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AGRONEGÓCIOS

- Publicada em 26 de Setembro de 2014 às 00:00

Entrada de grãos amplia pressão sobre a pecuária


VALTER JOSÉ PÖTTER/DIVULGAÇÃO/JC
Jornal do Comércio
O que não falta é tecnologia para elevar ganhos na produção de bovinos de corte. Além disso, vai ter menos área de pastagem. Segundo a Scot Consultoria, a disponibilidade de hectares se reduzirá 12,3% até 2030 no Brasil. Com o ingresso principalmente da soja em áreas típicas de pecuária na Metade do Sul do Estado, a necessidade de obter eficiência na integração das atividades também aumentará, advertiram pesquisadores, especialistas e produtores no primeiro dia da IX Jornada Nespro (Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva), ligado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
O que não falta é tecnologia para elevar ganhos na produção de bovinos de corte. Além disso, vai ter menos área de pastagem. Segundo a Scot Consultoria, a disponibilidade de hectares se reduzirá 12,3% até 2030 no Brasil. Com o ingresso principalmente da soja em áreas típicas de pecuária na Metade do Sul do Estado, a necessidade de obter eficiência na integração das atividades também aumentará, advertiram pesquisadores, especialistas e produtores no primeiro dia da IX Jornada Nespro (Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva), ligado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
O tema de abertura do encontro, no salão de eventos da Faculdade de Agronomia, nesta quinta-feira, lançou palestrantes a dar respostas sobre o futuro da atividade. Para o diretor-presidente da empresa, Alcides de Moura Torres Júnior, a diminuição de áreas será maior nas regiões em que a agricultura invade o território antes quase exclusivo da pecuária. No Estado, municípios da Metade Sul apresentam expansão de duas a três vezes nas lavouras entre 2013 e 2014. “A agricultura deverá avançar sobre 15 milhões a 20 milhões de hectares, e isso é bastante terra”, disse o consultor.
O recente recuo de preços do grão deve gerar frustração entre novatos na cultura, que adentrou com mais força na porção sul nos últimos dois anos. “O recuo de preços no mercado mundial, associado à supersafra nos Estados Unidos, pode levar a uma freada na expansão”, admite o consultor. “Mas a alta produtividade da soja produzida no Brasil deve contornar essa perda”, pondera o consultor, citando que a cultura alcança em três anos seu auge produtivo. Mesmo assim, houve consenso entre os palestrantes de que a cultura veio para ficar. “E quem arrenda área ao longo do tempo tende a sair da pecuária”, projeta o diretor-presidente da Scot.
O presidente da Estância Guatambu, em Dom Pedrito, Valter José Pötter, considerou um enigma a ser explicado o fato de que o avanço dos grãos não ter reduzido o rebanho. Os números apontam estabilidade, em 12 milhões de cabeças, e aumento de terneiros, em 2013. Outro trunfo para produtores da chamada carne de qualidade, identificação atribuída à base britânica dos bovinos de corte, é que o mercado estão buscando o tipo de produto, e isso regula preços, que enfrentam leve recuo, mas que devem continuar no patamar mais elevado até 2016, avalia Torres.
Na relação com a lavoura, Pötter aponta a convivência entre o dono da terra e o sojicultor (gringo, chamou o pecuarista) como outro fator na fase de mudança. Muitos estão arrendando áreas a produtores com domínio da nova cultura. “Tudo que é novo traz algum estresse, e o caminho é informação, conhecimento e dinheiro no bolso”, calibra o pecuarista. O presidente da Guatambu deu mais argumento à tese da eficiência no campo ao mostrar a cota predominante de produtores com rebanho de até 500 animais no Estado. “Vai ficar quem for eficiente“, prevê Pötter, que reforçou a necessidade de cuidados na preservação ambiental e bem-estar animal além de provocar a academia (universidades e centros de pesquisa) a apontar soluções ao avanço do capim Annoni.  “Está patrolando os campos do Rio Grande do Sul.”
O chefe de pesquisa da Embrapa Pecuária Sul, com sede em Bagé, Fernando Cardoso, assinala que o desafio será a gestão das duas atividades na propriedade. “Isso implica em complementação, estudo de cenários e domínio de custos”, elenca o pesquisador. Cardoso ressalta ainda que a recuperação de áreas degradadas e de erosão será decisivo para assegurar solo para a produção. O futuro, demarca o chefe de pesquisa da Embrapa Sul, está na intensificação da bovinocultura de corte, agregando desde genética, maior produtividade nos ciclos da atividade e aplicação de manejo da alimentação.   
O coordenador do Nespro, Júlio Barcellos, reforçou que o ingresso da soja veio para ficar e que o uso eficiente das tecnologias (aquelas que aportam diferenças nos ganhos) e disponibilidade de recursos humanos impactarão os resultados. “Não se poderá aceitar margem bruta abaixo de R$ 100,00 por hectare na pecuária de cria”, previne o coordenador do Nespro. Pouco citada no primeiro dia da jornada, que se encerra nesta sexta-feira, a adoção de maior automação nas propriedades foi indicada por Barcellos como obrigatória na busca de melhores resultados. Aplicação de soluções que seguem conceito da agricultura de precisão na pecuária, segundo o coordenador do núcleo. 
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