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copa 2014

- Publicada em 14 de Julho de 2014 às 00:00

Copa serve de 'evento-teste' para Olimpíada de 2016


Jornal do Comércio
A Copa do Mundo acabou, mas não a pressão sobre o Brasil. Em pouco mais de dois anos, começa a Olimpíada no Rio de Janeiro e o Comitê Olímpico Internacional (COI) quer aproveitar o evento que terminou neste domingo, no estádio do Maracanã, para evitar que os mesmos erros sejam cometidos até 2016.

A Copa do Mundo acabou, mas não a pressão sobre o Brasil. Em pouco mais de dois anos, começa a Olimpíada no Rio de Janeiro e o Comitê Olímpico Internacional (COI) quer aproveitar o evento que terminou neste domingo, no estádio do Maracanã, para evitar que os mesmos erros sejam cometidos até 2016.

A partir de setembro, o COI vai praticamente se mudar para a cidade brasileira e sabe que todos os olhos estarão voltados para o próximo evento. Entre os dirigentes olímpicos, não são poucos os que ironizam que o COI, no fundo, se beneficiou de um grande "evento-teste": a Copa. Mas os desafios são significativos: as obras estão atrasadas, nem mesmo se conhece o orçamento de metade delas, há um buraco nas contas e alguns dos projetos mais fundamentais nem sequer começaram.

Não existe ainda uma avaliação dos custos de 28 das 54 obras para a Rio-2016 e algumas promessas já foram abandonadas, entre elas a despoluição da Baía de Guanabara. Existe ainda o sério risco de que o dinheiro público acabe tendo de assumir parte do projeto olímpico por falta de parceiros privados.

A reportagem apurou que o COI saiu do Rio com uma lição da Copa do Mundo: os atrasos não poderão se repetir. Ao contrário do que fez a Fifa, a entidade olímpica optou por intervir nos Jogos de 2016 e conduzir um acompanhamento diário das obras. Outra lição é de que o governo deve estar implicado no evento desde o primeiro dia, algo que não aconteceu na Copa até 2012.

"Estamos muito felizes que as preocupações que existiam antes da Copa não se transformaram em realidade", declarou Thomas Bach, presidente do COI. "Ao mesmo tempo, precisamos nos manter vigilantes. Não há tempo a perder", alertou. O alemão deixou claro, em reunião na semana passada, em Lausanne, na Suíça, que o atraso nas obras é mesmo sua maior preocupação. "Esse é o maior problema com o qual temos de lidar", disse.

No geral, a capital fluminense funcionou bem durante a Copa do Mundo. Mas, para o prefeito da cidade, Eduardo Paes, a Olimpíada vai exigir ainda mais do que o Mundial de futebol. "São eventos muito diferentes. Em 2016, receberemos 15 mil atletas na cidade, enquanto que, na Copa, foram 700 espalhados pelo País", destacou. "Mas estamos otimistas. Já tivemos a Rio +20, a Jornada Mundial da Juventude e a Copa do Mundo e todos esses eventos nos trouxeram aprendizado".

Considerado antes da Copa um dos possíveis problemas a serem enfrentados durante o Mundial, a mobilidade urbana acabou acontecendo sem maiores sobressaltos. Para isso, dois fatores ajudaram: o deslocamento dos torcedores via metrô até o Maracanã e a decretação de feriados nos dias de jogos na cidade.

Para a Olimpíada, porém, o plano precisará ser revisto. "É impossível ter feriados em 20 dias. Com certeza, vai haver restrições em alguns bairros próximos aos locais de provas e trabalharemos também com horários (alternativos)", disse Eduardo Paes.

As linhas de metrô também não atingem todas as regiões onde serão realizadas as diversas modalidades esportivas. "As obras de mobilidade estão ficando prontas. Ainda vamos precisar planejar isso", informou o prefeito, referindo-se aos corredores do BRT e à Linha 4 do metrô, esta de alçada do Estado.

Essa linha irá ligar o bairro de Ipanema, na zona sul, à Barra da Tijuca, na zona oeste. Será um meio importante de deslocamento para os cariocas e para os turistas que vierem assistir aos Jogos, uma vez que a distância é longa e o trajeto pelas avenidas que ligam os dois pontos da cidade costuma ser bastante congestionado. Mas o ritmo de construção já preocupa as autoridades. "É uma obra que está com a flexibilidade pequena", admitiu o general Fernando Azevedo e Silva, presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO).

Uma surpresa durante a Copa foi a vinda de muitos turistas sul-americanos ao País em motorhomes e trailers. No Rio, a prefeitura conseguiu alojar boa parte deles no Sambódromo e no Terreirão do Samba, um espaço público para shows. Eduardo Paes se animou com a possibilidade de repetição dessa iniciativa para 2016. "Adoraria ver essa invasão de sul-americanos de novo, mas temos de nos preparar para ela. Não esperávamos que fosse assim na Copa", admitiu. "Acabamos reagindo bem, mesmo no improviso. Vamos ter de fazer pontos para motor homes. É algo que vamos estruturar".

A ideia também agrada o governo federal. "Nós queremos abrigar aqui, de maneira muito forte, torcedores, turistas de toda a América Latina e ofereceremos estrutura convidativa", assegurou Luis Fernandes, secretário executivo do Ministério do Esporte. "Nossa leitura é muito positiva", disse, referindo-se à presença dos motorhomes na cidade.

Uma das razões do apoio à iniciativa é a resolução, em parte, do problema da falta de leitos nos hotéis da cidade. A prefeitura já havia anunciado o desejo de alugar supernavios para a hospedagem de turistas - eles ficariam ancorados na cidade durante os Jogos. O custo estimado é de quase R$ 67 milhões por embarcação.

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