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242 anos de porto alegre

- Publicada em 27 de Março de 2014 às 00:00

Empreendedores da Capital estão em clima de final de campeonato


MARCOS NAGELSTEIN/JC
Jornal do Comércio
Aos 242 anos, Porto Alegre recebe sua segunda Copa do Mundo. Na primeira, em 1950, apenas dois jogos e três seleções – Iugoslávia, México e Suíça – vieram à Capital. Agora, serão mais jogos. Cinco partidas de futebol, envolvendo 10 seleções, entre 15 e 30 de junho, no entanto, não representam apenas 450 minutos de bola rolando no gramado do estádio Beira-Rio. Para os empreendedores ligados a diferentes segmentos, os dias que Porto Alegre receberá a Copa podem ser a oportunidade de fazer uma goleada de faturamento. Segundo estimativa da FEE, o torneio deve injetar R$ 503,6 milhões no PIB do Rio Grande do Sul deste ano. Ao todo, 207,9 mil turistas podem vir ao Estado por causa do evento.
Aos 242 anos, Porto Alegre recebe sua segunda Copa do Mundo. Na primeira, em 1950, apenas dois jogos e três seleções – Iugoslávia, México e Suíça – vieram à Capital. Agora, serão mais jogos. Cinco partidas de futebol, envolvendo 10 seleções, entre 15 e 30 de junho, no entanto, não representam apenas 450 minutos de bola rolando no gramado do estádio Beira-Rio. Para os empreendedores ligados a diferentes segmentos, os dias que Porto Alegre receberá a Copa podem ser a oportunidade de fazer uma goleada de faturamento. Segundo estimativa da FEE, o torneio deve injetar R$ 503,6 milhões no PIB do Rio Grande do Sul deste ano. Ao todo, 207,9 mil turistas podem vir ao Estado por causa do evento.
Antes mesmo dos gaúchos verem de perto algumas das principais estrelas do esporte mundial, como Lionel Messi, Franck Ribéry e Arjen Robben, as jogadas dos empreendedores estão sendo ensaiadas. Agora, é esperar por argentinos, nigerianos, franceses, hondurenhos, argelinos, sul-coreanos, holandeses e australianos para colocar em prática todos os treinamentos e capacitações realizados com foco no período da competição. De acordo com a Fecomércio-RS, os visitantes devem gastar R$ 360 milhões nas lojas da Capital.
De olho em parte dessa quantia, o bar e restaurante Parangolé já definiu o seu esquema tático. Situado no coração da boêmia do município, o bairro Cidade Baixa, o estabelecimento terá, além da oferta gastronômica, a música brasileira como um dos principais atrativos para atrair os estrangeiros. Tradicionalmente, o local sempre sedia apresentações ao vivo, com artistas de diversos estilos. Durante a Copa, porém, a trilha sonora vai priorizar MPB, bossa nova, samba e chorinho.  “Queremos melhorar a fachada. Nossa meta é fazer isso ainda no primeiro semestre”, afirma o proprietário Cláudio de Freitas.
Todo o investimento feito se justifica pela perspectiva de caixa reforçado. Nas semanas que a cidade receberá partidas, o Parangolé estima um aumento de público em 30%. “O turista quer conhecer os sabores do lugar e não mede muito os gastos. Se não surgisse a Copa do Mundo, claro que estaríamos fazendo melhorias. Mas não há dúvida de que a Copa nos estimula”, justifica Freitas. Para dar conta do aumento de demanda no período, o bar deve contratar, pelo menos, um atendente a mais. Em todo o município, devem ser gerados 12,4 mil postos de trabalho.
Nos últimos tempos, uma iniciativa comum no ramo da gastronomia para atender bem aos visitantes é a implantação de cardápios em mais de um idioma, principalmente inglês e espanhol. Diversos empreendimentos passaram a desenvolver menus alternativos. Alguns fazem isso há mais tempo, como o restaurante Peppo Cucina. No estabelecimento especializado na culinária italiana, a comunicação não será problema.
Por isso, os focos de melhoria estão no atendimento e na segurança alimentar. “A preparação para o evento serve para fazermos um pente-fino do que está bem e do que precisa de ajuste. Mas isso precisa ser uma ação contínua”, acredita o proprietário Pedro Hoffmann. O estabelecimento espera um incremento de 20% de público ao longo da Copa.

