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Opinião

editorial

- Publicada em 28 de Julho de 2014 às 00:00

Mais do que legados, Copa deixou aprendizados


Jornal do Comércio
Quase todo mundo leu, ouviu ou viu análises sobre a frase da moda desde junho, o chamado legado da Copa. Muitas explicações, algumas bem estruturadas, mas a maioria sem qualquer vínculo com a realidade. De fato, temos que aprender com os problemas, a afobação e a lentidão das obras públicas, uma sina no Brasil. Por causa disso, somos obrigados a ouvir, vez que outra, desaforos disparados de onde menos se espera, com ou sem razão. No caso do Índice de Desenvolvimento Humano, tabela feita pela Organização das Nações Unidas (ONU), o governo federal diz que os dados estão defasados. É bem possível, pois perdermos para alguns dos países citados é quase incompreensível, com todos os nossos problemas. E por mais respeito que se tenha com o direito de Israel à defesa própria contra os disparos do Hamas, ouvir de um servidor subalterno que o Brasil é um anão na diplomacia é muito ruim. Por isso, fica-se sabendo somente agora e de maneira lenta, gradual, porém irreversível, que a Copa do Mundo deixou um legado de infraestrutura para o Brasil muito menor do que o prometido há quatro anos. O pior é que o tal de legado custou muito mais do que o previsto.

Quase todo mundo leu, ouviu ou viu análises sobre a frase da moda desde junho, o chamado legado da Copa. Muitas explicações, algumas bem estruturadas, mas a maioria sem qualquer vínculo com a realidade. De fato, temos que aprender com os problemas, a afobação e a lentidão das obras públicas, uma sina no Brasil. Por causa disso, somos obrigados a ouvir, vez que outra, desaforos disparados de onde menos se espera, com ou sem razão. No caso do Índice de Desenvolvimento Humano, tabela feita pela Organização das Nações Unidas (ONU), o governo federal diz que os dados estão defasados. É bem possível, pois perdermos para alguns dos países citados é quase incompreensível, com todos os nossos problemas. E por mais respeito que se tenha com o direito de Israel à defesa própria contra os disparos do Hamas, ouvir de um servidor subalterno que o Brasil é um anão na diplomacia é muito ruim. Por isso, fica-se sabendo somente agora e de maneira lenta, gradual, porém irreversível, que a Copa do Mundo deixou um legado de infraestrutura para o Brasil muito menor do que o prometido há quatro anos. O pior é que o tal de legado custou muito mais do que o previsto.

É que, em 2010, o governo anunciou que o evento atrairia investimentos de R$ 23,5 bilhões em 83 projetos de mobilidade urbana, estádios, aeroportos e portos. Parte das obras ficou no caminho e só 71 projetos foram mantidos na lista. Segundo levantamento, nas 12 cidades-sede, as obras entregues para a Copa e as inacabadas somam R$ 29,2 bilhões - mesmo tendo sido substituídos em várias cidades projetos mais ambiciosos, como trens e monotrilhos, por modestos corredores de ônibus. Ou seja, o País gastou mais para fazer menos e com menor qualidade. Os 71 projetos confirmados somavam então R$ 22,9 bilhões. Esse resultado significava que os governos federal, estaduais e municipais e a iniciativa privada gastariam 3% a menos do que o previsto em 2010 para fazer 15% a menos em número de obras.

Os investimentos estavam distribuídos em 50,5% para o governo federal, 33,1% para os estados e municípios e 16,4% para o setor privado. Entretanto, o gasto total, hoje, é ainda maior, de R$ 29,2 bilhões, ou 27% a mais do que o anunciado há quatro anos. A construção dos estádios foi prioridade, seguida dos aeroportos. Mas na mobilidade urbana, o principal legado da Copa para os moradores das grandes cidades, o resultado foi sofrível. De 50 projetos, apenas 32 foram mantidos, o que quer dizer que um em cada dois foi abandonado. O País investiria R$ 7 bilhões em mobilidade urbana para receber a Copa, R$ 4,47 bilhões a menos do que o previsto em 2010. Além disso, boa parte das obras não foi entregue a tempo para o Mundial. O levantamento nas 12 cidades-sede mostra que 74 obras de mobilidade urbana foram entregues e 46 permanecem inacabadas.  

Os projetos de construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Brasília e de Manaus, por exemplo, ficaram só no papel. Já o monotrilho de Cuiabá será entregue no segundo semestre de 2015. Em São Paulo, o Expresso Aeroporto, trem que ligaria o centro da cidade a Cumbica, foi cancelado em 2012. É, a Copa sirva de lição bem aprendida. 

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