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turismo

- Publicada em 08 de Dezembro de 2014 às 00:00

Características locais impulsionam destinos turísticos


JOÃO MATTOS/JC
Jornal do Comércio
Focados em estratégia de posicionamento de mercado, cada vez é mais comum que destinos brasileiros usufruam de títulos que relacionem características peculiares à uma marca com apelo turístico. Algumas associações são implementadas de acordo com a produtividade das regiões, como é o caso do cultivo de uva na cidade de Bento Gonçalves, conhecida como Capital Brasileira do Vinho, enquanto outras surgem a partir de eventos, como os que ocorrem em Barretos (SP). Esta última passou a ter maior visibilidade a partir de 2012, quando legislação federal reconheceu oficialmente o destino como Capital dos Rodeios. Outros 16 municípios brasileiros obtiveram o direito de uso de um título a partir de legislações criadas a partir de iniciativa de parlamentares, principalmente nos últimos quatro anos.
Focados em estratégia de posicionamento de mercado, cada vez é mais comum que destinos brasileiros usufruam de títulos que relacionem características peculiares à uma marca com apelo turístico. Algumas associações são implementadas de acordo com a produtividade das regiões, como é o caso do cultivo de uva na cidade de Bento Gonçalves, conhecida como Capital Brasileira do Vinho, enquanto outras surgem a partir de eventos, como os que ocorrem em Barretos (SP). Esta última passou a ter maior visibilidade a partir de 2012, quando legislação federal reconheceu oficialmente o destino como Capital dos Rodeios. Outros 16 municípios brasileiros obtiveram o direito de uso de um título a partir de legislações criadas a partir de iniciativa de parlamentares, principalmente nos últimos quatro anos.
De acordo com o assessor especial do Ministério do Turismo (MTur), Ítalo Mendes, “o governo tem se esforçado” em procurar identificar qual a “marca registrada” de diversos lugares com potencial turístico no País. “O título diferencia determinado destino dos demais, e promove a curiosidade de visitantes em conhecer peculiaridades como a produção de erva mate em Venâncio Aires”, declarada a Capital Nacional do Chimarrão em 2009, via lei estadual 13.281. 
Muitas cidades ainda são conhecidas informalmente por uma determinada característica, como é o caso de Socorro, no interior de São Paulo, chamada pelos turistas de Capital da Acessibilidade. “No entanto, esta nomenclatura não é oficial”, pondera a chefe da Divisão de Turismo da prefeitura, Deise Formagio. A gestora admite que desde quando Socorro implementou um projeto (em parceria com uma ONG) promovendo atividades de aventura voltadas especialmente para pessoas com alguma deficiência física, as possibilidades turísticas da localidade se ampliaram.
Em 2007, o MTur viu com bons olhos o projeto e propôs a realização de adaptações para tornar a cidade mais acessível. Houve então injeção de recursos, mais de R$ 2 milhões, para implementação de rampas e outros equipamentos destinados à acessibilidade em partes do Centro Histórico, bem como em prédios, como o do Palácio das Águias, o museu principal e o da prefeitura, ou lugares como o Mirante do Cristo, e dois portais de entrada do município. “Com isso, também a iniciativa privada se motivou e passou a investir”, recorda Deise.
Atualmente, dois hotéis da cidade são famosos pelo diferencial de estrutura para turismo de aventura com acessibilidade para deficientes. E mesmo que a cidade não seja totalmente acessível, ganhou fama pela peculiaridade, e, de quebra, um incremento de 15% no número anual de visitantes. “Sem dúvida, aumentou a procura, desde pessoas com deficiências, que sempre viajam acompanhadas, até interessados em realizar missões técnicas para conhecer a estrutura disponível”, garante. Localizada a 130 quilômetros da capital paulista, Socorro é cercada pela Serra da Mantiqueira, e oferece atrativos de aventura na terra, água ou ar para todos os públicos. Não à toa, o município também é famoso por ser um dos melhores locais do País para a prática de atividades em trilhas, rapel, raffiting, entre outros.
“Há cerca de 10 anos, o turismo em Socorro era muito incipiente e pouca gente conhecia o destino”, destaca o assessor especial do MTur. “O destino passou a se posicionar como a Capital do Turismo Acessível estimulando os empreendimentos locais a adaptar suas estruturas, e o resultado é de cada vez mais visitantes chegando à cidade todos os anos.” 