Preparação da rede de serviços busca encantar os turistas

Fazer com que o turista fique com gosto de “quero mais” é o principal objetivo a ser perseguido pelos comerciantes de Porto Alegre. Essa é a visão dos representantes de entidades do comércio, da hotelaria e gastronomia, alguns dos ramos mais interessados na Copa do Mundo. Por isso, a busca por qualificação nos últimos anos se acentuou e, na reta final da fase de preparação, a demanda por capacitação é crescente. O Sebrae-RS, desde 2011, preparou mais de 2 mil empresas no programa Copa 2014. Até junho, quando a competição começa, esse número deve chegar a 3 mil.
“Esse programa visando à Copa é uma indução para que o empresário qualifique seu negócio. A partir do momento que o treinamento é feito, as empresas vão conhecendo melhor o consumidor, vão sabendo como receber o turista. Depois (após o torneio) isso acaba sendo estendido aos próprios moradores de Porto Alegre”, aponta o presidente do Sebrae-RS, Vitor Augusto Koch. Entre as ações realizadas dentro do programa está, por exemplo, o apoio à tradução de cardápios de bares e restaurantes e dicas para decoração de vitrines.
O Sebrae gaúcho ainda vai produzir uma espécie de cartilha a ser distribuída aos empreendedores. “Fizemos um estudo do perfil dos torcedores dos países que vão jogar aqui. Assim, quando chegar um coreano, o empreendedor vai saber o que ele gosta”, exemplifica Koch. Nesse sentido, o dirigente enfatiza que é necessário estar atento aos diferentes tipos de turistas que virão a Porto Alegre, já que as preferencias de africanos, asiáticos, europeus, oceânicos e dos hermanos argentinos são distintas.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA), Gustavo Schifino, demonstra otimismo em relação ao torneio. “Além do dinheiro que vai circular na cidade, fica um legado em relação ao atendimento. Com a experiência da Copa do Mundo, poderemos desenvolver uma política de atendimento ao turista”, aponta Schifino. Durante os últimos anos, as capacitações ministradas pela CDL-POA priorizaram o ensino de idiomas e questões relativas ao atendimento. “Tivemos uma boa procura, com quase 70% das vagas preenchidas”, menciona.
Para facilitar a interação com os visitantes, o Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre (Sindpoa) tem estimulado que os bares e restaurantes adotem cardápios bilíngues. “A Copa é um estimulador de ações de melhoria, serve para se quebrar paradigmas”, aponta o presidente da entidade, Henry Chmelnitsky. Nesse sentido, o presidente da entidade enfatiza que será necessário dar continuidade aos investimentos realizados no período que antecede ao evento.

Produtos temáticos já movimentam mercado

Rita De Paoli espera aumento de 30% no faturamento da
Wotan com venda de produtos | MARCELO G. RIBEIRO/JC

Mesmo que avance até a final, a seleção brasileira não vai jogar em Porto Alegre durante a Copa do Mundo. Nem por isso, empresas gaúchas vão deixar de lucrar em função da amarelinha. Diversos fabricantes de brindes do Estado já se prepararam para dar conta das variadas encomendas de bandeiras, camisetas e outros tipos de souvenir. 
É o caso da porto-alegrense Wotan Brindes, que, no período pré-Copa, vê disparar as encomendas por lembranças corporativas. São camisetas, canetas, chapéus, bandeiras, chaveiros, cornetas e uma série de artigos, todos eles coloridos em verde e amarelo. “Em época de Copa do Mundo, a demanda sempre aumenta, ainda mais em uma Copa realizada no Brasil. Esperamos aumentar o faturamento em 30% nesse período”, aponta a proprietária da empresa, Rita De Paoli.
Para a Wotan, o Mundial representa um momento atípico de movimentação, pois, em geral, os pedidos são concentrados nos meses finais de ano. A ocasião, inclusive, é considerada o momento ideal para expandir o portfólio de clientes fixos. “Acreditamos que teremos cerca de 100 novos clientes fixos, todos em função da Copa do Mundo”, aponta Rita. Para dar conta da demanda dos próximos meses, a linha de produção contará com novos funcionários, que se somarão aos 10 empregados atuais. 
Segundo Rita, a Copa proporciona dois momentos de rentabilidade aos fabricantes de brindes. O primeiro é antes do torneio, quando as empresas executam suas ações de marketing ligadas à competição. O segundo está relacionado ao desempenho dentro de campo. Se o torcedor quer ver o Brasil avançar as fases e levantar a taça, com Rita não é diferente. Por isso, a empresária tem um motivo extra para apoiar fervorosamente a seleção. “O futebol é muito emocional. Conforme o Brasil avança de fase, aumentam os pedidos. Na Copa passada, o País foi eliminado cedo, e sobraram várias bandeiras”, lembra.

Legado da infraestrutura só será entregue depois da Copa

Do momento em que Porto Alegre foi anunciada como uma das sedes da Copa do Mundo, em 2009, até os dias atuais, uma frase é dita por qualquer gestor público gaúcho: “a competição deixará um legado para a cidade”. A sentença, utilizada para se referir às obras de mobilidade projetadas a partir da realização do torneio, tem sido repetida à exaustão. No entanto, quando França e Honduras entrarem em campo para fazer a primeira partida, em 15 de junho, apenas algumas das melhorias estarão concluídas.
A Porto Alegre dos ônibus rápidos (BRTs), da duplicação da avenida Tronco, das trincheiras nas principais avenidas e de outras mudanças na infraestrutura ficará para depois. Os 14 projetos, orçados em mais de R$ 800 milhões, migraram da Matriz de Responsabilidades para o PAC em 2013, garantindo os financiamentos para além do torneio. Mais cedo, outras iniciativas que chegaram a ser previstas para o Mundial, ficaram pelo caminho.
Com os prazos minguando, a atenção passou a ser concentrada em um local. “O entorno imediato do Beira-Rio virou prioridade, para que haja harmonia entre o estádio reformado e a devida mobilidade urbana. Aquilo que não ficar pronto agora, vai ser finalizado ao longo de 2014 e em 2015”, reconhece o engenheiro e coordenador técnico das obras da Copa pela Secretaria Municipal de Gestão, Rogério Baú. Nesse sentido, o dirigente ressalta que ficarão prontas, até junho, a duplicação da avenida Beira-Rio, as mudanças na avenida Padre Cacique, as ruas A, B e C, o viaduto Pinheiro Borda e a nova ponte sobre o Arroio Dilúvio (já entregue).
Quem passa hoje pela região se depara com desvios no trânsito, em função dos canteiros. Mesmo assim, Baú garante que há tempo suficiente para mudar a paisagem. Nesse sentido, a liberação da segunda parte do empréstimo junto à Caixa Econômica Federal (R$ 424 milhões), confirmada na semana passada, é um alento.
Em meio a isso, a prefeitura vai divulgar, no dia 31, o resultado da licitação para o calçamento do entorno do Beira-Rio. No primeiro certamente, nenhuma empresa manifestou interesse. Calculada em quase R$ 8 milhões, a obra se refere somente aos 52 mil metros quadrados da área pertencente à cidade. A ideia é iniciar a pavimentação no dia 8 de abril. “Alguns podem supor que não será possível terminar em tempo, mas essa obra tem uma característica diferente. Ela depende mais de equipamentos do que de mão de obra. Por isso, há tempo para executar”, menciona. A pavimentação do restante ficará a cargo do Internacional.
Enquanto isso, o palco dos jogos recebe os retoques finais. Do lado de dentro, os alpinistas ajustam detalhes na cobertura. Na semana passada, uma comitiva da Fifa fez a última vistoria no complexo. Já o impasse envolvendo a realização das estruturas temporárias se encaminha para um desfecho.
O projeto de lei criado pelo governo do Estado, que prevê isenção fiscal de R$ 25 milhões para as companhias que assumirem a responsabilidade, foi aprovado nesta semana pela Assembleia Legislativa. A alternativa surgiu após o Internacional manifestar que não arcaria com os custos, ao contrário do que solicita o Ministério Público.

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