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mercado de capitais

- Publicada em 22 de Setembro de 2014 às 00:00

Ações de gaúchas listadas na bolsa lutam para consolidar resultados


VIVI ANDREANI/BM&FBOVESPA/DIVULGAÇÃO/JC
Jornal do Comércio
Das 328 companhias listadas na BM&FBovespa, 32, ou 9,75% do total, têm suas origens no Rio Grande do Sul. Apesar de o fator geográfico ter pouca relevância para uma análise de desempenho mais profunda, a trajetória dessas empresas ao longo do ano demarca posições específicas em pelo menos 20 segmentos econômicos representados, em alguma escala, por papéis de empresas gaúchas no mercado acionário brasileiro.
Das 328 companhias listadas na BM&FBovespa, 32, ou 9,75% do total, têm suas origens no Rio Grande do Sul. Apesar de o fator geográfico ter pouca relevância para uma análise de desempenho mais profunda, a trajetória dessas empresas ao longo do ano demarca posições específicas em pelo menos 20 segmentos econômicos representados, em alguma escala, por papéis de empresas gaúchas no mercado acionário brasileiro.
Exemplos disso são encontrados nos mais variados ramos da indústria, no varejo, no sistema financeiro ou no agronegócio. No levantamento, que considera os resultados obtidos até o fechamento do pregão, em 17 de setembro, 10 ativos se destacam com as maiores variações positivas e 19 apresentam as piores quedas. Duas ações, Oderich (ODER3) e Finansinos  (FNCN3), não tiveram negociações em nove meses. A Altus (ALTS3M) ainda aguarda pelo IPO na listagem de acesso.
No ranking, a siderúrgica Panatlântica (PATI4), apesar da baixa liquidez, havia saído de R$ 15,86, em janeiro, para R$ 20,00, em 17 setembro, uma alta de 26,10%. A variação contrapõe o desempenho de outras ações do setor. A Gerdau Metalúrgica (GOUA4), por exemplo, fez o caminho inverso, partiu cotada a R$ 22,59 no início do ano e atingiu a casa de R$ 15,15, em setembro - queda superior a 32%, que coloca o ativo na quinta posição entre os piores rendimentos de ações gaúchas no período.
Na segunda colocação da lista, a Lojas Renner (LREN3), de origem gaúcha, por sua vez, acumulava alta de 23,29%. Em especial, conforme explica o sócio-diretor da Fundamenta Investimentos, Valter Bianchi Filho, a performance do ativo revela uma tendência positiva associada aos papéis vinculados ao consumo, contrariando a retração identificada em outras áreas do varejo. “A Renner confirma altas e entrega bons resultados, em razão da compra da Camicado e do avanço das operações de crédito. Isso ocorre, inclusive, à despeito do período de Copa do Mundo”, comenta. 
Para a Kepler Weber (KEPL3), o sexto melhor desempenho em nove meses, o fôlego extra do primeiro semestre, em razão da safra recorde de 2013, demonstra os primeiros sinais de esgotamento. A ação acumula alta de 20,15%, até 1 setembro. Com a saída da carteira teórica de formação do índice IBrA, o avanço no período foi reduzido a 11,41%, fruto da perda da demanda dos fundos de investimento pelos ativos da empresa.
Entre as três maiores altas gaúchas, as ações preferenciais do Banrisul demoraram um tempo até que pegassem carona no bom momento atravessado pelo sistema financeiro. Enquanto Banco do Brasil, Itaú Unibanco e Bradesco ganharam peso na composição do Ibovespa, após o início efetivo da nova metodologia de aferição de resultados do índice, a BRSR6 oscilou até o momento da publicação do balanço do segundo trimestre, em 13 agosto.
Em meio aos altos e baixos, os papéis chegaram a bater na mínima de R$ 9,86, em 4 de fevereiro, com queda de 19,44% e, naquele momento, cotados muito abaixo do valor patrimonial (R$ 12,89). No pregão de 17 de setembro, entretanto, os ativos já haviam recuperado 52,43% da precificação. Somente em agosto, puxada pelos dados dos demonstrativos contábeis, a ação passou de R$ 10,96, no dia 7,a R$ 15,91. A alta de 45,16% também indica o começo de uma trajetória mais associada ao momento favorável ao setor bancário daqui para frente.

