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CONJUNTURA

- Publicada em 25 de Setembro de 2014 às 00:00

Financial Times critica saque do Fundo Soberano


Jornal do Comércio
O termo "estagflação" é usado por economistas para definir um cenário indesejado por qualquer país, a combinação entre crescimento baixo e inflação alta. Enquanto economistas divergem ao debater se o Brasil já se encontra nesta situação, o jornal britânico "Financial Times" criou uma nova expressão para caracterizar a economia do país: o estagno-aperto ou estagno-espremida, traduções livres para "stagno-squeeze", uma referência à decisão do governo de sacar R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano para fechar a meta fiscal do ano.

O termo "estagflação" é usado por economistas para definir um cenário indesejado por qualquer país, a combinação entre crescimento baixo e inflação alta. Enquanto economistas divergem ao debater se o Brasil já se encontra nesta situação, o jornal britânico "Financial Times" criou uma nova expressão para caracterizar a economia do país: o estagno-aperto ou estagno-espremida, traduções livres para "stagno-squeeze", uma referência à decisão do governo de sacar R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano para fechar a meta fiscal do ano.

O termo surgiu na página de comentários do blog Beyond Brics, dedicado à cobertura de economias emergentes, e acabou virando tema de um artigo publicado nesta quinta-feira no site. Para o leitor, identificado apenas como @ofter in a state of utter shock, o Brasil vive "um tipo de estagno-aperto", quando se "espreme o máximo possível dos poucos frutos que se tem e não há perspectivas de se colher um pouco mais".

Expandindo o comentário do internauta, o FT defende que o governo não conseguiu "extrair os frutos" da arrecadação de impostos, efeito do crescimento econômico modesto deste ano. Para compensar, acabou tendo que "espremer" o que tinha disponível: justamente o Fundo Soberano, criado em 2008 com R$ 14,2 bilhões e que, agora, terá apenas R$ 300 milhões disponíveis.

Críticas como a do jornal britânico à ação do governo foram rebatidas pela presidente Dilma Rousseff na quarta-feira. Em Nova York para a Assembleia Geral das ONU, Dilma disse que o questionamento ao saque é "estarrecedor", uma vez que o mecanismo foi criado justamente para ser usado em momentos de dificuldades. A manobra foi feita para tentar alcançar o superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida) de 1,9% do PIB, conforme prometido pelo governo. Segundo o jornal, não há nada de errado em usar o Fundo Soberano, mas fazer o uso da reserva pode abrir um "precedente perigoso".

"Atacar o fundo agora poderia abrir um perigoso precedente. Rousseff e Guido Mantega, seu ministro da Fazenda, podem culpar a economia global pela desaceleração do Brasil, mas quase todo mundo sabe que os problemas do Brasil são em maior parte causados pelo próprio país. Em vez de usar o recente boom da demanda chinesa e o dinheiro barato para aumentar o investimento, o governo encorajou os gastos dos consumidores", opina o editor do FT Jonathan Wheatley, que assina o texto.

O texto compara ainda a experiência brasileira com a da economia chilena, que gastou US$ 9,3 bilhões em 2009 para combater os efeitos da crise, segundo o relatório anual do Ministério da Fazenda do país. Segundo Wheatley, "poucas pessoas criticaram o governo chileno" na ocasião, principalmente porque a reserva do Chile havia sido construída com superávit do orçamento.

"O fundo do Chile, como a maioria dos fundos soberanos pelo mundo, é feito pelo superávit orçamental (diferença entre receita e despesa pública), algo que o Chile e outras economias baseadas em commodity como a Noruega tendem a ter em excesso nos bons momentos, já que se comportam de maneira responsável. O fundo do Brasil, diferente dos outros, foi criado a partir de uma emissão de bônus. É, de fato, mais um fundo soberano de dívida do que um fundo soberano de riqueza", argumenta o jornalista.

A publicação é pessimista em relação à meta fiscal do país. Citando dados do Itaú, diz que o Brasil deve encerrar o ano com superávit primário de 1,1% do PIB, menor que o patamar estipulado pelo governo.

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