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agronegócios

- Publicada em 06 de Outubro de 2014 às 00:00

Chuva prejudica produção e qualidade do trigo no Rio Grande do Sul


Jornal do Comércio
As chuvas e a queda nos preços não trazem boas perspectivas para o início da colheita do trigo, que deve se intensificar até o fim de outubro no Rio Grande do Sul. A umidade alta, condição que esteve presente também na época de plantio, retornou em um momento decisivo para o desenvolvimento do grão, o que pode diminuir a qualidade e a produtividade. Ao mesmo tempo, a expectativa de uma safra nacional de 7,2 milhões de toneladas – mais de 2 milhões acima do registrado no último ano – e o volume de 4,8 milhões oriundos do Mercosul, especialmente do Uruguai, devem, naturalmente, reduzir os valores pagos ao produtor para abaixo do preço mínimo.
As chuvas e a queda nos preços não trazem boas perspectivas para o início da colheita do trigo, que deve se intensificar até o fim de outubro no Rio Grande do Sul. A umidade alta, condição que esteve presente também na época de plantio, retornou em um momento decisivo para o desenvolvimento do grão, o que pode diminuir a qualidade e a produtividade. Ao mesmo tempo, a expectativa de uma safra nacional de 7,2 milhões de toneladas – mais de 2 milhões acima do registrado no último ano – e o volume de 4,8 milhões oriundos do Mercosul, especialmente do Uruguai, devem, naturalmente, reduzir os valores pagos ao produtor para abaixo do preço mínimo.
De acordo com o último informativo conjuntural da Emater, divulgado no final da semana passada, “há grande preocupação em relação à produtividade”. A apreensão é explicada pela umidade, fator que tem potencializado a incidência de doenças consideradas de difícil controle, como giberela e  brusone, e prejudicado o tratamento com fungicidas. O real impacto sobre a qualidade, entretanto, ainda não pode ser mensurado, uma vez que 55% da área está em estágio de enchimento do grão e apenas 10% atingiu a maturação, fase mais propícia a uma avaliação segura dos seus atributos. “A expectativa é de que haja uma parada na chuva e a colheita se intensifique a partir do dia 10”, destaca o engenheiro agrônomo da Emater, Luiz Ataíde Jacobsen.
Apostando em um clima mais seco, a Emater não diminui a projeção de uma colheita na ordem de 3 milhões de toneladas no Estado. A área plantada, segundo o IBGE, apresentou um incremento de 9,3%, passando para 1,1 mil hectares. Por outro lado, a tendência é de ligeira queda na produtividade, que deve ficar em 2,8 mil quilos por hectare, e consequentemente um resultado final abaixo dos 3,1 milhões registrados na última safra. “Por enquanto, mesmo com a umidade, a expectativa não é diferente da inicial. Sobre a qualidade, a maior parte das sementes cultivadas tem potencial para produzir trigo pão, mas, por fim, vai depender da integração entre a genética e o ambiente”, completa Jacobsen.
No entanto, produtores da região Norte do Rio Grande do Sul, uma das primeiras a iniciar a colheita, projetam perda acentuada da produtividade. A propriedade de Luiz Formigheri, de Passo Fundo, por exemplo, possui 170 hectares, sendo 40 dedicados ao trigo. O grão estará pronto para colheita em 30 dias, e a expectativa é de que a lavoura tenha uma redução entre 30% e 40% do seu potencial produtivo, de até 70 sacas por hectare. “Isso se a chuva não continuar”, ressalta Formigheri. 
A qualidade também deve ficar comprometida pela umidade e o consequente aparecimento do fungo giberela. Com isso, e devido à queda nos preços pagos ao produtor e aumento dos custos de produção, Formigheri planeja diminuir cerca de 50% da área do trigo no próximo ano. “O clima atrapalhou desde a plantação até a fase crítica da floração. Aumentou o custo com fungicidas e, mesmo assim, foi difícil controlar as pragas. Teremos péssima qualidade”, lamenta o agricultor.

Preço em queda causa apreensão aos triticultores

Por ora, a principal aflição é com o preço do cereal. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo (Sinditrigo-RS), José Antoniazzi, o mercado interno gaúcho irá consumir 1,4 milhões de toneladas na produção local. Ou seja, em um cenário de crescimento da produção nacional e da oferta do Mercosul, o Estado teria ainda, se confirmadas as expectativas, 1,6 milhões de toneladas disponíveis. “A tonelada do grão está em R$ 450,00, cerca de R$ 100,00 abaixo do preço mínimo. A abundância vai representar preço mais baixo e, além disso, dificilmente moinhos brasileiros se abastecerão aqui”, afirma Antoniazzi.
Os governos estadual e federal anunciaram uma série de medidas para atenuar possíveis perdas do setor. Entre elas, o acesso a R$ 250 milhões do Banrisul para a compra do produto pela indústria por meio do Financiamento de Garantia de Preços ao Produtor (FGPP); a oferta do armazenamento de 300 mil toneladas pela Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa); a manutenção do ICMS reduzido de 8% para 2% por mais 45 dias; e a liberação de R$ 200 milhões via operações de Aquisição do Governo Federal (AGF). Além disso, um leilão do Prêmio Pago ao Produtor Rural (Pepro), para comercialização de cerca de 100 mil toneladas do trigo gaúcho, está previsto para acontecer no final de outubro.
O presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, observa uma situação mais preocupante ao lembrar que o Estado possui 350 mil toneladas represadas da safra passada. “Dificilmente ocorrerão mudanças nas condições de comercialização. Estamos vendo que o governo quer atenuar anunciando algumas medidas para o setor, mas antes precisaríamos liberar a armazenagem do ano passado para vender a próxima safra”, reclama Sperotto. Uma saída seria a exportação, notoriamente para o Norte da África, uma vez que o mercado europeu é considerado “difícil” pela Farsul, pois mesmo o trigo de menor qualidade, para alimentação animal, enfrentaria, nesse caso, a concorrência do milho.
Na semana passada, a Farsul enviou ofício ao presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Rubens Rodrigues dos Santos, e ao Secretário de Política Agrícola do Mapa, Seneri Paludo, pedindo revisão no custo de produção do trigo, uma vez que os últimos dados foram levantados em outubro de 2012. O argumento é que, nesse período, houve defasagem altamente prejudicial ao setor.No documento, é citado o uso de mais insumos e serviços visando a produzir trigo tipo 1 classe pão. Isso implica alterações no pacote tecnológico e maiores custos para implantação e condução da lavoura.
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