Bovespa Mais restaura ‘namoro’ com o Rio Grande do Sul

A posição geográfica pode dizer muito pouco, ou nada, sobre o potencial de desempenho das companhias de capital aberto. Entretanto, no que se refere aos critérios de governança corporativa exigidos para a listagem em bolsa, o Rio Grande do Sul é apontado como um dos estados em que podem ser encontradas as melhores práticas de gestão e os índices mais elevados de compreensão e preparação para um eventual ingresso no mercado de capitais.
O fato foi responsável por inaugurar um namoro entre a bolsa de valores brasileira e as companhias gaúchas. Em 2008, uma pesquisa realizada em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) avaliou 75 empresas do Estado e revelou que 35, ou 47% das companhias, teriam disposição e até mesmo alta propensão à abertura de capital nos próximos cinco anos. O estudo concluiu que, entre as empresas, 38 - o equivalente a 51% do total - poderiam ser trabalhadas para um IPO em curto ou médio prazo.
Agora, com a criação do mercado de acesso, o Bovespa Mais, boa parte destas empresas continua no radar da BM&FBovespa. Em 2013, a Altus, de São Leopoldo, passou a integrar a nova opção de listagem, que permite esperar por até sete anos pelo melhor momento de realizar o lançamento das ações no mercado. Enquanto isso não ocorre, intensificam-se as relações com os futuros investidores, aprimoram-se as práticas de gestão e iniciam-se as divulgações de balanços auditados, que contam com subsídios da BM&FBovespa por três anos.
No final de agosto, um evento realizado em Porto Alegre reuniu 20 empresários que comandam faturamentos anuais acima de R$ 100 milhões. A programação foi responsável por reaproximar os pretendentes. De um lado, executivos interessados em uma forma de perpetuar os negócios. Na outra ponta, a equipe de prospecção da BM&FBovespa apresentou os avanços de um mercado que passou, inclusive, a contar com isenções de Imposto de Renda sobre os ganhos de capital de investidores pessoa física que optaram por compor suas carteiras com papéis originados no Bovespa Mais.
“Reconhecemos que o Rio Grande Sul é o estado onde existe o maior número de companhias preparadas para a listagem. As empresas já estão em um estágio diferente. Realizamos alguns trabalhos no Nordeste e no Centro-Oeste, em Goiânia, Fortaleza, e percebemos as diferenças de preparação, de governança corporativa e até mesmo de entendimento do que representa um processo de abertura de capital”, declarou, na ocasião, a superintendente de Prospecção de Empresas da Bovespa, Edna Sousa de Holanda.

