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histórias do comércio e dos serviços

- Publicada em 14 de Julho de 2014 às 00:00

Lourival é um dos mais antigos botecos da cidade


JONATHAN HECKLER/JC
Jornal do Comércio
Os tijolos à vista são os mesmos de 61 anos atrás. Na parede, estão caricaturas de personagens que marcaram a história da política brasileira - como Brizola, Maluf e Lula - e fotos antigas de Porto Alegre. Nas mesas de madeira, os pequenos copos de vidro de cerveja prometem estar entre os mais gelados da cidade. O bar Lourival tem tanta cara de boteco que costuma ser cenário de editoriais de fotografia e séries de televisão, entre elas a minissérie Doce de Mãe, em que Fernanda Montenegro interpretava a animada senhora Dona Picucha. 

Os tijolos à vista são os mesmos de 61 anos atrás. Na parede, estão caricaturas de personagens que marcaram a história da política brasileira - como Brizola, Maluf e Lula - e fotos antigas de Porto Alegre. Nas mesas de madeira, os pequenos copos de vidro de cerveja prometem estar entre os mais gelados da cidade. O bar Lourival tem tanta cara de boteco que costuma ser cenário de editoriais de fotografia e séries de televisão, entre elas a minissérie Doce de Mãe, em que Fernanda Montenegro interpretava a animada senhora Dona Picucha. 

Gerente do Lourival há 14 anos, Liliane Rodrigues conta que o botequim começou no mesmo lugar em 1953, nas mãos de um senhor chamado Cacildo, já falecido, que convocou seu irmão, Lourival, para ajudar no expediente. Lourival rimava com Rival, nome do cinema ao lado, de onde a garotada saía durante as tardes para tomar sorvete da máquina italiana no boteco. Mas foram as bebidas no balcão que fidelizaram a clientela ao longo dos anos. O bar passou de mão em mão e está no sexto proprietário, pelas contas de Leandro Rodriguez, sobrinho de Liliane e atual dono. 

Antes de assumir o Lourival, Rodriguez era cliente, e costumava frequentar o boteco com os colegas do curso de Contabilidade da Pucrs, na década de 1990. “Ainda tinha uma eletrola, na qual a gente colocava moedinhas e tocava aquelas músicas bregas para caramba. Todo mundo ia lá para dar risada”, lembra. O Lourival fazia parte dos botecos da moda, quando o prestígio da rua 24 de outubro crescia. 

As memórias do tempo de adolescente motivaram Rodriguez a aceitar a proposta de comprar o bar, em 2000. Desde lá, ele se esforça para manter o Lourival o mais parecido possível com o que sempre foi, um bar pequeno, com arquitetura antiga e alma de boteco, querido pela cidade. “A dona Dirce vinha aqui almoçar todo dia. Até que a gente estranhou que ela não vinha mais”, conta Liliane, que muitas vezes acompanha a vida dos clientes por 10, 15 anos, até a hora de eles irem embora.

Desde o tempo que os clientes tinham a conta do boteco em um caderninho e que passavam horas no balcão, o Lourival ficou conhecido pela relação pessoal que mantinha com a freguesia. “Tem um senhor que toda quarta-feira passa no supermercado e, pelas 19h, entra no bar com as sacolas e toma duas cervejas, enquanto faz palavras cruzadas”, conta o sócio de Rodriguez, Mauricio Falcetta. No entanto, está nos planos desenvolver estratégias para reconquistar o público jovem. “Minha missão é colocar gente no bar depois das 22h30min”, projeta.  

Para isso, o Lourival está se especializando no ramo de cervejas artesanais gaúchas. “Quem gosta da bebida e está em Porto Alegre em algum momento já passou por aqui”, aponta Falcetta. Neste ano, os proprietários planejam realizar um curso de harmonização especialmente para mulheres. Os donos perceberam que o público feminino experimenta, em média, três sabores diferentes, quando vêm ao Lourival, o que os levou a acreditar que há grupos de mulheres que desejam ter experiências sensoriais através da cerveja. 

Entre os pratos famosos, estão as comidas típicas de botequim, como a porção mista de pastéis e o combinado de bolinhos. Os filés também entram na lista dos mais pedidos do cardápio. No ambiente do Lourival, cabem 20 mesas e 80 pessoas sentadas. O movimento costuma crescer no inverno. De famílias com crianças de mochila nas costas, vindas direto da escola, a turistas do hotel em frente, o público do bar é bastante diversificado. “O Lourival não é um bar point, que vai ter fila na rua e depois vai desaparecer”, define.

Botequim comercializa rótulo de cerveja próprio

Na onda de investir em cervejas, o Lourival resolveu apostar na fabricação própria da pilsen Lourival, elaborada em Santa Catarina. Por enquanto, cerca de três mil garrafas por mês são comercializadas no bar, vendidas a R$ 23,90 o litro. Mas o projeto, que já tem certificado do Ministério da Agricultura, é colocar o rótulo à venda em alguns pontos de Porto Alegre e distribuir o nome Lourival pela cidade.

Em fevereiro deste ano, o bar passou por uma reforma que atualizou o ambiente, mas sem tirar sua informalidade característica. Foram adicionados espelhos, para dar a sensação de um ambiente mais amplo, e as luminárias novas remetem a antigos armazéns. A fachada passou por uma revitalização, mas o piso e o revestimento em tijolos permanecem preservados. As garrafas com diferentes rótulos de cerveja e as caricaturas do ilustrador Yguá, feitas em 1994, contribuem para manter a personalidade do boteco.

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