A urgência da democracia

Desde a segunda metade do século XX, a democracia tem se consolidado como a forma de governo mais legítima, convertendo-se, inclusive, em um dos ideais estruturantes das sociedades modernas. No entanto, tanto enquanto um ideal como enquanto um regime concreto, trata-se de um fenômeno com estatuto paradoxal: em seu nome derrubam-se governos autoritários, mas também se justifica a invasão de territórios autônomos.

Ao mesmo tempo em que a população de diversos países reúne multidões para implementar esse regime político, em tantos outros as manifestações expressam a insatisfação quanto aos limites da própria democracia para promover as transformações almejadas. Finalmente, não é possível falar simplesmente da democracia enquanto um modelo único. Esse diagnóstico inicial sobre a centralidade da questão para as sociedades contemporâneas, a diversidade de concepções e de formas de efetivá-las, bem como as contestações que se espalham pelo mundo, e que têm a democracia ou como meta ou como alvo de críticas, aponta para a extrema urgência de se debater com profundidade essa temática.

O ano de 2014, que marca os 30 anos da abertura democrática no Brasil, após duas longas décadas vividas sob um regime ditatorial, constitui-se em um momento particularmente pertinente para que essas discussões sejam realizadas. É precisamente essa pauta do Seminário Internacional da Escola de Altos Estudos/Capes “Sociedade Civil, Democracia e Contestação”, que reunirá mais de 20 pesquisadores de diversos países e de diferentes perspectivas e áreas do conhecimento de 24 a 27 deste mês no campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), para debater os desafios teóricos e empíricos das democracias do século 21. O evento certamente contribuirá para reflexões essenciais. Haverá transmissão pela internet, e a participação é gratuita.