A Comunidade Paroquial

A Comunidade Paroquial é constituída por distintos grupos reunidos em torno de afinidades, espiritualidades, causas; é um todo orgânico, envolvendo distintos aspectos da vida, diferentes formas de exercício da caridade, característicos modos de anúncio do Evangelho de Jesus Cristo.

Cada uma dessas expressões da Comunidade Paroquial é marcada por dinâmica e cronograma peculiar. Entretanto, a celebração dominical da eucaristia é o ápice, o lugar comum da comunidade de fé.

Os distintos grupos, as diversas pastorais, enriquecem as paroquias. São “casas” e “escolas” de comunhão, lugar onde todo batizado expressa, de forma privilegiada, sua participação na vida de fé, na celebração do culto e no exercício da caridade. Não se pode negar que a Comunidade Paroquial “tem um importante papel na vivência da fé, além do que, para a maioria dos fiéis, ela é o único espaço de inserção na Igreja (cf. DGAE 2011-15, n. 99). Por isso, não podemos ficar fechados na paróquia, nas nossas comunidades, em nossa instituição paroquial...” (Papa Francisco); e poderíamos certamente acrescentar: em nossas pastorais, em nossos movimentos! Pois, “há muita gente esperando o Evangelho!”.

A Comunidade Paroquial “é âmbito para a escuta da palavra, o crescimento da vida cristã, o diálogo, o anúncio, a caridade generosa, a adoração e a celebração” (Papa Francisco, EG, n. 28). A paróquia não é uma estrutura caduca; ela com suas pastorais, com seus grupos, movimentos, comunidades e outras formas de associações. É lugar “onde os sedentos vão beber para continuar a caminhar”; vão beber da riqueza da palavra de Deus, beber dos sacramentos, beber da rica tradição da espiritualidade cristã, beber da sadia e autêntica convivência cristã. Mas para que possa levar a termo isso que é a vocação da Comunidade Paroquial, ela precisa de revisão, avaliação, renovação. Isso requer de todos os envolvidos verdadeira disposição para uma possível e, talvez, necessária e urgente, conversão. Conversão esta que implica acreditar na boa nova, acreditar em Jesus Cristo portador do reino de Deus, em sua irrupção no mundo, em sua presença vitoriosa sobre o mal; acreditar na assistência e guia do Espirito Santo; acreditar na Igreja, corpo de Cristo e prolongamento do dinamismo da encarnação” (Papa Francisco).

Num mundo marcado pelo individualismo, faz-se necessário ter presente que a dimensão comunitária é fundamental na Igreja, pois ela tem seu fundamento na própria trindade santíssima  expressão suprema de comunidade de amor. Sem “comunidade, não há como viver autenticamente a experiência cristã”.  Por isso, a partir da perspectiva da fé, a Comunidade Paroquial encontra seu fundamento e inspiração na comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ousaríamos também dizer que, sem o cultivo da vida em comunidade, sem um horizonte, objetivo, projeto de vida em comunidade, a própria existência humana corre o risco de perder sua identidade.

Toda comunidade é marcada pela distinção entre as pessoas; ninguém é igual. As diferenças caracterizam e enriquecem a comunidade. Na perspectiva da fé cristã, o amor é distinção das pessoas e unidade do mistério da trindade santíssima. Assim, a Comunidade Paroquial não pode querer se expressar numa uniformidade; ela não pode se fechar em si mesma. Pois, enquanto reflexo da vida da trindade, a Comunidade Paroquial vive no amor que permite acolhida e doação, que une as diferenças num só coração. Ela vive a comunhão na diversidade de pastorais, grupos, movimentos, associações, pessoas; ela acolhe quem se aproxima, possibilita que muitos participem, vai ao encontro dos afastados e indiferentes, pois ela mesma se empenha em viver na comunhão com a trindade.