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INDÚSTRIA

- Publicada em 31 de Julho de 2014 às 00:00

Flexibilização da jornada intensifica sinal de alerta


MAGRÃO SCALCO/RANDON/DIVULGAÇÃO/JC
Jornal do Comércio
Desde o início da semana, uma nova onda de demissões, férias coletivas e flexibilização do regime de trabalho tem intensificado a presença de um fantasma que ronda a porta da indústria brasileira há algum tempo. Com o índice de confiança industrial medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) registrando a sétima queda consecutiva em junho e atingindo o menor patamar desde 2010, aos 84,4 pontos, os reflexos de uma recessão anunciada no final de 2013 começam a afetar a estabilidade de empregos. 
Desde o início da semana, uma nova onda de demissões, férias coletivas e flexibilização do regime de trabalho tem intensificado a presença de um fantasma que ronda a porta da indústria brasileira há algum tempo. Com o índice de confiança industrial medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) registrando a sétima queda consecutiva em junho e atingindo o menor patamar desde 2010, aos 84,4 pontos, os reflexos de uma recessão anunciada no final de 2013 começam a afetar a estabilidade de empregos. 
As baixas em razão do fechamento de uma fábrica da Gerdau, em São Paulo, que resultou em 160 novos desempregados,  pelas 750 demissões programadas pela Caterpillar Brasil até setembro, na planta paulista de Piracicaba e, mais recentemente, pela suspensão do contrato temporário de 1.800 na planta da Ford de Taubaté, podem, na avalição de dirigentes sindicais, ser só o começo de uma nova fase de retração. No Rio Grande do Sul, o cenário não é diferente. O saldo de empregos no setor metalúrgico acumula retração de 5.606 vagas em 12 meses, segundo o Caged avaliado pelo Dieese em junho.
Em polos onde há maior força produtiva, como em Caxias do Sul, o desempenho registrado entre setembro do ano passado e junho de 2014 reduziu de 55,5 mil para 49,9 mil o número de empregados na indústria metalmecânica, o pior nível desde 2010, de acordo com levantamento do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs). O anúncio feito na terça-feira pela Randon, que adotará a semana de quatro dias a partir de agosto, ajuda a ampliar o sinal de alerta na região.
A empresa já havia implantado regime de férias coletivas entre 24 de junho e 14 de julho. No período, as 2,6 mil unidades em estoque excedente não foram reduzidas, o que levou a companhia a abater em 9% a sua previsão anual de faturamento fixada próxima de R$ 7 bilhões.  “Trata-se de uma crise que só é aprofundada desde outubro do ano passado e que não depende apenas do setor, e sim do governo. No ano passado, houve uma sobrevida em razão das linhas do Finame e do PSI. Desde então, as grandes fábricas perderam a confiança. Nos ônibus, há o problema da não renovação das concessões no tempo necessário. O Bndes está com caixa, mas os bancos estão com restrições de crédito para o repasse de novas linhas de financiamento”, resume o presidente do Simecs, Getulio Fonseca. 
Nas 2,8 mil indústrias associadas ao Simecs, a expectativa média de lucro para o atual exercício foi reduzida em 15,44%. Os cortes se justificam, pois empresas como a Marcopolo e a Guerra também trabalham em regimes diferenciados há pelo menos três meses. Fonseca ainda chama a atenção para 4,6 mil demissões registradas de setembro a junho. No mês passado, apenas o setor metalmecânico foi responsável por 982 novos desligamentos.

Sindicatos de trabalhadores contestam dados de recessão

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul, Luiz Carlos de Oliveira Ferreira, contesta que a recessão econômica seja capaz de justificar a adoção de regimes diferenciados de trabalho nas indústrias da região. Segundo ele, a Randon apresenta evolução de faturamentos nos últimos dois anos - com lucro líquido de R$ 3,8 bilhões, em 2012, e R$ 4,3 bilhões, em 2013. 
“Na segunda-feira, a empresa contratou 50 e agora forçam a flexibilização. Isso é irregular, pois a aprovação da medida se deu em razão de um terrorismo e ameaças de demissão”, reclama. Ferreira ainda afirma que apesar de 4 mil desligamentos, o setor contratou 5.159 – um saldo positivo de 1.159 vagas. “Isso é uma manobra corriqueira para implantar uma alta rotatividade e por consequência arrochar os salários”, complementa.
O secretário de politica sociais da CUT-RS, Luiz Henrique Pereira, também rechaça a adoção de regimes diferenciados. “A economia está em níveis ainda suportáveis.”
Na avaliação do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Valcir Ascari, que enfrentou situação semelhante com três meses de jornada reduzida na GM, os próximos dias serão marcados por novos anúncios na indústria metalomecânica.
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