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ENERGIA

- Publicada em 17 de Fevereiro de 2014 às 00:00

Presidente do Grupo CEEE vê motivação política em CPI


marco quintana/JC
Jornal do Comércio
A Assembleia Legislativa pretende aprofundar-se sobre o cenário do setor elétrico gaúcho, motivada pelos recentes problemas verificados no fornecimento de energia no Rio Grande do Sul, com a ocorrência de várias interrupções. A ferramenta para fazer essa análise será uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), proposta pelo deputado Lucas Redecker (PSDB). Em ano de eleição, estatais são mais “sensíveis” a procedimentos como esse. Dentro desse contexto, o presidente do Grupo CEEE, Gerson Carrion, apesar de crer que a ocasião servirá para esclarecer a história da companhia para a sociedade, aponta fatores políticos para a instalação da CPI. 

A Assembleia Legislativa pretende aprofundar-se sobre o cenário do setor elétrico gaúcho, motivada pelos recentes problemas verificados no fornecimento de energia no Rio Grande do Sul, com a ocorrência de várias interrupções. A ferramenta para fazer essa análise será uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), proposta pelo deputado Lucas Redecker (PSDB). Em ano de eleição, estatais são mais “sensíveis” a procedimentos como esse. Dentro desse contexto, o presidente do Grupo CEEE, Gerson Carrion, apesar de crer que a ocasião servirá para esclarecer a história da companhia para a sociedade, aponta fatores políticos para a instalação da CPI. 

Jornal do Comércio (JC) – Qual a sua avaliação sobre a CPI que abordará o setor elétrico gaúcho?

Gerson Carrion – O que posso dizer, na minha condição de presidente da CEEE e de técnico do setor elétrico, é que o conteúdo é extremamente político. Eu vejo essa proposta como sem fundamento, do ponto de vista de uma CPI, que requer investigações. Não vejo no objeto do regimento da Casa (Assembleia Legislativa) as razões, a não ser uma razão política dessa comissão. Acho que há outras coisas no Estado a serem investigadas. Gostaria que tivesse sido assinado o pedido de uma CPI sobre a privatização e dilapidação de um dos maiores patrimônios públicos do Estado, que foi a CEEE. Espero que a CPI tenha isonomia de tratamento, ouvindo todas as concessionárias. 

JC – Que espécie de problema estrutural?

Carrion – A empresa carrega e irá carregar por muito tempo o prejuízo de dilapidação do seu patrimônio. Pode passar 20 anos, 30 anos. Não há estrutura de companhia que suporte a forma que ficou, com a queda da receita na ordem de 54% e restando 88% do passivo com a CEEE. Essa situação está apresentada dentro do pedido de renovação da nossa concessão (da área de distribuição, que vence em 2015). 

JC – Qual a explicação para as falhas quanto ao fornecimento de energia verificadas recentemente no Estado?

Carrion – Estamos diante de condições meteorológicas que transcendem a própria história da companhia nos seus 71 anos. Estamos com temperaturas nunca antes registradas e de forma recorrente. Os nossos investimentos estão sendo realizados e estão dando resposta, porque caso contrário a situação seria gravíssima. Para ver a diferença, no dia 6 de fevereiro, em uma quinta-feira, tivemos nosso recorde de demanda com 6.902 MW, e, uma semana depois, no dia 13 (com as temperaturas mais baixas), a demanda foi de 4.893 MW.

JC – O Grupo CEEE não estava preparado para o verão?

Carrion – Gostaria de perguntar aos meteorologistas que rodam os modelos. Nós temos uma série histórica e não constava nessa análise temperaturas como essas, inclusive nos horários de madrugada, quando a curva de carga tende a diminuir. Essa situação atípica, de um calor dessa natureza, não está nos registros meteorológicos e a companhia trabalha com essas previsões. Existem temas pontuais, principalmente na zona Sul de Porto Alegre. Houve uma depreciação de ativos localizados nessa região. Equipamentos que não têm mais o mesmo rendimento, que estão sendo agora recompostos, o que já deveria ter acontecido. 

JC – O senhor teme penalizações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)?

Carrion – A Aneel vai, como procede em suas fiscalizações, avaliar a interrupção e classificá-la se é passível de penalidade ou não. Se houve alguma questão que estaria ao nosso alcance e não procedemos de acordo, com certeza seremos penalizados. A equipe da CEEE tem trabalhado constantemente. Nosso tempo médio de atendimento a emergências está dentro do regulatório, cuja meta é de quatro horas e meia.

JC – O pior desse verão já passou?

Carrion – A perspectiva é de que ainda ocorram temperaturas altas, mas não nesses níveis. Porém, os modelos meteorológicos mudam. 

JC – Há indagações se o Grupo CEEE estaria reduzindo a carga em determinadas regiões de Porto Alegre para poupar os equipamentos e energia. Isso procede?

Carrion – Não existe. De forma alguma, por parte da companhia, adotamos essa manobra. Nós temos o compromisso de honrar o contrato de concessão e é inadmissível uma empresa pública, como a CEEE, usar esse tipo de subterfúgio.

JC – O que pode ser feito para evitar, futuramente, dificuldades como a enfrentada neste ano pelo setor elétrico ou pelo menos amenizar o impacto?

Carrion – A questão está associada ao incremento de investimento e, fundamentalmente, à tecnologia. A proteção dos equipamentos, como um transformador exposto a um calor permanente, necessita tecnologia. Esse é um desafio para o setor elétrico e para a indústria, que precisa criar mecanismos que suportem temperaturas elevadas e permanentes sem explodir. É preciso aperfeiçoar.

JC – Se as condições deste verão repetirem-se, o sistema estará preparado?

Carrion – O que eu posso dizer é que estamos trabalhando de forma abnegada, com compromisso, qualidade do serviço e melhoria contínua, para mitigar os problemas, mesmo com temperaturas tão elevadas como essas. Mas, por mais que se tenha 100% de investimento, o setor elétrico sempre terá suas ocorrências, isso é da natureza da prestação do serviço de energia elétrica. Contudo, o próximo verão, com certeza, será em melhores condições que esse, mesmo que as temperaturas sejam elevadas. 

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