes, enfrenta dificuldades motoras e se mantém inquieta à mesa. Sempre que Sofia chega, Jesus faz de tudo para agradá-la: apressa o filé com queijo que ela gosta e traz um pãozinho para enganar a fome. “Nos sentimos abraçados e sabemos que a Sofia é bem-recebida aqui”, conta Regina.
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