Eventos ajudam na popularização de municípios

Cases de sucesso relacionados a eventos que tornaram os destinos conhecidos não faltam no Brasil. Em geral, são municípios que apostam da divulgação dos atrativos o ano inteiro, mesmo que as atividades aconteçam apenas durante uma semana na região. “Em Minas Gerais, Uberaba ficou conhecida como Capital Brasileira do Zebu, atraindo visitantes não só durante a feira de agronegócios ExpoZebu, que ocorre em maio, mas movimentando a economia da cidade o ano inteiro, a partir da visitação da criação de gado zebu”, afirma o assessor especial MTur, Ítalo Mendes. No litoral Norte de São Paulo, o município-arquipélogo Ilhabela atrai 1,5 milhão de pessoas durante o ano. Seu principal evento é a Semana da Vela, que ocorre há 42 anos. No entanto, foi há pouco mais de duas décadas que os gestores locais decidiram assumir de vez a “marca registrada” do município, que se caracteriza por ser espaço com potencial para esportes náuticos.
“Passamos a inserir uma vela no logotipo da cidade, e divulgar todo nosso material com foco no evento”, conta a diretora de Turismo de Ilhabela, Maria Eunice Bourroul. Atualmente, a estância balneária é conhecida como Capital Nacional da Vela, nomenclatura oficializada através de legislação federal de 2011. Somente durante os dias de evento, 150 barcos estrangeiros e nacionais e cerca de 2 mil pessoas ancoram por lá. “Na alta temporada (dezembro a março), o número de visitantes chega a 500 mil.” Também tripulações de 130 navios de cruzeiros costumam circular pela cidade, principalmente de novembro a abril. “Somos rota do Nordeste para o Sul e vice-versa.” A região também promove atividades de ecoturismo, mergulho, turismo de sol e praia, que levam o título que tornou-se marca registrada de Ilhabela. E até outros eventos — como o Ilhabela in Jazz e o Festival do Camarão — se beneficiam desta publicidade.

Produção agrícola ecológica de Ipê atrai visitantes estrangeiros

No Rio Grande do Sul, a Capital Nacional da Agricultura Ecológica, como é chamada — desde 2010, a partir da lei federal 12 238 – a cidade gaúcha de Ipê, município com 7 mil habitantes, próximo a Antônio Prado, na Serra Gaúcha, ainda não tem hotéis nem restaurantes, mas ainda assim recebe anualmente muitos visitantes, inclusive estrangeiros. O foco é conhecer as 57 propriedades rurais que trabalham com produtos sem agrotóxicos, iniciativa que foi pioneira no Estado.
Outros atrativos, como a Cascata da Rola, na Vila São Paulo, que compõe uma formação cênica com queda livre de aproximadamente 20 metros, e a Gruta Nossa Senhora de Lurdes (uma queda d‘água de 50 metros, com um túnel que dá acesso a uma caverna superior que serviu de habilitação para os índios no passado) são conhecidos por quem procura a cidade para entender como funciona o modelo de negócio que “possibilita a solidariedade entre as pessoas e a sustentabilidade dos recursos naturais”, segundo o secretário da Agricultura e Meio Ambiente, Valdir Bueno.
Neste sentido, o lugar que virou referência no município é o Centro Ecológico, onde muitos expositores da Feira Orgânica da José Bonifácio, que ocorre aos sábados em Porto Alegre, aprenderam a trabalhar. Outras seis associações de agroecologia recebem periodicamente interessados em conhecer o know how dos produtores. “Depois desta nomenclatura, houve uma grande evolução”, diz Bueno. “Os olhos do País voltaram-se para Ipê. Diariamente, recebemos pessoas em busca de informação do destino”, garante. 
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