Investidores observam equipe e mercado

Mais do que um alerta, a conversa entre palestrantes e público serviu mesmo é para indicar caminhos, apontando, é claro, aqueles mais promissores. As dicas vieram de quem acompanha esse movimento cotidianamente, como o investidor Dhaval Chadha, indiano e um dos sócios fundadores da empresa de investimento de impacto Pipa, que apresentou suas próprias falhas como investidor para mostrar o que é elementar para que uma empresa obtenha sucesso. “A coisa mais importante em que errei foi deixar de entender quem está na equipe, o que cada um dos integrantes gera de resultado e quais são os fatores que mantêm cada pessoa na empresa”, admitiu.

Esse erro na composição do time ou da valorização dos integrantes se manifesta, na prática, de diversas maneiras. Chadha assegurou, por exemplo, que não investe mais em empresas que tenham um sócio que trabalha duro enquanto o outro sócio orienta. “Não vale a pena investir nesse modelo. Para ser executivo ou põe a mão na massa ou investe capital, mas aconselhamento gera, no máximo, o cargo de conselheiro, com remuneração inferior.”

A composição da equipe geral não é menos importante. Chadha destacou que já investiu em empresas que tinham bons funcionários, mas que não eram tão bem remunerados. A consequência é que a perda do profissional para o mercado de trabalho levou o negócio ao fracasso. “Se a pessoa é fundamental, tem que ser valorizada no mais alto nível possível. Se não consegue pagar adequadamente, no mínimo, tem que oferecer participação na empresa.”

Chamou muito a atenção do público que acompanhou ao debate a participação do empreendedor Gustavo Goldschmidt, que idealizou a startup Superplayer. A proposta buscava solucionar um problema que ele e os irmãos identificaram: a ausência de uma plataforma on-line para músicas, com listas criadas pelos próprios usuários. O negócio deslanchou contando com apoio de um fundo de investimento, mas o recurso demorou seis meses para se concretizar desde a solicitação do apoio.

Nesse período, Goldschmidt precisou cumprir etapas do negócio que eram propostas, a fim de mostrar que era capaz de conduzir a empresa para o caminho projetado. Embora a proposta dele seja para um setor que aparenta não ter muitos custos, como a internet, Goldschmidt destaca que foi surpreendido com o sucesso repentino do Superplayer que elevaram os custos com o servidor, que não são pouca coisa. “Eu sabia que tinha um mercado gigantesco para atingir, mas para concretizar esse sonho o investimento era indispensável.”