Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

HISTÓRIAS DO COMércio e dos serviços

- Publicada em 17 de Fevereiro de 2014 às 00:00

Palavraria oxigena cenário cultural de Porto Alegre


JONATHAN HECKLER/JC
Jornal do Comércio
Há pouco mais de dez anos, Porto Alegre conta com uma livraria com um conceito diferente: ser um espaço de convivência, não só um lugar onde se vai para comprar livros. Na Palavraria, buscou-se juntar literatura com o ambiente aconchegante dos cafés. Além disso, quem entra no local pode encontrar uma série de atividades culturais.
Há pouco mais de dez anos, Porto Alegre conta com uma livraria com um conceito diferente: ser um espaço de convivência, não só um lugar onde se vai para comprar livros. Na Palavraria, buscou-se juntar literatura com o ambiente aconchegante dos cafés. Além disso, quem entra no local pode encontrar uma série de atividades culturais.
Decididos a deixarem a vida de funcionários e tocarem o próprio negócio, os irmãos Carlos Luiz da Silva e Luiz Heron da Silva, além da esposa de Heron, Carla Osório, planejaram um lugar para se divertir e conviver com as pessoas da área cultural. Os sócios encontraram o modelo de livraria-café em viagens a cidades como Buenos Aires, Madri e Toronto. No entanto, sentiram que o conceito que haviam visto não era exatamente o que procuravam. “Na verdade não eram livrarias-cafés: eram uma livraria e uma cafeteria, geralmente independente uma da outra, de tal forma que quem frequentava a livraria não frequentava a cafeteria”, esclarece Heron.
O nome foi criado por Heron dentro de uma seleção de sugestões. A ideia era estender a originalidade do negócio também para a marca. Assim, Heron pensou: se sapataria é onde se vende sapato e ferraria é onde se vendem ferros, palavraria é o lugar onde vendem palavras. A inspiração veio de Guimarães Rosa, conhecido por brincar com a estrutura da língua portuguesa, criando palavras que não existiam, mas eram possíveis.
No dia 19 de agosto de 2003, a Palavraria abriu as portas, no bairro Bom Fim. A cerimônia oficial, com direito a festa e lançamento de livros, foi dois dias depois. Enquanto Heron era professor de português e Carla advogada, Carlos era o único que possuía experiência com livros: é formado em biblioteconomia e trabalhou como bibliotecário do Sesc, além de ter dirigido a biblioteca da Feevale. Uma de suas funções era negociar com livreiros para fazer a atualização das bibliotecas e isso garantiu a familiaridade com o mercado. Atualmente, a Palavraria conta com mais um sócio, Gustavo Gaspar Almeida.
A livraria possui uma clientela fiel, que segue sendo ampliada. No entanto, o mercado de livros não é fácil. “Livro não é um artigo de primeira necessidade em nossa cultura”, comenta Heron. Mesmo assim, o sócio deixa claro seu carinho pelo trabalho. “Assim como o corpo precisa de alimento, o espírito também. Acho que o livro, junto com a escola, é um elemento fundamental”.
A Palavraria tem uma especificidade: os best-sellers até estão lá, mas não são o centro das atenções. “Não me importo de vender Paulo Coelho, não tem problema. Meu problema é que custa caro vender esse cara, toma muito espaço, e eu não posso fazer isso com os livros de autores novos”. Além de não investir em publicidade – contando com a propaganda boca-a-boca – , a livraria não trabalha com vendas pela internet. Apesar disso, mantém um blog onde divulgam as atividades programadas, contam como foram os eventos realizados e publicam as Crônicas da Palavraria, textos de escritores convidados.

Lançar novos autores é uma preocupação

Desde o começo, a livraria procurou dar espaço para muitas atividades culturais. “A ideia, lá no início, era que fosse um minicentro cultural, um lugar em que se discutissem as coisas interessantes da cultura”, esclarece o sócio Luiz Heron da Silva.
Uma das atividades mais recorrentes é o lançamento de livros. Vendo a falta de valorização dos novos autores, que só são procurados quando já são reconhecidos, os donos da Palavraria abriram suas portas para quem quisesse lançar suas obras. O evento fica por conta do autor e a livraria cede o espaço – além de colocar o livro na vitrine e nas gôndolas, dando visibilidade para a obra. “Isso é um elemento conceitual importante para nós: oportunizar um espaço de exposição de ideias e obras”, garante Heron. Pela Palavraria, por exemplo, já passaram escritores como Daniel Galera e Antônio Xerxenesky. Além dos lançamentos, são produzidos desde saraus e leituras até exposições de fotografias, debates e palestras.
Outra atração do espaço, a cafeteria tem um cardápio variado, como tortas, trufas, empadas e empanadas, entre outros quitutes. Para beber, vinhos, uísques, licores, cervejas e, claro, uma variada lista de cafés. A ideia de ter comidas e bebidas perto de livros é um pouco arriscada, admite Heron. “Do ponto de vista do negócio, tem algumas restrições, tipo as pessoas derramarem bebidas, ou manusearem livros com as mãos engraxadas. Isso é um risco”, afirma. “Nós ousamos, conscientes disso”.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO