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Coluna

- Publicada em 21 de Novembro de 2014 às 00:00

Melódica e cativante busca da identidade


Jornal do Comércio
O romance O incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação (Alfaguara, 328 páginas, tradução de Eunice Suenaga) do consagrado e premiado escritor japonês Haruki Murakami, antes de mais nada, revela uma nova faceta para os leitores novos e para os que já conhecem sua obra. Murakami já recebeu, entre outros, os prêmios Franz Kafka e Yomiuri.
O romance O incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação (Alfaguara, 328 páginas, tradução de Eunice Suenaga) do consagrado e premiado escritor japonês Haruki Murakami, antes de mais nada, revela uma nova faceta para os leitores novos e para os que já conhecem sua obra. Murakami já recebeu, entre outros, os prêmios Franz Kafka e Yomiuri.
Nascido em Kyoto em 1949, é um dos autores japoneses mais importantes da atualidade e já foi traduzido para 42 idiomas. Dele a Alfaguara já publicou o relato Do que eu falo quando eu falo de corrida e os romances Minha querida Sputnik, Norwegian Wood, Kafka à beira-mar, Após o anoitecer e a trilogia IQ84.
O incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação tornou-se um fenômeno no Japão, com mais de um milhão de exemplares vendidos em uma semana e atingiu o primeiro lugar em listas ao redor do mundo.
A envolvente narrativa trata de Tsukuru Tazaki, um homem solitário, na casa dos 30 anos, perseguido incessantemente pelos fantasmas do passado. Mora sozinho em Tóquio, é obcecado por trens e estações ferroviárias. Trabalha no projeto e na construção de estações de trem.  Vive em uma espécie de vazio. Quando jovem, vivia com um grupo de cinco amigos inseparáveis, em Nagoia, que davam sentido à sua vida. Ele se sentia parte de algo maior.
Cada amigo tinha uma cor no sobrenome, mas Tsukuru não tinha. Ele não esquece jamais que, 16 anos atrás, foi, inexplicavelmente, expulso do grupo e nunca mais viu os amigos. Ele fechou-se em si mesmo, com medo de buscar explicações. Sua atual namorada Sara, dois anos mais velha, que ele ama, mas está prestes a perder, o estimula a reencontrar cada um dos amigos para descobrir a verdade.
Na emocionante busca pela identidade, a jornada vai levá-lo a locais distantes, em uma transformação espiritual na busca pela verdade. Melódica e cativante, a narrativa vai descortinando pessoas perdidas, lutando para lidar com o desconhecido e, de algum modo, aceitá-lo. Algo que, de certo modo, acontece com todas as pessoas.

Lançamentos

  • Todos entoam - ensaios, conversas e lembranças (Ateliê Editorial, 422 páginas), de Luiz Tatit, professor da USP, escritor, músico e crítico, apresenta 22 ensaios sobre a canção brasileira, os cancionistas e assuntos correlatos. O autor fala de sua vida, do grupo Rumo (1974-1992), de São Paulo e de vanguarda. Fala também de Rita Lee, bossa nova, Chico Buarque e de incontáveis aspectos, inclusive semiologia, teoria da canção e uma grande entrevista, com perguntas vindas de várias partes do mundo.
  • Bukowski - miscelânea septuagenária - contos & poemas (L&PM Editores, 392 páginas, tradução de Pedro Gonzaga) traz, pela primeira vez no Brasil, a obra com contos e poemas inéditos de Charles Bukowski, o Velho Safado, o autor que soube retratar o outro lado dos Estados Unidos, a vida dos marginalizados, o alcoolismo, a prostituição, a autodestruição e a falta de perspectiva. Bukowski retratou como ninguém a sordidez e o patético da parte da vida norte-americana que a maioria prefere esconder.
  • Lulu (Edelbra, 32 páginas), obra de literatura infantojuvenil do jornalista, poeta e escritor Fabrício Carpinejar, com belas ilustrações de Serena Riglietti, mostra, de forma sensível e poética, o delicado cotidiano de uma menina com deficiência auditiva. Tudo para Lulu é menos complicado que pode parecer, como, aliás, ocorre com a maior parte das crianças. Ao final da história, belas palavras sobre a relação da menina com a mãe e com o amor. 
  • O melhor de Mario Quintana (AGE, 128 páginas), com fotos afetivas de Dulce Helfer e textos amorosos de Armindo Trevisan e Tabajara Ruas, é uma homenagem carinhosa e merecida ao grande poeta, que nasceu em 1906 e faleceu em 1994.  Textos e fotos mostram a trajetória de Quintana, e, ainda, há depoimentos de Erico Verissimo, Luis Fernando Verissimo, Marcelo Coelho e Paulo Mendes Campos. Poemas e textos em prosa de Quintana acompanham fotos e textos, dialogando com eles. Uma bibliografia completa de Mario encerra o volume.

E palavras...

A grana preta oriental e o fusquinha azul do José Mujica
Nelson Rodrigues disse que o dinheiro compra tudo, até amor verdadeiro. Lá em Bento Gonçalves, os gringos inteligentes sabem que com dinheiro tu fazes até um urso dançar, especialmente se o urso for de alguma cidade próxima. Dinheiro fala muito, fala alto e curava até as doenças imaginárias da minha vovó pobre, lá na Itália. Mas será que dinheiro compra tudo, mesmo? Tem coisas que não têm preço?
No filme Proposta indecente, de Adrian Lyne, de 1993, o milionário encarnado pelo então cinquentão sexy Robert Redford aproveita a pindaíba de um jovem casal e a beleza da esposa interpretada pela deusa Demi Moore, na época com trinta e um aninhos, e oferece um milhão de dólares por uma noite de amor. Ela e o marido topam, achando que o cara era meio velhinho e tal, que não daria em muita coisa. Não foi bem assim.  O resto vocês sabem.
Um milhão de dólares um xeque árabe ofereceu pelo modesto fusquinha azul 1987 de José Mujica, presidente do Uruguai. Pois é, ainda existem fios de bigode e princípios nesta terra. Mujica disse que enquanto viver não vende o besouro, símbolo maior da austeridade do presidente mais pobre do mundo. Pelo visto, nem adianta o árabe insistir ou oferecer mais. Olha que US$ 1 milhão é mais ou menos o valor do Prêmio Nobel. Na nossa poupança renderia uns R$ 125 mil por mês.
Mujica poderia ter aceitado a oferta do xeque e destinado a tremenda bufunfa aos pobres, como, aliás, ele  faz com boa parte dos salários que recebe como presidente do Uruguai. Ele preferiu ficar com o fusca azul e nos mostra que tem coisas sem valor de venda, objetos e sentimentos inseparáveis e invendáveis, como a felicidade, a honra, o amor, a saúde, o humor e a paz.
O fusca azul de Mujica deve permanecer como símbolo de austeridade, de apego a coisas simples e a princípios inarredáveis. Se o fusca do Mujica falasse, diria que está feliz em ver que o dono não o considera apenas uma lataria, dois faróis, um motor e tudo o mais que o transporta. É isso. Mujica preferiu ficar com seu brinquedo de menino e homem e com suas lembranças e deixar o milhão de verdinhas de lado.
Sinal de loucura ou de sanidade? Você decide, atento e sensível leitor. Você decide também se o dinheiro manda em ti ou se tu é que mandas no dinheiro. É tudo contigo. Mujica já decidiu. (Jaime Cimenti)

E versos...

Nenhuma vez
era nenhuma vez
era nenhuma história
era nenhuma memória
era nenhum gato xadrez.
Era nenhuma vez   
era nenhuma Disneylândia
era nenhuma zoolândia
era nenhum chinês.
Era nenhuma vez
era nenhuma lenda
era nenhuma parlenda
era nenhum português.
Só desta vez
era nenhuma vez.
Dilan Camargo em Rimas pra cima, Artes e Ofícios
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