Viajar ao Peru é mergulhar na cultura milenar do antigo povo Inca, se encantar com a imponência da geografia e natureza dos Andes, deparar-se com uma diversidade de cores — que estão por toda a parte — e desfrutar de gastronomia reconhecida internacionalmente. Todo este aparato de atrativos, aliados à simpatia e humildade do povo peruano, contribui para que a procura de destinos como Lima e Cusco, incluindo uma visita às ruínas da cidade de Machu Picchu, no Vale Sagrado dos Incas, cresça a cada ano, atraindo milhões de pessoas do mundo inteiro. A visibilidade que o território peruano conquistou como destino turístico se deve a uma oferta de produtos e serviços cada vez mais qualificados e ao alcance de todos os bolsos.
“No caso dos brasileiros, a demanda por pacotes turísticos vem aumentando há cinco anos”, destaca a proprietária da agência Colibri Inner Viagens, Beatriz Lozano. Localizada em Cusco, a empresa realiza roteiros de turismo de lazer, de aventura e místico-espiritual, nos principais destinos do Peru. Em julho, o país vive sua alta temporada, que começa em maio e se estende até dezembro. Neste período, o clima é mais ameno e as festas típicas atraem a curiosidade dos visitantes. A principal celebração é o festival Inti Raymi, que ocorre durante o mês de junho, por conta do aniversário de Cusco (dia 24). “Outras festividades importantes para os cusquenhos são datas religiosas como o Corpus Christi (que neste ano caiu em junho), a Semana Santa, a Velacuy Cruz (em maio), o Carnaval (em fevereiro), e o Santurantikuy (em dezembro)”, enumera Beatriz, que também é terapeuta floral e Master Reiki.
A visão holística e a religiosidade são marcas fortes dos peruanos, que criaram elos entre sua cultura ancestral e a herança da colonização espanhola. O respeito às duas tradições é visível já no Centro Histórico de Lima (capital do Peru), onde as igrejas de culto católico-europeu e os museus de cultura, artesanato e história Inca estão entre as paradas obrigatórias. Em Cusco, a Companhia de Jesus e diversas igrejas, como a enorme Catedral (de três prédios integrados) expõem obras de arte de diversos momentos da história, com referências que vão dos Incas aos espanhóis. Na cidadela rodeada de montanhas, tudo é voltado ao turismo: ali se encontram muitos tipos de hotéis, hostels e restaurantes, uma variedade grande de lojas de roupas, cerâmicas e outros artesanatos típicos, pelo menos uma dezena de museus de todos os gêneros e a constante presença de mulheres descendentes do povo indígena quíchua (ou quéchua). São ambulantes que, ao contrário da maioria simples de pessoas da raça andina da região (formada por agricultores e pastores que vivem no Vale Sagrado dos Incas) escolheram viver na cidade e ganhar a vida posando para fotografias feitas por visitantes, ao lado de suas crianças, filhotes de alpacas ou lhamas, ou simplesmente vendendo ervas e lembrancinhas.
Outro lugar onde os quíchuas circulam é no Mercado Central de San Pedro (o mercado público de Cusco), voltado para a população local. Mesmo que não esteja na rota turística, vale uma ida ao lugar, para uma vivência antropológica. Ali se vende de tudo, desde artesanato e roupas, passando por sucos, lanches, almoços, frutas e alimentos de todos os gêneros. Já na área mais nobre - e uma das mais altas da cidade - o bairro de San Blás é um lugar para conhecer à noite, quando a vista da cidade fica toda iluminada. Na subida, suas ruas estreitas revelam inúmeras lojinhas, onde os souvenirs são mais requintados e também mais caros que os expostos no restante de Cusco ou em mercados índios, como os do Centro de Lima ou de povoados como Chincheros ou Corao. Em San Blás, os turistas encontram tudo o que precisam para voltar para casa com recordações de uma viagem que, sem dúvida, será repleta de contato com a história e o misticismo.
Contando com uma variedade muito grande de hospedagens e de preços para todos os tipos de turistas, o Peru está financeiramente mais acessível para os brasileiros. Aqueles que buscam uma viagem mais econômica podem optar pelos hostels ou por promoções durante a baixa temporada (janeiro e fevereiro), quando os pacotes chegam a custar US$ 850,00 (incluindo passagens, translados e estadia em Lima e Cusco, e o tradicional e sempre almejado passeio a Machu Picchu). Mas há hospedagens mais sofisticadas, nas quais o valor pode ser salgado, a exemplo do hotel fazenda Villa Urubamba, que tem lagos, salas de meditação e um cardápio enorme de terapias, e está situado dentro do povoado de Urubamba, próximo ao de Ollantaytambo. Esta última cidadezinha recebe milhares de turistas por ano devido às suas ruínas arqueológicas, também de assinatura Inca.
“O Peru é um dos nossos principais destinos, e vendemos relativamente bem”, diz a proprietária da Personal Operadora, Jussara Leite. A empresária afirma que os voos diários de Porto Alegre para Lima (via Taca/Avianca) impulsionaram a demanda nos últimos três anos, a ponto de incrementar as vendas em 500%. “O pacote mais procurado é, sem dúvida, o que inclui ida a Machu Picchu, com passagem por Lima e Cusco, e uma noite em Águas Calientes. Mas o Peru não se resume a isso: tem praias muito boas e excelente gastronomia.”
De acordo com Jussara, em julho, a procura dos gaúchos aumenta por conta das promoções. Dois dias em Lima, com hospedagem, city tour e translado, seguidos de dois dias em Cusco, viagem de trem até Machu Picchu (e a entrada para o atrativo) estão custando US$ 1.100,00 — incluindo as passagens aéreas. Se o período se prolongar, o roteiro se amplia, com estadia também na cidade de Arequipa e uma noite em hotel no Vale Sagrado dos Incas. Nesse caso, o valor é US$ 2.200,00 para um pacote de 10 dias.
Tais já visitou o destino andino em duas ocasiões, em 2012 e 2014