Banrisul estuda eventuais IPOs no futuro

Em novo fluxo de altas, o Banrisul amplia as receitas de serviços, por meio da criação da rede de adquirência Vero, e inicia os trâmites de uma parceria com a Icatu Seguros. A ideia é reproduzir duas iniciativas bem-sucedidas, que se traduzem, atualmente, nos resultados de curto prazo obtidos por Cielo e BB Seguridades. Tratam-se de duas cartas na manga que, por uma politização dos debates sobre a figura da empresa estatal ao longo do ano passado, acabaram virando moeda de troca e foram adiadas pela Assembleia Legislativa, em novembro de 2013.
Isso porque o Estado é detentor de 57% dos ativos do banco, que possui 43% de free float (ações em flutuação no mercado). Do total, 85% estão nas mãos de investidores institucionais estrangeiros. Com nível de capital próprio considerado “folgado”, o Banrisul pode ser levado a recorrer à bolsa em médio prazo para se alinhar às novas exigências do acordo de Basileia, que devem vigorar em 2017. A exemplo de outros períodos, sempre que o banco ensaia movimentos no mercado de capitais, a intenção acaba se tornando um prato cheio para novas polêmicas e guerras de argumentos, muitas vezes, sem qualquer fundamento financeiro. 
“O que tentamos facilitaria a expansão de algumas áreas estratégicas. O fato de não ter sido aprovado não impede o desenvolvimento das estratégias. O banco constituiu uma nova empresa que é uma subsidiária integral do Banrisul - a Banrisul Cartões, que inclui a rede Vero. O que queríamos era criar outra empresa. Isso não foi aprovado, mas a atividade já existia e continua existindo e gerando receitas”, explica o diretor financeiro e de relação com investidores do Banrisul, João Gazzana.
Enquanto isso, o Banrisul é obrigado a observar de camarote as expansões de Cielo (CIEL3) e BB Seguridades (BBAS3), que experimentam escaladas cada vez mais sólidas. Juntas, as empresas já representam, atualmente, mais de 5% da composição da nova carteira do Ibovespa e surfam praticamente sozinhas em dois segmentos com alto potencial de expansão: pagamentos e seguros. 
O modelo do Banrisul é utilizado por Cielo e BB seguridades, que separaram suas áreas de adquirência e de seguros, respectivamente, do banco de origem. “Isso é importante, pois, quando essas atividades se misturam aos balanços contábeis de um banco, elas se tornam menos visíveis ao mercado e não maximizam o real potencial de valorização”, explica o executivo. Segundo ele, normalmente os múltiplos dessas áreas representam entre nove ou 10 vezes o potencial de lucro. Separadas, elas atingem de 15 a 20 vezes. “Ou seja, há uma criação de valor substancial com a simples separação das atividades, que, por não possuírem riscos de crédito, costumam ser muito bem vistas e recebidas pelo mercado”, argumenta.
Nesse contexto, a CIEL3, antiga Visa Net, lançada no mercado em 2009, apresentou alta de 108,73% apenas no primeiro semestre de negociação em Bolsa. A empresa seria uma das principais concorrentes da rede Vero em uma provável abertura de capital. “Por enquanto, o objetivo é solidificar a empresa (Vero) e fechar no mínimo mais um balanço anual para consolidar um histórico mais longo. No futuro, o modelo tem muito potencial para um eventual IPO, mas é algo que só decidiremos a partir de uma série de conveniências, entre elas, a necessidade ou não de buscar a expansão”, afirma. 
Já a BBAS3, que nada mais é do que a separação da área de seguros do Banco do Brasil (a exemplo do que sugere a parceria entre o Banrisul e a Icatu Seguros) saiu do IPO - considerado o maior do ano passado, arrecadando R$ 11,4 bilhões em abril de 2013 - para se tornar a menina dos olhos dos investidores. Em menos de 12 meses, o papel se tornou a nova Blue Chip da Bolsa brasileira, acumulando altas superiores a 60% e superando o desempenho das ações do próprio Banco do Brasil no mercado. 
A parceria com a Icatu ainda depende de aprovação do Banco Central. Com a nova seguradora em funcionamento, a meta é ampliar as receitas, que eram de R$ 17 milhões em 2010, chegaram a R$ 32 milhões em 2011, R$ 58 milhões em 2012, R$ 85 milhões em 2013, e devem ultrapassar a expectativa de R$ 130 milhões no encerramento de 2014. 
A rede Vero segue o mesmo traçado. As receitas obtidas com a empresa foram  de R$ 119 milhões em 2012, passando a R$ 204 milhões em 2013, e com perspectiva de superar os R$ 300 milhões neste ano. “De alguma maneira, isso já repercute no mercado acionário. As estratégias favorecem o foco nas atividades e confirmam um ritmo de crescimento na casa de 45% ao ano em médio prazo. No futuro, isso poderá, ou não, ser concretizado em uma colocação de ações no mercado. Antes, é preciso deixar correr, fortalecer as empresas e os números”, defende.

Marcopolo estreia em alta na composição da carteira teórica do Ibovespa

As ações da Marcopolo (POMO4) passaram a integrar, desde setembro, a nova carteira teórica do Ibovespa, válida até janeiro de 2015. É a primeira vez que a fabricante gaúcha de ônibus e carrocerias se junta à Gerdau e Lojas Renner na composição do principal índice acionário do País, com uma participação de 0,21%. Juntas, as três representantes do Estado na listagem possuem peso de 2,55% no indexador.
Mesmo assim, no acumulado do ano, até 17 de setembro, a POMO4 registra baixas de 13,34%. Entretanto, desde a mínima cotação – R$ 3,72, em 27 de maio, quando a variação era negativa em 19,62% –, puxada pelos indícios de ingresso na nova carteira teórica, a alta das ações preferenciais da Marcopolo  superam os 9%.
Em razão disso, o papel anda na contramão das demais empresas automotivas de Caxias do Sul. Fras-le (FRAS3) e Randon (RAPT4) caíram, no mesmo período, 36,20% e 16%, respectivamente. “São os mesmos setores, mas segmentos bem diferentes. As três acompanham a patinada da indústria. No entanto, elas  obedecem a algo conjuntural, que tende a ser revertido”, defende o sócio-diretor da Fundamenta Investimentos, Valter Bianchi Filho.
Nesse contexto, Marcopolo e Randon exibem múltiplos diferentes associados à rentabilidade das duas ações. O ingresso da Marcopolo na composição do Ibovespa, entretanto, garante um aumento da procura por conta dos fundos passivos. Apesar de ser um evento passageiro, a Marcopolo tende a se beneficiar de uma demanda adicional. 
“É difícil de ser mensurado. Sabe-se que é positivo. Eu diria que entre uma ação que está e outra que não está no Ibovespa, a que frequenta o índice, em igualdade de condições, tende a registrar ágio, mesmo que pequeno, sobre a que não está”, sustenta Bianchi.

Arte: Luis Felipe Corullón/JC
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